quinta-feira, 28 de junho de 2018

ALUCINAÇÕES DO PASSADO (1990)

Lobotomia

ALUCINAÇÕES DO PASSADO (Jacob´s Ladder / 1990) - Fechei um ciclo importante na minha vida ao assistir Alucinações do Passado. Explico. Tinha uns 9 pra 10 anos quando peguei por acaso esse filme na TV numa daquelas sessões de madrugada. Lembro claramente como aquela sequência no metrô, no início do longa, me abalou. Ao mesmo tempo me intrigou.

A sequência no metrô - uma das tantas icônicas do filme

Reação igual comecei a ter no meio dos anos 2000 quando joguei pela primeira vez Silent Hill - só tive coragem de jogar o primeiro deste que é considerado um dos mais assustadores jogos já feitos. Tanto que ele não para de ganhar versões. Silent Hill foi fortemente influenciado por Alucinações do Passado, principalmente na trama psicologicamente pesada.

Silent Hill...

... e Alucinações do Passado. Toda semelhança não é mera coincidência.

O filme começa com um take de soldados na guerra do Vietnã em 1971. Eles estão extenuados, esgotados, com a expressão vazia, olhando pro nada. Aos poucos, na iminência do que parece ser um ataque inimigo, alguns começam a ter convulsões, vomitam sangue e se debatem sem explicação. Jacob (Tim Robbins) é apunhalado na barriga e acorda dentro de um trem anos depois, já cabeludo e mais velho.

Soldados no Vietnã

Na sequência Jacob puxa papo com uma senhora no trem vazio e ela apenas olha pra ele sem piscar e sem responder. Depois ele vê um rabo asqueroso no corpo de um mendigo que tenta dormir dentro do trem. Na estação não há saída, as portas estão trancadas com cadeado e as saídas gradeadas até o teto. Ele decide ir pelos trilhos. Por pouco não é atropelado, dentro do trem que passa ele apenas repara nas pessoas com expressão estranha olhando para ele e no final o maquinista, com os olhos cobertos pelo que parecem ser moedas, faz um aceno estranho. Bizarro.

O maquinista de longe

Jacob, que por muito pouco não foi interpretado por Tom Hanks, tem essas visões o tempo todo, com pessoas de rostos deformados, figuras demoníacas e uma série de outros efeitos. Todos práticos, feitos ali na frente da câmera - afinal falamos aqui de 1990. Como o "head shake", que é gravado com um alteração de frames na hora da captação e dá um efeito assustador.

"head shake"

Aos poucos ele encontra outros veteranos do Vietnã com o mesmo problema e juntando as peças do quebra cabeça ele deduz que tudo não passa de efeito pós traumático da guerra. Mas não é só isso, não mesmo!


A perseguição na viela

SPOILERS

Na verdade a última cena, que mostra Jacob caído após ser esfaqueado no Vietnã, entrega o jogo. Ele esteve morto durante todo o filme. O resto é a batalha de Deus e o Diabo pela alma de um homem que vive no purgatório. Ele é envolto o tempo todo por figuras demoníacas - como a namorada, a cigana que lê sua mão - e ao mesmo tempo por figuras angelicais - como seu médico (Danny Aiello), e seu filho Gabe (Macaulay Culkin).

O filho interpretado por Macaulay Culkin

Como fundo uma droga chamada BZ usada nos soldados durante o Vietnã para estimular o seus instintos mais selvagens, quase primários. O resultado? Um banho de sangue e matança dos soldados americanos atacando os próprios soldados americanos. Foi o que causou a morte de muitos, inclusive do próprio Jacob, como confirmado na última cena do filme.

FIM DOS SPOILERS    
 
Confesso que ao final do Alucinações do Passado fiquei bem confuso, principalmente depois da cena final. Mas foi aí que eu entendi na verdade para que aquela cena final serve. Ela dá um sentido surpreendente para toda história. E é nesse ponto que Alucinações do Passado se torna tão importante a ponto de marcar época e influenciar gerações de cineastas e outras obras.

O cirurgião cego

A religião (como a Escada de Jacob que liga o céu à Terra) e as artes (como as pinturas de Francis Bacon onde o verdadeiro terror estava na figura humana desfigurada) são grandes influências para Alucinações do Passado.



Pinturas de Francis Bacon, que inspiraram algumas figuras assustadoras do filme

Um filme fascinante e inquietante que teve um significado pra mim quando assisti ainda pequeno - mesmo que só uma parte dele - e que agora quando adulto vejo com outros olhos. E a partir dele levanto outros dilemas, questões e perguntas sobre a existência. Certamente um filme que deixa perguntas e não um filme que entrega respostas.

Referências bíblicas

Veja abaixo o trailer de Alucinações do Passado.

domingo, 24 de junho de 2018

ARTISTA DO DESASTRE (2017)

Franco e Wiseau, na mesma cena

ARTISTA DO DESASTRE (The Disaster Artist / 2017) - Ed Wood sempre frequenta a lista dos piores diretores da história. E Plano Nove do Espaço Sideral, de 1959, a sua obra-prima... no caso ao contrário. O filme sofre com atuações caricatas, um roteiro simplista e aeronaves de papelão com cordinha aparecendo. É um dos piores filmes já feitos e ganhou status de cult. Mas tem lá seu charme e no fundo, nem acho tão ruim assim.

Plano 9 do Espaço Sideral 

Mais de quarenta anos depois The Room foi lançado. Esse sim ruim até o osso. Já que Tommy Wiseau tinha dinheiro para fazer algo melhor. Só não tinha talento e mesmo assim escreveu, produziu, dirigiu e estrelou The Room. E é justamente a história dos bastidores deste filme que O Artista do Desastre retrata.

Franco dirigindo

James Franco está excelente como Wiseau, um cara desligado do mundo, desconectado de qualquer padrão de fala ou postura, tem sempre o olhar perdido como se estivesse bêbado e com trejeitos exageradamente lentos, além é claro de uma risada irritante, porém marcante.

Wiseau e Franco

Ao lado do seu único amigo Greg (interpretado por Dave Franco, irmão mais novo de James), eles s mudam para Los Angeles com o sonho de entrar para o mundo do cinema. O problema é que depois de tantas negativas em testes e de agentes, a dupla decide por conta própria, fazer um filme independente negando o grandes estúdios.

Greg (Dave Franco), o melhor amigo

Artista do Desastre acompanha as gravações caóticas de The Room. O exagero aqui faz parte do espetáculo - segundo o filme, Wiseau por várias vezes chegou atrasado no set, brigou com toda a equipe, não conseguia decorar falas simples, era motivo de piada e mandou todo mundo embora na reta final, contratando uma equipe novata para fazer apenas a última cena. E tudo isso gastando dinheiro próprio, algo em torno de 6 milhões de dólares, que nunca ninguém soube a origem.

A equipe desanimada no set

O filme termina com a exibição de The Room e o constrangimento de Wiseau por seu drama ter arrancados risos estéricos da plateia. Isso no começo. Depois ele percebeu que o filme, por pior que fosse, funciona na medida em que causou alguma emoção em quem assistia.

Não era bem essa a reação que ele esperava?

Até hoje, The Room é exibido com relativo sucesso em sessões da meia noite e por isso recebeu o status de filme cult. Artista do Desastre é uma ótima comédia, algo que nos incomoda por fazer rir de um personagem tão excêntrico e com um produto final tão pífio e que, o pior de tudo, ainda arrecada quantias razoáveis de dinheiro. A direção de James Franco é segura e entrega um filme elogiada por crítica e público, além de ser indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado.
Veja abaixo o trailer de Artista do Desastre.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

DIGAM O QUE QUISEREM (1989)

Clássico

DIGAM O QUE QUISEREM (Say Anything... / 1989) - Nenhuma cena dos filmes adolescentes dos anos oitenta é tão icônica quanto essa aí em cima. É a primeira que vem à cabeça quando se fala em Digam o que Quiserem, o longa de lançamento do diretor Cameron Crowe e um dos primeiros de John Cusack como protagonista.

Cusack e Crowe no set de Digam o que Quiserem

Lloyd (Cusack) acaba de se formar e consegue o telefone de uma amiga de classe por quem é apaixonado. Ele liga e juntos vão à uma festa, se apaixonam e começam a namorar. Até aí tudo normal, parecido com outras centenas de filmes. Mas só parece. Lloyd gosta de praticar kickboxing ("é o esporte do futuro"), mas não é o estereótipo do atleta. É um cara comum, que mora com a imã e o sobrinho pequeno. Suas melhores amigas são duas meninas com quem divide suas angústias e vontades.

A coragem de simplesmente... ligar para ela

A namorada, Diane, é a mais bonita do colégio, inteligente, mas em nenhum momento ela é pintada como a garota popular, não é esnobe. Tem um pai protetor e amigo, figura que ela escolhe para dividir as suas histórias e seu dia a dia. Tanto ela quanto Lloyd são personagens mais reais, que qualquer um de nós poderia ter encontrado na época do colégio.

A mais bonita do colégio

E é justamente por isso que afirmo sem receio que essa história foge dos estereótipos dos filmes adolescentes da década de 80. A história de amor do casal encontra uma barreira justamente quando Diane descobre que o pai é um impostor que enriqueceu surrupiando dinheiro dos velhinhos do asilo onde trabalha. Chocada pela descoberta e sem tempo para dedicar ao namorado, Diane termina a relação e deixa Lloyd devastado.

Na chuva o pé na bunda

Aí chegamos na famosa cena. A música aqui, "In Your Eyes" de Peter Gabriel, tocada em alto e bom som pelo boombox de Lloyd, enquanto Diane no seu quarto, ouve, entende o recado, mas não se levanta da cama. A música do casal passa o recado exato já que ele sempre falou pras amigas o quanto havia se apaixonado pelo olhar da menina. Olha a cena famosa aí:



E abaixo a cena descrita no roteiro original.


O casal acaba reatando pouco depois, no momento em que Diane mais precisava. Seu pai passa a ser perseguido por oficiais da justiça pelas fraudes que cometeu e acaba preso. Lloyd e Diane ainda o visitam na prisão. Na cena seguinte o casal está dentro de um avião, seguindo para Londres. Diane ganhou uma bolsa para estudar lá.

Na cena final, no avião

Digam o que Quiserem não tem um ritmo comum, ele é mais lento, sem adolescentes chapados, drogados ou músicas chicletes tocando no fundo a todo momento. Outro estereótipo na qual o filme de Crowe não embarca.

Fugindo dos estereótipos

Um filme incomum, que não se encaixa em parâmetros dos filmes de adolescente dos anos 80. É mais do que isso. "Um filme de amor para pessoas que não falam `eu amo você`", é a definição do próprio Crowe para Digam o que Quiserem. Talvez a mais acertada.
Veja abaixo o trailer de Digam o que Quiserem.


domingo, 10 de junho de 2018

A NOITE AMERICANA (1973)

Metalinguagem pura

A NOITE AMERICANA (La Nuit Americaine / 1973) - Alguns nomes são tão marcantes e ganham tanta projeção e respeito de crítica e público que se tornam quase que sinônimo de cinema. Truffaut é um desses. Ao lado de Godard e outros jovens cineastas, Truffaut redefiniu o cinema francês com a criação da nouvelle vague na década de 60 e influenciou muita gente mundo afora. Glauber Rocha entre elas.

Truffaut (direita) indica como quer a cena 

Mas depois do sucesso de Acossado - que ele produziu e escreveu ao lado de Godard - Truffaut ficou por baixo na carreira. Os filmes que lançou depois de Farenheit 451 - precisamente no período entre  1966 e 1972 - não fizeram muito sucesso e deixaram o diretor de fora dos grandes circuitos do cinema europeu e mundial. Ele precisava de uma nova história, diferente, original.

"Ação!"

E tudo isso A Noite Americana é. O longa é metalinguagem pura, um filme dentre de outro filme. Truffaut atua como Ferrand, um cineasta que dirige a equipe e os atores do filme fake "Je Vous Présente Pamela".

A equipe faz, literalmente, parte da cena

Julie (Jaqueline Bisset) é a atriz principal e chega ao set ao lado do marido médico. E enquanto o filme está sendo rodado tudo acontece - tem a atriz que não decora as suas falas, tem outro se perde de paixão por outra companheira e se nega a atuar, tem a pressão dos executivos que querem um filme mais barato, tem o ator que morre durante as gravações, tem a pressão de escrever o roteiro na noite anterior à gravação e tantas outras coisas.

Toda beleza de Jacqueline Bisset

O mais interessante de A Noite Americana é que cada cena parece uma verdadeira aula de cinema. De verdade. Truffaut fez de cada sequência uma amostra do passo a passo de como se fazer um filme. Tem de tudo lá - chuva e neve falsos, a iluminação vazando de propósito, a contagem de giros no filme, a câmera e as engrenagens rodando, o diretor dando instruções para equipe e atores ou cantando as falas durante as gravações, os figurinistas correndo atrás de roupas, a maquiagem que sempre precisa de retoque e um gato que não bebe o leite como prevê o roteiro pedindo várias takes extras. Parece um grande be-a-bá para cineastas estreantes.

Passo a passo de como fazer um filme

E mais. Truffaut usou a própria equipe de retaguarda de A Noite Americana para atuar como a equipe do filme fake. E de quebra dá para acompanhar um pouco do método de trabalho do próprio Truffaut, que segundo Bisset e outros atores que trabalharam com o diretor francês, era dos mais entregues ao projeto. Sempre calmo, conversando e não gritando mesmo enfrentando problemas, delicado no trato com as pessoas e sempre muito seguro do todo.

Os atores são os próprios membros da equipe de Truffaut 

A Noite Americana é um belo filme agraciado com o Oscar de filme estrangeiro e que colocou de novo o nome de Truffaut em lugar de destaque. O cineasta francês, principalmente aqui, deu uma verdadeira aula de cinema. Com A Noite Americana poucas vezes isso ficou tão claro. E é sempre bom aprender com um mestre.    
Veja abaixo o trailer de A Noite Americana.


  

sexta-feira, 8 de junho de 2018

A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA (1998)

O sorriso debochado

A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA (American History X / 1998) - Um filme que te faz sentir mal só por assisti-lo. Ele tira você do conforto e te joga num turbilhão de ideias que por mais que você saiba que são reais você prefere ignorar ou combater nas pequenas ações do dia a dia. Certamente o melhor filme da carreira de Edward Norton - na minha opinião, junto com A Última Noite -, onde ele chegou até a concorrer ao Oscar pela atuação.

Uma atuação impressionante

A Outra História Americana é na verdade dois filmes que correm em paralelo - em preto e branco mostra o passado e em cores o presente. E eles vão se intercalando. Derek Vinyard (Norton) é um extremista neo-nazista - com tatuagens espalhadas pelo corpo, inclusive uma da suástica no peito - que mantém no seu quarto pôsteres, quadros e frases do partido nazista alemão.

Quarto decorado

Seu jovem irmão Danny (Edward Furlong, o eterno John Connor de O Exterminador do Futuro 2), o idolatra e, sem perceber, segue seus passos. Mas ele tem problemas na escola, principalmente depois de ter entregue na aula de história uma redação sobre "Mein Kampf", o livro de Hitler sobre o ideal do pensamento ariano.

Seguindo os passos do irmão mais velho

Derek passa 3 anos preso, após matar 2 negros que tentaram levar seu carro. Um a tiros e outro brutalmente pisoteado contra a guia da calçada, a icônica e mais forte cena do filme. Após os assassinatos e já cercado pela polícia, Derek se vira para o irmão - que assistiu a tudo - e sorri, orgulhoso pelo crime que acabara de cometer.

A mais forte cena do filme

Pouco depois alguns detalhes da vida pregressa de Derek são revelados, como o papel de líder que ele assume na comunidade neo-nazista da região. O que resulta numa cena de quebra-quebra num mercado comandado por um imigrante ilegal. Derek também revela todo o seu ódio em outra cena fortíssima num jantar em casa quando a mãe recebe o namorado judeu. Prato cheio para Derek bater com orgulho no peito, mostra a suástica e dizer "Aqui você não é bem vindo!"

Violência verbal no jantar em família

Mesmo com a saída da prisão e o reencontro com a família, Derek sai da prisão mudado e tenta a todo custo provar que não tem os mesmos pensamentos de antes. Tarefa difícil e claro, com final trágico.

Derek Vinyard passa um tempo na cadeia

A Outra História Americana assusta, incomoda, irrita e perturba. Tony Kaye que o diga. O filme foi a estreia do diretor no cinema, mas se ele soubesse que teria tantos problemas talvez não tivesse aceito o trabalho. Kaye e Norton se desentenderam durante as filmagens e a edição foi feita praticamente toda pelo ator.

O astro e o diretor - inúmeros problemas durante as filmagens

Impossível saber o que o filme seria se Kaye tivesse acompanhado o trabalho no final. Méritos para Norton que acumulou a edição e montagem do filme, além de ter feito o melhor trabalho como ator da carreira.
Veja abaixo o trailer de A Outra História Americana.

terça-feira, 5 de junho de 2018

THE OUTSIDERS: VIDAS SEM RUMO (1983)

Brat Pack

THE OUTSIDERS: VIDAS SEM RUMO (The Outsiders / 1983) -  Uma carta com um estranho pedido - "você poderia transformar este livro num filme". Foi o que Coppola recebeu de um bibliotecário. Boa ideia! E foi o que ele fez. Dirigiu o longa inspirado no clássico livro The Outsiders - Vidas Sem Rumo de 1967 e fez um filme que também se tornou igualmente clássico.

Ponyboy e Johnny

Clássico não apenas pela história, mas pela reunião de jovens atores que alcançariam certo êxito nas suas carreiras - Patrick Swayze, C. Thomas Howell, Rob Lowe, Matt Dillon, Ralph Macchio, Emilio Estevez, Diane Lane e Tom Cruise. Boa parte deles, mas não todos, ficaram conhecidos como "Brat Pack", nome dado a vários atores jovens que apareceram em alguns filmes no começo da década de 80. O título é uma homenagem ao "Rat Pack" grupo de artistas famosos e populares na década de 50 e 60 que apareciam juntos em alguns filmes, entre eles Frank Sinatra, Dean Martin e Sammy Davis Jr.

Rat Pack - Dean Martin, Sammy Davis Jr e Frank Sinatra

A turma toda - Cruise, Lowe, Howell, Macchio, Dillon, Estevez e Swayze

The Outsiders - Vidas Sem Rumo se passa no começo da década de 60 e retrata os Greasers - gangue de jovens que vestem jeans e camisetas surradas e usam cabelo com gomalina. São pobres, moram no lado norte da cidade e geralmente tem famílias quebradas, desfeitas. São carentes de quase tudo - alguns de inteligência, outros de bons modos.

Coppola comandando os garotos

Os rivais são os Socs - palavra que deriva de "sociáveis" -, grupo formado por jovens do lado sul da cidade, todos bem de vida, com carros do ano e roupas sempre limpas e bem ajustadas. As brigas entre os Socs e os Greasers são constantes, resultando até em mortes. É o que acontece numa emboscada dos Socs contra os integrantes mais jovens dos Greasers, Ponyboy e Johnny. Este último acaba levantando um canivete e mata um dos rivais.

Johnny e o corpo ao fundo

Seguindo o conselho de Dallas, o mais durão da turma, a dupla se esconde alguns dias numa igreja afastada. Ao mesmo tempo em que uma outra briga, uma espécie de revanche é marcada. Mas tudo cai por terra quando os Greasers salvam umas crianças de um incêndio e se tornam heróis locais.

Salvando as crianças do incêndio

A briga acontece mesmo assim. Sem morte, mas com vitória dos Greasers. Mas que vitória? Eles continuarão sendo os pobretões e mal vistos da cidade, com pouca oportunidade e nenhum dinheiro.

Greasers x Socs

Vidas Sem Rumo acerta em muitos momentos, principalmente no fato de ter lançado uma gama de atores que se tornariam renomados num futuro não muito distante. Bons atores dão peso aos personagens e por sequência à trama. Veja abaixo um trecho dos testes.



Coppola, o mestre por trás do filme, ficou satisfeito com o resultado final, mas já reconheceu em entrevistas que por vezes acha que cortou demais do filme. Tudo porque deu ouvidos a um dos produtores do estúdio. Ele cortou e se arrependeu depois. Mas graças ao pedido da sua neta (!), Coppola lançou uma versão estendida com bons minutos extras que ajudam a desenvolver melhor os personagens. Que vovô é esse, hein! No mais uma adaptação muito fiel de um livro marcante.
Veja abaixo o trailer de The Outsiders - Vidas Sem Rumo.