sexta-feira, 29 de maio de 2015

FUGA DE NOVA YORK (1981)

Snake Plissken

FUGA DE NOVA YORK (Escape From New York / 1981) - É impossível falar de cinema de terror e filmes dos anos 70 e 80 e não chegar à John Carpenter. É da mente doentia desse senhor nascido em 1948, que surgiram personagens como Mike Myers da série Halloween, Jack Burton e Lopan de Os Aventureiros do Bairro Proibido, entre tantos outros. Carpenter também está por trás das competentes adaptações A Bruma Assassina e Christine - O Carro Assassino, ambos livros de Stephen King.

Carpenter em ação

Snake Plissken é outro da gama de personagens-ícones de Carpenter. Em Fuga de Nova York, Plissken, vivido por Kurt Russell, é a única esperança de um mundo tomado pela violência. O ano é 1988 e a ilha de Manhattan foi transformada em uma prisão de segurança máxima, cercada por muros com 15 metros de altura. Lá dentro estão os prisioneiros mais temidos do país, quem tenta fugir é abatido. A cidade não tem iluminação, está completamente abandonada, a comida é lançada por helicóptero. Cada um sobrevive da sua própria sorte.

Uma Manhattan de ruas molhadas e escuras 

Quando o avião presidencial é sequestrado e jogado entre os muros da prisão só há um homem capaz de resgatá-lo e este home é Snake Plissken. Snake é um criminoso condenado a passar o resto dos seus dias entre os muros de Manhattan, mas acaba recebendo uma proposta - terá todos os seus crimes perdoados se aceitar entrar na prisão para resgatar o presidente. Snake aceita e é lançado em um planador lá pra dentro.

Resgatar o presidente, a única salvação para Snake

Assim que chega, armado e com um intercomunicador, ele descobre que o presidente foi escondido por uma gangue comandada por Duque, vivido por Isaac Hayes. Mas até encontrá-lo Snake passa por outras figuras obscuras de uma Manhattan abandonada, como Cabbie (Ernest Borgnine) um motorista de taxi que acaba se transformando em seu transporte pela cidade, e o casal Brain e Maggie, que o ajudam na busca.

A improvável gangue que acompanha Snake

A trilha sonora é marcante. John Carpenter sempre usa a trilha como se fosse mais uma personagem da trama e fez escola. Sintetizadores e sons imagéticos só nos ajudam a seguir pelas escuras e frias ruas ao lado de Snake. O charme de Fuga de Nova York tem na trilha uma de suas grandes forças.

Preparado para as figuras da noite

Fuga de Nova York é sim um filme datado em quase tudo - no figurino, nos objetos de cena, na trilha sonora - entrega sem medo que é da década de 80, do início dela. E isso não é ruim, lhe dá mais força, contribui para o status de cult que alcançou anos depois. Até o slogan é cult - "Ele tem que entrar onde nenhum homem jamais saiu."

O Duque é o chefão do crime

Veja abaixo o trailer de Fuga de Nova York.

  

domingo, 24 de maio de 2015

APENAS O FIM (2008)

Fica ou vai?

APENAS O FIM (2008) - Pura nostalgia. É assim que eu vejo o primeiro longa dirigido por Matheus Souza, na época com 20 anos. A enxuta história se passa dentro da PUC do Rio de Janeiro. Lá, a namorada diz ao namorado que está cansada de tudo e vai embora, não diz pra onde. Só informa que vai partir em 1 hora e é esse o tempo que eles tem juntos antes da partida. Nesse período, pouco maior que a duração total do filme que é de 1 hora e 20 minutos, o namorado tenta convencer a namorada a ficar, enquanto ela reluta e se mostra firme na decisão.

Ótimos diálogos e um casal afinado

É isso. Nem mais nem menos. E nem precisa. Diálogos precisos e improvisações acertadas do casal protagonista, juntamente com a criatividade de Matheus, que bola planos, trucagens, travelings, e flashbacks que mantém a trama atraente do começo ao final. Tarefa difícil, mas realizada com sucesso por Matheus e equipe.

Flashbacks sempre em PB

A namorada é vivida por Érika Mader (seu personagem não tem nome), uma garota ambiciosa, que quer algo mais da vida, de tudo. Ela claramente, ama seu namorado, esse não é o problema. Isso fica claro no ciúme que ela sente quando o namorado é abordado por outras mulheres.

Desconforto
Gregório Duvivier é o namorado, ainda longe da fama do Porta dos Fundos, mas já mostrando uma facilidade enorme com as palavras e as improvisações.

O flagra durante as gravações

Os flashbacks, curtos e precisos, funcionam como respiro pros diálogos, além de nos fazer conhecer melhor o passado feliz do casal. Cheio de referências que vão desde Vovó Mafalda até He-Man, passando por Star Wars e Godard. Um filme delicioso de assistir, que emociona, de verdade (E digo isso de uma forma muito particular, porque me faz lembrar dos anos de faculdade e da minha namorada, que comecei a namorar na faculdade também. Mas é bom registrar - levamos melhor sorte que o casal do filme, estamos juntos até hoje).
Veja abaixo o trailer de Apenas o Fim.

   

terça-feira, 12 de maio de 2015

HISTÓRIA REAL (1999)

Uma jornada real e inacreditável

HISTÓRIA REAL (The Straight Story / 1999) - David Lynch é um cineasta dos mais imprevisíveis. Capaz de dirigir obras como Estrada Perdida e Cidade dos Sonhos, que beiram o surrealismo e desafiam a compreensão, suspenses como Veludo Azul e até mesmo melodramas como O Homem Elefante e História Real. Além dos mais diversos tipos de curtas metragens, quase todos já postados no youtube. A cada filme, um novo David Lynch, nunca se sabe o que esperar dele. É o que mais me atrai no exótico cineasta.

Lynch em ação

Em 1996 caiu em suas mãos a história de Alvin Straight, um velhinho de 73 anos que percorreu a distância de quase 390 quilômetros dirigindo um cortador de gramas, a uma velocidade de 8 km/h, somente para reencontrar o irmão de 80 anos que enfrentava um problema de saúde. Eles não se falavam há 10 anos.

Todos tentam impedir Alvim de seguir com o plano

História Real conta com Richard Farnsworth no papel de Alvin. Sua atuação é tocante, ele é perfeito no papel do idoso orgulhoso que gosta de fazer as coisas do seu jeito. Seu olhar diz tudo nos momentos de maior silêncio do filme. Farnsworth recebeu uma indicação ao Oscar e outra ao Globo de Ouro.

O silêncio de uma atuação marcante

Alvin vive com a filha Rose, vivida por Sissy Spacek, que sofre de problemas mentais. Ela é feliz, porém amargurada. O governo americano lhe tirou os quatro filhos por considerá-la incapaz de criá-los. Rose por vezes se pega olhando pela janela imaginando como estariam os filhos. Apesar disso, ela se dá muito bem nos afazeres domésticos.

A filha amargurada

Alvin não é impedido pela filha quando começa a lenta viagem. Os outros velhinhos da cidade tentam inutilmente convencê-lo a desistir da ideia, sem sucesso. Ao longo do trajeto, ele encontra uma jovem grávida fugindo da família, uma moça histérica que acabara de atropelar um veado no asfalto e um casal simpático que o ajuda quando o seu veículo de transporte quebra e o deixa na mão.

Relembrando tempos de guerra
Lynch leva o filme na velocidade do cortador de gramas, lento, o que abre espaço para belas imagens dos campos de milho da região e uma trilha sonora das mais tocantes. À época do lançamento, Lynch brincou afirmando que História Real era, sem sombra de dúvida, "o road movie mais lento da história". Mas seria inapropriado fazê-lo de outra forma, a lentidão combina muito bem com todos os demais elementos da trama.

A bela fotografia

O filme, que concorreu a Palma de Ouro em Cannes, é sobre a jornada de Alvin e não se ele encontra o irmão ou mesmo o que eles fazem após o encontro. Isso eu deixo em aberto. Não espere nada mais além disso. Não nos interessa o que acontece depois. Já não é suficientemente inacreditável uma jornada como essa? Coisas da vida real, que nenhum roteirista de cinema seria capaz de escrever.

O Alvin Straight real

Veja abaixo o trailer de História Real.