O PAGAMENTO FINAL (Carlito´s Way / 1993) - Brian De Palma não iria dirigir este filme. Chegou a recusar algumas vezes. Muito por conta das similaridades com um clássico do próprio De Palma de dez anos antes - Scarface. Histórias parecidas, sim. Mas não iguais. Sua amizade com Al Pacino foi decisiva e dizem que o astro influenciou na decisão do diretor.
sexta-feira, 17 de maio de 2024
O PAGAMENTO FINAL (1993)
O PAGAMENTO FINAL (Carlito´s Way / 1993) - Brian De Palma não iria dirigir este filme. Chegou a recusar algumas vezes. Muito por conta das similaridades com um clássico do próprio De Palma de dez anos antes - Scarface. Histórias parecidas, sim. Mas não iguais. Sua amizade com Al Pacino foi decisiva e dizem que o astro influenciou na decisão do diretor.
segunda-feira, 13 de maio de 2024
POBRES CRIATURAS (2023)
POBRES CRIATURAS (Poor Things / 2023) – Amo os filmes de Yorgos Lanthimos. Esse diretor grego conta histórias nada comuns usando personagens e situações que desafiam, chocam e ficam com a gente, mesmo depois do fim do filme. Em Dente Canino e O Sacrifício do Cervo Sagrado, Lanthimos se mostrou um cineasta com gosto peculiar pelo bizarro. Em O Lagosta ele optou por uma distopia maravilhosa e em A Favorita, ele aceitou o desafio de pegar um projeto em andamento e por isso mal conseguiu dar a sua cara. E isso é justamente o que não acontece em Pobres Criaturas.
Aqui ele cria o mundo que imaginou. Me arrisco dizer que Lanthimos nunca tenha se sentido tão à vontade durante uma produção. O filme
tem uma assinatura, uma cara, uma digital muito própria, assim como Burton e Nolan imprimem em suas obras. O que me fez ser ainda mais fã do cineasta.
Emma Stone produz o longa e interpreta Bella, uma espécie de
Frankenstein feminina. O seu “pai” é um cientista maluco vivido por WillemDafoe que regata seu corpo do rio Tâmisa em Londres, e faz uma operação maluca,
colocando nela o cérebro do feto que ela carregava na barriga. Bella sobrevive, mas
com sérios problemas cognitivos de fala
e coordenação motora.
Ela começa a se desenvolver bem lentamente e aprende a usar
o sexo como forma de se divertir e usar os parceiros. Vale ressaltar que Stone nunca esteve tão desinibida num filme antes. Mas nada aqui é sensual... é tudo cru,
mecânico, puramente carnal, porque Bella nem sabe fazer de outra forma. Tudo é
visto do ponto de vista dela. É ela quem começa e termina seus breves
relacionamentos, o que deixa seus parceiros enfurecidos.
Como o mulherengo Duncan, vivido por Mark Ruffalo, que fica
perdidamente apaixonado por ela, justamente pelo fato de ela ser completamente
diferente de qualquer outra mulher. Ela faz o que quer, vai para onde quer e do jeito
que quer, quando quer. Ela roda várias partes do mundo ao lado de Duncan.
Aliás, o mundo criado por Lanthimos é fenomenal. Tudo é
colorido, com formas e tamanhos curiosos, bem diferentes dos comuns. O colorido
do mediterrâneo português, a brancura da neve francesa em contraste com o
colorido forte e gasto do cabaré, o cinza londrino... tudo é pensado à dedo e
muito bem executado pela equipe comandada por Lanthimos. Pobres Criaturas é sem dúvida, o filme mais bem acabado
e caprichado do cineasta.
Ainda acho inferior a outros filmes de Lanthimos, mas Pobres Criaturas ocupa um lugar de destaque na filmografia dele. E merece. Com Pobres Criaturas, ele carimba o passaporte para ocupar um posto entre os grandes do
cinema atual. Merecido. Só torço para ele jamais perder sua essência e o gosto pelo bizarro.
Veja abaixo o trailer de Pobres Criaturas.
segunda-feira, 29 de abril de 2024
A TORTURA DO MEDO (1960)
quinta-feira, 25 de abril de 2024
MARTE UM (2022)
MARTE UM (2022) – O genuíno cinema brasileiro é de
maravilhar qualquer amante de uma boa história. E não só isso. Quando não tenta
imitar o cinema estrangeiro e usa suas próprias referências e estilos próprios,
fica tudo melhor ainda. Essas histórias brasileiras com personagens tão
facilmente reconhecidos em qualquer cidade do país, só deixam a trama ainda
mais saborosa. E nesse ponto Gabriel Martins acertou na mosca.
Marte Um se passa em Minas Gerais, na periferia,
acompanhando a rotina de 4 pessoas de uma mesma família e suas rotinas tão
próprias e os conflitos entre elas. Tércia é a mãe, casada com Wellington. O
casal tem dois filhos – Eunice é a mais velha e Deivinho, o caçula. O ator que faz o menino sonhador é
estreante nas telonas.
Ele joga bola num time de várzea e o pai sonha que do talento dele saia o
dinheiro que vai sustentar a família no futuro. Mas Deivinho tem outros sonhos,
quer virar astrofísico e fazer parte da tripulação que vai à Marte em 2030 numa
missão de colonização do planeta.
Wellington é porteiro num prédio de classe média alta e é
apaixonado por futebol. Tércia trabalha limpando casas e tem a vida mudada
quando participa de uma pegadinha na TV, onde o ator estoura uma dinamite perto
dela. A mulher fica traumatizada e acredita atrair azar à partir daquele dia. Eunice, a filha mais velha, se apaixona por outra menina e, no impulso, começa a
procurar apartamento para morar. Tudo é rápido e pega os conservadores pais
inesperadamente.
Aqui não tem espaço para melodrama barato, Marte Um foi
feito de tal forma que mais parece um documentário sobre as dores de qualquer família
brasileira. Cada personagem tem peso igual na trama, deixando o resultado final
muito bem balanceado. Talento puro de Gabriel Martins, que equilibrou muito bem e claramente
teve um cuidado especial na preparação dos atores. Todos estão muito bem, principalmente
nos momentos onde a carga emocional aumenta.
Marte Um entrega situações críveis, o que deixa o filme
ainda mais interessante. O drama brasileiro abre mão de recursos fáceis, como
trilha sonora principalmente. Não precisa, nem faz falta. E cá entre nós, o
sotaque mineiro é o mais bonito que tem. Na última cena o pai fala o seguinte
para um dos filhos: “uai, a gente dá um jeito,
sô”. Puro carisma.
Veja abaixo o trailer de Marte Um.
segunda-feira, 22 de abril de 2024
M3GAN (2022)
M3GAN (2022) – Uma história nada original e que surfa na onda dos potenciais perigos que a inteligência artificial pode trazer ao ser humano. O ótimo Ex_Machina fez um questionamento parecido e com muita competência e inventividade. M3gan é uma mistura dele com Chucky, mas passa longe de qualquer comparação. Não é criativo e inovador como o clássico brinquedo assassino de Tom Holland e nem inovador quanto Ex_Machina.
Cady (Violet McGraw) tem 9 anos e é a única sobrevivente de um acidente de carro, que tira a vida dos pais. A criança vai morar com a tia, solteira que passa muito do seu tempo na empresa onde trabalha. Gemma (Allison Williams) desenvolve brinquedos de alta tecnologia e alto custo.
A relação das duas é ruim, distante. Por isso Gemma termina de desenvolver um projeto seu chamado M3gan, uma boneca comandada por inteligência artificial, que se conecta “emocionalmente” com a primeira pessoa que vê, assim que “nasce”. Cady foi essa primeira pessoa. E é óbvio que essa relação de amizade entre a menina e a boneca de inteligência artificial não acaba bem. Com o tempo, a superproteção de M3gan passa a machucar fisicamente qualquer pessoa que ameaça Cady. Cenário montado e daí pra frente é só pra baixo...
Uma das coisas que mais me tirou da experiência de M3gan foi
justamente o roteiro, extremamente fraco e previsível. Não apresenta nada de novo, nada. É muito fácil
dizer o que vai acontecer na cena seguinte e apontar os personagens conforme
aparecem: “esse vai morrer, esse é o vilão, esse escapa”. E assim por diante.
Outro problema está justamente na falta de preparo dos atores. Allison Williams está muito mal aqui, não tem expressão facial nenhuma, nenhuma emoção. Sem falar na menininha, Cady, que ódio dela... Se a indicação do cineasta Gerard Jonhstone era essa, parabéns para a pequena Violet, ela conseguiu. E outros personagens caricatos, como a dupla de chefe e assistente da fábrica de brinquedos, tudo muito fraco e estereotipado. É realmente muito ruim.
Mas há que se torcer o braço para alguns pontos de M3gan, e o principal é o design da boneca, muito bem feito. A sua quase total falta de
expressão e os grandes olhos ajudam na formação de uma figura indiferente à tudo e à todos. Ela têm direito a uma dancinha que por conta das redes sociais
virou cult, antes mesmo do filme ser lançado.
Veja abaixo o trailer de M3gan.
terça-feira, 25 de abril de 2023
X - A MARCA DA MORTE (2022) / PEARL (2022)
X - A MARCA DA MORTE (2022) – Dois filmes que poderiam ser um só. Mas Ti West, o diretor, roteirista e produtor, resolveu dividir. X - A Marca da Morte foi lançado antes, apesar de se passar 61 anos depois.
A trama certamente, você já viu em outras inúmeras produções: grupo de jovens chega à um lugar afastado, no interiorzão dos EUA, e enquanto no começo tudo parece bem, aos poucos a coisa desanda e vira um banho de sangue. Ti West, como grande fã do gênero, soube muito bem homenagear filmes clássicos. Tem muito aqui de O Massacre da Serra Elétrica, Quadrilha de Sádicos, e até O Iluminado... entre tantos outros. Mas West conseguiu algo curioso: homenageou e copiou na cara larga... e mesmo assim, fez algo com gostinho de inédito.
X - A Marca da Morte tem traços bem evidentes de um road movie. O filme começa com uma viagem de uma trupe que segue numa van até uma fazenda, pra lá de decadente, para rodar um filme. No caso, um pornô. O ano, 1979. A fazenda está tomada pela vegetação e os únicos moradores são dois velhinhos (Pearl e Howard) que não tem nada de amigáveis. As gravações do filme acontecem num celeiro afastado da casa principal, mas em determinado momento a idosa Pearl espia pela janela o que está sendo feito ali dentro. E a partir daí tudo muda. Isso porque a velha se reconhece em Maxine (Mia Goth, atriz estreante escolhida por West para ser o rosto da sua trilogia). Os velhos piram, não deixam os jovens irem embora da fazenda e começa uma matança bastante gráfica e sanguinária. Como disse, é algo já visto em muitos outros filmes, mas aqui tem gostinho de inédito. Além de Goth, o destaque do filme é de Jenna Ortega (da série Wandinha).
X - A Marca da Morte é um bom filme, mas imagino que seria facilmente esquecido num universo onde várias outras obras parecidas já foram lançadas. Por isso, Pearl - lançado pouquíssimo tempo depois - é tão importante.
Veja abaixo o trailer de X - A Marca da Morte.
PEARL (2022) - O segundo filme da trilogia se passa em 1918 na mesma fazenda, onde acompanhamos a vida de Pearl, aqui vivendo o começo da vida adulta e nada indica que ela vai se tornar a velha maluca de X - A Marca da Morte. Ela já é casada com Howard, mas ele está longe servindo na primeira guerra. Pearl vive na fazenda sob o rígido guarda chuva da mãe alemã e ajudando nos cuidados com o pai, que está preso numa cadeira de rodas e movimenta apenas os olhos.
Pearl gosta de dançar, se imagina como uma dançarina. Mas tem algo de diferente. Gosta de matar alguns pequenos animais de forma impiedosa. Joga os cadáveres no lago da propriedade, onde um grande crocodilo vive. Ela até brinca de apertar o pescoço do pai, quando a mãe não está olhando. A mãe diz que Pearl tem algo de estranho, que dá medo. Mas o quê, não diz. Fica no ar.
Ela aposta todas as suas fichas num concurso de dança que acontece na igreja da cidade. Mas a ambição da garota somada às frustrações do dia a dia, resultam numa fórmula assustadora e impiedosa. Pearl explode e passa a somar vítimas, praticamente todos os que estão ao seu redor.
Goth brilha mais uma vez, apresentando nuances que fazem a sua personagem ir do 0 ao 100 em instantes, explodindo de uma forma assustadora e usando qualquer coisa como arma. E afirmo sem medo: a sequência final está entre as mais impressionantes sequências de terror lançadas nos últimos anos – homenageia clássicos sem perder a própria identidade e é bem difícil de ser esquecida.
Ti West lança em tão pouco tempo dois bons filmes de terror, que juntos ganham ainda mais peso e animam para a conclusão da trilogia, que se passa imediatamente após X - A Marca da Morte.
Veja abaixo o trailer de Pearl.
quinta-feira, 6 de abril de 2023
O URSO DO PÓ BRANCO (2023)
O URSO DO PÓ BRANCO (Cocaine Bear / 2023) – Como é bom ver um filme de terror, no caso terrir, quando a gente não se importa minimamente com nenhum personagem. Tudo vale. E aí qualquer bobagem da história acaba perdoada. E melhor ainda quando absolutamente ninguém se leva a sério. Esse é o charme e o grande atrativo de Urso do Pó Branco, filme dirigido por Elizabeth Banks, atriz conhecida por Ligeiramente Grávidos.
A história de baseia em fatos reais, pelo menos é isso que a produção exibe logo no começo. O ano é 1985 e um traficante doidão de droga, começa a jogar várias malas cheias da droga pela porta do avião monomotor, em que é o único à bordo. As malas cheias de cocaína acabam espalhadas por um parque nacional nos Estados Unidos. Alguns sacos ficam intactos, outros estouram na hora que chegam ao solo. De qualquer forma, um urso acaba atraído pelo cheiro do pó e acaba inalando. Viciado, ele corre pela floresta atrás de mais e mais cocaína. E quanto mais ele cheia, mais violento ele fica. Teoricamente, aquela espécie de urso é pacífica e não ataca seres humanos. Mas quando está possuído pela cocaína, o bichão sai matando um por um, sem dó.
O roteiro é muito hábil na maneira como ele cria a história e constrói a trama, fazendo com que todos os núcleos de personagens se dirijam para um mesmo lugar seguindo por vidas diferentes, no caso uma cachoeira e um gazebo. Dessa forma, o suspense está sempre no ar e por não fazer a menor diferença quem vai ser a próxima vítima, basta a gente ficar de camarote no aguardo para a próxima matança do urso.
É tudo gráfico, com muito sangue e absurdo, mas são situações divertidas que arrancam boas risadas, no melhor estilo terrir. Claro... no começo a cara do urso e a “expressão facial” (?!) dele incomoda um pouco. Assim como a sobrancelha arqueada e até mesmo o movimento corporal meio estranho. Mas depois, O Urso do Pó Branco vai bem e isso acaba fazendo parte da graça da experiência.
Vale como homenagem também a Ray Liotta, que atuou ao em seu último filme, antes de morrer precocemente aos 67 anos.
Veja abaixo o trailer de O Urso do Pó Branco.
quarta-feira, 11 de julho de 2018
DOENTES DE AMOR (2017)
Encontro inesperado |
O diretor Michael Showalter (de pé) em ação |
Ele está sempre lá |
domingo, 8 de julho de 2018
O ÚLTIMO REI DA ESCÓCIA (2006)
Whitaker no papel da sua carreira |
Governando à duras mãos |
Nicholas (McAvoy) começando o trabalho humanitário na Uganda |
Idi Amin |
A desconfiança no começo |
De médico pessoal a amigos |
O diretor Kevin McDonald em ação |
A expressão que se fecha e a ditadura que se acirra |
quarta-feira, 4 de julho de 2018
IMPÉRIO DOS SONHOS (2006)
Surrealismo puro |
Metalinguagem |
Nikki tenta entender |
Os atores |
Um sonho que foge ao sentido |
Os coelhos |
Veja abaixo o trailer de Império dos Sonhos, sem dúvida o filme mais perturbador da carreira de David Lynch.
domingo, 1 de julho de 2018
SILÊNCIO (2016)
Japão da perseguição religiosa |
SILÊNCIO (Silence / 2016) – Japão, século 17. Martin Scorsese focou nesse país e nesse período pra contar uma história impressionante e pouco conhecida. E por mais problemas que eu veja em algumas características do renomado cineasta – como o uso constante e ininterrupto de trilha, a obsessão por Di Caprio, e outros tantos – tenho que dar o braço a torcer, Scorsese sabe se reinventar. E criou em Silêncio algo diferente, novo, e inovador na sua carreira.
Scorsese em ação |
Japoneses perdidos escondendo sua fé |
Olhando por ajuda |
Talento |
Caça aos católicos |
Não à toa, o filme concorreu ao Oscar de fotografia. É belíssimo. Sempre com as montanhas japonesas de serração forte como pano de fundo.
A bela fotografia de Silêncio |
Vale as 3 horas de duração. É um grande acerto que já o coloca como um dos grandes filmes do Scorsese. Longe de ser um Touro Indomável ou um Táxi Driver, longe disso. Mas na rica filmografia de Scorsese não faz feio não.
Escondidos mas rezando |
quinta-feira, 28 de junho de 2018
ALUCINAÇÕES DO PASSADO (1990)
Lobotomia |
ALUCINAÇÕES DO PASSADO (Jacob´s Ladder / 1990) - Fechei um ciclo importante na minha vida ao assistir Alucinações do Passado. Explico. Tinha uns 9 pra 10 anos quando peguei por acaso esse filme na TV numa daquelas sessões de madrugada. Lembro claramente como aquela sequência no metrô, no início do longa, me abalou. Ao mesmo tempo me intrigou.
A sequência no metrô - uma das tantas icônicas do filme |
Silent Hill... |
... e Alucinações do Passado. Toda semelhança não é mera coincidência. |
O filme começa com um take de soldados na guerra do Vietnã em 1971. Eles estão extenuados, esgotados, com a expressão vazia, olhando pro nada. Aos poucos, na iminência do que parece ser um ataque inimigo, alguns começam a ter convulsões, vomitam sangue e se debatem sem explicação. Jacob (Tim Robbins) é apunhalado na barriga e acorda dentro de um trem anos depois, já cabeludo e mais velho.
Soldados no Vietnã |
Na sequência Jacob puxa papo com uma senhora no trem vazio e ela apenas olha pra ele sem piscar e sem responder. Depois ele vê um rabo asqueroso no corpo de um mendigo que tenta dormir dentro do trem. Na estação não há saída, as portas estão trancadas com cadeado e as saídas gradeadas até o teto. Ele decide ir pelos trilhos. Por pouco não é atropelado, dentro do trem que passa ele apenas repara nas pessoas com expressão estranha olhando para ele e no final o maquinista, com os olhos cobertos pelo que parecem ser moedas, faz um aceno estranho. Bizarro.
O maquinista de longe |
Jacob, que por muito pouco não foi interpretado por Tom Hanks, tem essas visões o tempo todo, com pessoas de rostos deformados, figuras demoníacas e uma série de outros efeitos. Todos práticos, feitos ali na frente da câmera - afinal falamos aqui de 1990. Como o "head shake", que é gravado com um alteração de frames na hora da captação e dá um efeito assustador.
"head shake" |
Aos poucos ele encontra outros veteranos do Vietnã com o mesmo problema e juntando as peças do quebra cabeça ele deduz que tudo não passa de efeito pós traumático da guerra. Mas não é só isso, não mesmo!
A perseguição na viela |
Na verdade a última cena, que mostra Jacob caído após ser esfaqueado no Vietnã, entrega o jogo. Ele esteve morto durante todo o filme. O resto é a batalha de Deus e o Diabo pela alma de um homem que vive no purgatório. Ele é envolto o tempo todo por figuras demoníacas - como a namorada, a cigana que lê sua mão - e ao mesmo tempo por figuras angelicais - como seu médico (Danny Aiello), e seu filho Gabe (Macaulay Culkin).
O filho interpretado por Macaulay Culkin |
Como fundo uma droga chamada BZ usada nos soldados durante o Vietnã para estimular o seus instintos mais selvagens, quase primários. O resultado? Um banho de sangue e matança dos soldados americanos atacando os próprios soldados americanos. Foi o que causou a morte de muitos, inclusive do próprio Jacob, como confirmado na última cena do filme.
Confesso que ao final do Alucinações do Passado fiquei bem confuso, principalmente depois da cena final. Mas foi aí que eu entendi na verdade para que aquela cena final serve. Ela dá um sentido surpreendente para toda história. E é nesse ponto que Alucinações do Passado se torna tão importante a ponto de marcar época e influenciar gerações de cineastas e outras obras.
O cirurgião cego |
A religião (como a Escada de Jacob que liga o céu à Terra) e as artes (como as pinturas de Francis Bacon onde o verdadeiro terror estava na figura humana desfigurada) são grandes influências para Alucinações do Passado.
Pinturas de Francis Bacon, que inspiraram algumas figuras assustadoras do filme |
Um filme fascinante e inquietante que teve um significado pra mim quando assisti ainda pequeno - mesmo que só uma parte dele - e que agora quando adulto vejo com outros olhos. E a partir dele levanto outros dilemas, questões e perguntas sobre a existência. Certamente um filme que deixa perguntas e não um filme que entrega respostas.
Referências bíblicas |
Veja abaixo o trailer de Alucinações do Passado.