JURASSIC WORLD - O MUNDO DOS DINOSSAUROS (Jurassic World / 2015) - Demorou mas chegou. Desde 1993 os fãs da saga mais jurássica das telonas estavam ansiosos por um retorno a ilha de Nublar para ver como o trabalho do Dr. Hammond foi concluído. E finalmente o retorno aconteceu. Em 1993, no primeiro filme o parque é aberto para um passeio-teste inaugural e, claro, nada deu certo.
1993 - filme clássico e a impressionante sequência do T-Rex, assusta até hoje
Quatro anos depois, em 1997, o Mundo Perdido foi lançado, mas a aventura aconteceu numa ilha ao lado da Nublar e no final ainda trouxeram o T-Rex para o meio da cidade grande. Filme fraquinho...
1997 - o segundo filme é ruim e com personagens irritantes
Mais quatro anos se passaram e em 2001 o terceiro episódio voltou à uma outra ilha, ainda mostrando os dinos em cativeiro e os homens como objeto de caça.
2001 - o bom terceiro filme, homenageia o primeiro e empolga
Agora, com Jurassic World, o parque finalmente está aberto e funcionando.
Muito medo, morte e sangue, mas você não iria querer ir num parque assim?
Steven Spielberg, que havia dirigido os dois primeiros filmes, ficou na produção dos episódios três e este quatro também. Coube ao roteirista e diretor Colin Trevorrow a missão de escrever e dirigir a aventura.
Colin Trevorrow
A história conta sobre o parque funcionando à todo vapor há dez anos. Recebe cerca de vinte mil visitantes por dia, mas para não perder o interesse lança uma nova atração - um dinossauro modificado geneticamente - maior, mais violento e mais rápido que o T-Rex, por exemplo. Este plot não é nenhum spoiler, já é mostrado no próprio trailer, e desanima logo de cara. Afinal, se você é alguém como eu que foi ao cinema em 1993 e ficou empolgado com os super dinos "reais" que apareciam na telona, não há como não se decepcionar com o fato do roteiro prever um dinossauro que sequer existiu e ainda por cima colocá-lo como estrela do filme. Pô!
Indominus Rex em ação
Voltando ao filme... as coisas saem de controle, o bichão-dino-que-nunca-existiu foge do cercado e espalha o terror atacando tudo e todos que se mexem. Sobra para Owen (Chris Pratt), um adestrador de velociraptors comandar uma equipe para tentar resgatar o dino e evitar mais estragos. Pratt, por sinal, está muito bem. Ele está construindo um status de cara legal, engraçadão e cool que vai estrelar várias comédias e aventuras por aí. Dizem até que ele vai ser o novo Indiana Jones.
Domesticando as feras
Os efeitos são absurdos de bem feitos e o mais legal, grande parte é feita de bonecos e não somente CGI, ou seja, os atores realmente interagiram com aqueles dinos, só em alguns casos específicos é que foram montados em pós produção, como o Mesossauro. Ele aparece apenas três vezes no filme todo, mas é o mais impressionante! De longe tem as cenas mais memoráveis, as que vão ficar marcadas.
Mesossauro, o dinossauro mais legal do filme!
Não há como negar que a história de criar um dino de laboratório incomoda um pouco... pô, uma das coisas mais legais da saga Jurassic Park é justamente por as duas espécies mais dominantes da Terra juntas e agora a saga Jurassic World já começa assim... Mas isso não estraga o filme não, aliás a última hora é eletrizante, quando o Indominus libera (sem querer) os piterodáctilos que voam até o parque e começam a caçar as pessoas. É ótimo!
Indominus invade a gaiola, libera os pterodáctilos e daí pra frente o filme vira um thriller (ainda mais) empolgante
Roteiro razoável (afinal temos um parque pela primeira vez em quatro filmes!), efeitos ótimos, elenco afinado, boa diversão e que venha mais Jurassic World! (mas com dinos de verdade né...). Veja abaixo o trailer de Jurassic World.
A BUSCA (2012) - O cinema nacional é assolado por um mal que é ao mesmo tempo a sua salvação. A Globo Filmes é uma das maiores produtoras do mercado no Brasil e responsável por manter a roda girando em terras tupiniquins. O problema é que, apesar de não viver de cinema, tem a maioria das suas produções moldadas à base do gosto do freguês, digamos. E a grande massa tem queda por filmes de comédia, sem muito ou com nenhum conteúdo, e que apresentam pouco desafio e geralmente tendo como protagonistas atores globais. Esse tipo de filme não passa de uma extensão da novela das sete. A sorte do cinema nacional é que na esteira dessas produções surgem outras com propostas bem diferentes, como esta também da Globo Filmes. O surpreendente A Busca.
Longe de ser uma família feliz
O diretor estreante Luciano Moura comanda a produção que tem em Wagner Moura um médico que vive do trabalho e de repente se vê em uma busca desesperada pelo filho adolescente que fugiu de casa à cavalo (?). A jornada, que só mostra o ponto de vista do pai, beira o exagero em alguns momentos, quando ele se vê numa comunidade hippie, no meio do mato, e é obrigado a realizar um parto.
Onde mais procurar? Um desespero que só aumenta
Por ser um homem afastado de qualquer relação afetiva com a esposa, com o filho e com o próprio pai, o personagem de Wagner Moura acaba se reconstruindo na busca pelo filho Pedro. Ele se vê em contato direto com personagens humildes, vivendo em favelas, em beira de estrada ou em pequenos vilarejos. Dessa forma, o "doutor" deixa de ser o dono da situação e passa a ser a figura dependente de uma boa ação dos outros, geralmente pobres e desfavorecidos. É aquela velha história do personagem rico com pobreza interior que vê nos pobres a grande riqueza que lhe falta.
A reconstrução de uma personagem em desespero
Pai e filho se reencontram na casa do avô, em outro estado. O que obriga que o personagem faça uma reaproximação forçada junto ao próprio pai. Wagner Moura reflete em seu filho o mal relacionamento que tem com seu pai, vivido na medida por Lima Duarte. O diálogo curto entre os dois e sem qualquer abraço ou sequer uma aproximação é suficiente e emocionante, qualquer coisa além disso seria fugir da realidade das personagens e apelar para o melodrama barato. Mérito para Wagner e Lima, além de Luciano, preciso na direção.
Curta, precisa e emocionante cena final
O roteiro tem seus furos, tem seus erros - como um menino conseguiria atravessar dois estados à cavalo tão rapidamente? - mas tudo vale em nome de uma boa história e de um bom filme. A Busca é simples, um road movie muito bem realizado e com uma linguagem de cinema, fugindo da linguagem televisiva que afeta a indústria cinematográfica brasileira em muitas obras. Vale ser conferido.
Brás Antunes, filho de Arnaldo Antunes, vive Pedro