terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (1946)

Risos soltos
A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (It´s a Wonderful Life / 1946) - O primeira filme falado da história é O Cantor de Jazz, que encerrou a era do cinema mudo em 1927. A partir da década de 30 muitos grandes nomes começaram a surgir, entre eles Frank Capra, italiano naturalizado norte americano que faturou nada menos do que 6 estatuetas do Oscar - 2 como diretor, 3 como melhor filme e 1 como documentário - e 1 Globo de Ouro por este A Felicidade Não se Compra.

Capra e Stewart

George Bailey (James Stewart) é um cara acima de tudo otimista, acostumado a ver o lado positivo das coisas e a receber os outros sempre com um sorriso no rosto. Ele é dono de uma empresa de família que empresta dinheiro para as pessoas da pequena cidade onde vive. E nada de assinar contrato, com ele é tudo na palavra. 

Sempre fazendo o bem

Todo o resto da cidade, menos a empresa de Bailey, é comandada por Mr. Potter, que cobra juros abusivos e enforca o comércio local que vê apenas como saída se vender a Potter. Bailey se nega. Até mesmo quando enfrenta uma situação financeira delicada que pode o levar a falência e até à prisão, ele não se rende a Potter.

Momentos de desespero e insegurança

Bailey vai para casa desesperado, sem saber o que fazer. É noite de Natal. Em casa os 4 filhos pequenos e a esposa estão terminando os preparativos, a decoração. Bailey chega mal humorado e desconta nos pequenos. Larga tudo e vai pro bar. Bebe. Vai pra ponte e pensa em suicídio. Mas um homem cai antes, é um anjo da guarda. Bailey salva o anjo e sem saber a própria vida.

De chapéu o anjo que salva a vida de Bailey

Bailey diz ao anjo que sua vida está arruinada e que ele não gostaria de ter nascido. O anjo cria uma realidade na qual Bailey de fato não existe na noite de Natal. Ele percorre a cidade e ninguém o reconhece, a sua mãe não sabe quem ele é e a esposa o ignora nas ruas. Desespero total. Por fim o anjo "lhe dá a vida de volta" e ele percebe o quão é feliz e rico por ser vivo e ter a família ao seu lado. 

Em família

A mensagem de A Felicidade Não se Compra é piegas sim, mas não dá pra dizer que não emociona, ainda mais em fim de ano onde estamos todos mais abertos a sentimentos assim. Ah, vamos combinar que fim de ano é cheio de coisas piegas vai? E é legal pra caramba! Uma mensagem poderosa em 1946 - ano de lançamento do filme - e que se mantém quase intacta até hoje.

Só o que importa

Felicidade também para Stewart. O astro marcou neste filme o seu retorno às telonas depois de cinco anos lutando na Segunda Guerra Mundial. Então para ele, assim como para seu personagem George Bailey, a felicidade ao rever entes queridos foi real sim. Porque não? 
Veja abaixo o trailer de A Felicidade Não se Compra.


  

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

STAR WARS EPISÓDIO VIII - OS ÚLTIMOS JEDI (2017)



STAR WARS EPISÓDIO VIII - OS ÚLTIMOS JEDI (Star Wars episode VIII - The Last Jedi / 2017) - Como demoraram esses dois anos pra passar! Mas finalmente - mesmo com um Rogue One (excelente por sinal) no meio do caminho - chegou o episódio VIII. Ufa. E nessa crítica - já aviso - spoilers aqui haverão (já diria Yoda), mas aviso quando eles começarem também! A direção do episódio VIII - Os Últimos Jedi ficou por conta de Rian Johnson, que dirigiu Looper em 2012, e mais nada. J.J. Abrams foi "só" o produtor.

Rian dirigindo Carrie Fischer
SPOILERS (PONTOS POSITIVOS)

Poe Dameron é o personagem que melhor se desenvolveu na saga depois do episódio VII - O Despertar da Força. É a grande surpresa do começo do longa. Oscar Isaac, com seu olhar petulante e postura desafiadora, brilha.

A arrogância de Dameron

Logo depois dessa sequências da batalha espacial, só lá por 1 hora de filme surge a primeira grande - uma das poucas - sequência. Kylo Ren mata Snoke e ao lado de Rey, na verdade formando um time com Rey, eles derrotam toda a guarda pessoal do Líder Supremo. Aqui uma luta de sabres de respeito que fez o cinema urrar. Uma reviravolta impressionante (como os caras mataram o Líder Supremo assim do nada, logo sem mal explicar de onde veio e para onde vai?) Aí aquele sentimento "agora sim, começou Star Wars!". Puro engano...

A sala do Supremo Líder Snoke

Outra coisa boa é a ligação entre Kylo e Rey através da Força. Eles se vêem, conversam e interagem mesmo à distância. É a primeira vez que isso acontece na saga de forma tão clara. 

Mais próximos do que se imagina

O Luke de Mark Hamill nunca esteve tão bem. O olhar e a barba grisalha formam um Luke "velho da montanha" na medida. É o grande personagem do filme de longe. Na parte final ele mostra todo seu controle sobre a Força em uma sequência maravilhosa. Ele enfrenta sozinho todo o exército da Primeira Ordem em Crait. Nada lhe acontece. Depois uma batalha de sabre com seu antigo padawan Kylo Ren e ele sai ileso também. E no final revela que ele está distante dali, na ilha de Ahch-To, ganhando tempo para que os rebeldes fugam. Incrível sequência. Outro bom momento do longa.

Rey e Luke em Ahch-To

Homenagens à Carrie Fisher e sua Leia estão espalhadas por todos os cantos. Diferentemente do que foi a personagem no episódio VII quando assumiu claramente um posto de não protagonista no comando dos rebeldes, aqui só dá ela. Claramente as cenas com ela foram aumentadas, valorizadas e ela ganhou um bom tempo de cena. Em determinado momento R2 exibe o holograma do episódio IV, aquele do "help me Obi-Wan Kenobi, you´re my only hope", na íntegra. É um chute no estômago de tão lindo. E nos créditos finais "to our princess Carrie Fisher".

Carrie Fisher

Mas nem tudo são flores no episódio VIII...

SPOILERS (PONTOS NEGATIVOS)

Falta de ritmo. É inadmissível que um filme do calibre de Star Wars tenha um início tão frio e irregular. Não pode demorar mais de 1 hora para ter a primeira grande cena do filme. É muito tempo! E essa cena é justamente a batalha onde morre Snoke. Aliás, se Snoke é tão poderoso - é capaz de usar a Força como holograma - como ele não percebeu que Kylo estava mexendo no sabre que iria matá-lo momentos depois? Hummm, estranho... E outra, para quê serve esse vilão? Foi criado do nada no episódio VII, ganhou força graças ao rumores dos fãs na internet, ficou importante e morre de uma forma idiota...

Rey torturada por Snoke

Mais uma vez a Phasma é só decepção. A general dos stormtroopers é linda, toda prateada e foi usada muito no material de divulgação do episódio VII, mas mal teve falas lá e apareceu bem pouquinho. No VIII imaginou-se uma grande importância, mas que nada... Ela luta com Finn em determinado momento mas é muito claro que a cena foi reduzida. E ela acaba morrendo. O que era para ser um grande personagem acaba sendo usada no finalzinho para justificar a motivação de outro personagem também sub-aproveitado.

Finn x Phasma

Isso mesmo - Finn é ridículo no episódio VIII, está sem personalidade, sem reais intenções e longe do carisma que mostrou no VII. Inclusive todo o arco dele com uma japinha qualquer que apareceu ali rapidinho, a tal Rose, é irritante também. Chato, longo e bobo. E pior descartável, acrescentando quase nada à trama. No único momento que Finn seria importante para a trama, a Rose salvou o cara no último segundo. Pena, naquela hora morrer seria ótimo pro Finn e pro filme também.

Rose intimidando Finn

Mas acho que o pior de tudo em Star Wars episódio VIII é a forma como Rey e Kilo Ren são mal utilizados. Rey não quer ser jedi, o papel dela é resgatar Luke. Ela acaba recebendo ensinamentos de Skywalker mas quase não coloca os ensinamentos à prova - ela mal usa o sabre e quando usa, no caso da luta com os guardas pessoais de Snoke, leva um pau e só se salva com a ajuda de Kylo.

Rey treinando

Kylo por sinal permanece o mesmo - com cara de menino mimado e pior não passando medo ou respeito aos fãs da saga. Não é questão de comparar com Vader, jamais cometeria tamanha heresia, mas ele precisa de algo mais para se tornar respeitável. Lembra do Anakin no episódio II quando matou os padawans ou mesmo o povo da areia para resgatar a mãe? Pois bem, goste ou não do ato, isso ajudou e muito a fortalecer aquele cara como Darth Vader.

Kylo 

Mesmo que tenha matado o pai, Kylo precisa de mais! Muito mais! Se ele tivesse apertado o bendito botãozinho e dado um tiro na Léia, ele subiria de patamar na vilania, ganharia respeito, muitos ali temeriam ele. Mas ok, ele tem o conflito interno, beleza. Mas não acontece mais nada com ele! O Kylo Ren que vemos no VIII é o mesmo do VII. Não gosto da forma como ele é criado, sem qualquer estofo.

FIM DOS SPOILERS    

A história fica aberta para o episódio IX que estreia em dezembro de 2019. Na verdade é a primeira vez que se tem o final de um filme da saga em que não se sabe ao certo como o próximo deve começar. Claro, que muitos rumores irão surgir neste tempo todo, mas tendo em vista do que foi imaginado para o VIII e do que foi apresentado acho que é bom os fãs - inclusive eu - irmos com calma. Mas uma notícia já confirmada é que J.J. Abrams estará de volta, tanto como roteirista como diretor. Que a força esteja com ele.
Veja abaixo os trailers de Star Wars episódio VIII - Os Últimos Jedi.





segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

LIGA DA JUSTIÇA (2017)

Juntos

LIGA DA JUSTIÇA (Justice League / 2017) - Este não é o primeiro post sobre filmes de herói neste blog - e com certeza não será o último - que abrirei dizendo a mesma coisa. Então lá vai... Não sou um consumidor de quadrinhos de super heróis, nunca fui. Portanto não conheço a fundo a história por trás destes personagens. Sou daqueles que sabe como os pais do Bruce Wayne morreram, sabe como Superman chegou na Terra e talvez mais uma coisinha ou outra. E só.



Liga da Justiça é a primeira reunião nos cinemas dos principais heróis da DC Comic. Superman está morto. Batman (Ben Aflleck) e Mulher Maravilha (Gal Gadot) começam a reunir outros heróis (por acidente, colmo eles mesmo se definem) para uma missão difícil - derrotar Steppenwolf, um vilão chifrudão que quer reunir três caixas para ser mais poderoso do que todos (é... basicamente é isso).

O vilão da vez

The Flash, Ciborgue e Aquaman são convocados para fazer parte da tal Liga da Justiça. Mas eles não são tão poderosos para lidar com Steppenwolf, apanham muito. A saída é ressuscitar o Superman. Aí o filme vira, dá tudo certo e é isso. Liga da Justiça poderia ser só isso, mas é mais.

Alfred e a turma reunida

O filme em si não foi bem aceito pelo público dos EUA - no Brasil é um sucesso - já os críticos mais não gostaram do que gostaram, e eu... particularmente gostei sim! Fui com a expectativa lá embaixo e saí bem satisfeito. Claro, não sou fã a fundo, então para o meu gosto de filmes de herói, um filme como Liga da Justiça funciona e agrada. Encaixaram algumas piadinhas aqui e ali (à lá Marvel) - mas dentro de um certo limite, nada exagerado como Guardiões da Galáxia - e acho que foi bem nesse quesito.

A salvação vem do céu

O alívio cômico, centralizado em Ezra Miller e seu Flash, funciona, faz rir. O jeitão canastrão de Ben Affleck funciona também aqui ("que super poder você tem mesmo?", "Sou rico"), embora eu diga que tenha me incomodado um pouco que o Batman parece meio sem personalidade aqui, não sei... 

"Eu sou rico"

A Gal Gadot já se tornou a Mulher Maravilha, está ótima e esbanjando olhares e sorrisos. O Ciborgue fechado e amargurado combina com tudo o que ele vive. O problema está no Aquaman, mal resolvido, mal escrito e meio babacóide... mas vamos dar um desconto, vem um filme solo dele aí que vai dar um bom fôlego pro personagem.

Cara de má

A melhor sequência é da volta do Superman à vida, ele não reconhece ou outros heróis e parte para o ataque contra Mulher Maravilha, Ciborgue, The Flash e Aquaman. Começa um quebra pau com todos. Interessante e divertido. 

Aquaman inútil no longa

Liga da Justiça teve vários problemas na produção, incluindo a troca de diretores no meio do projeto - saiu Zack Snyder entrou Joss Whedon -, mas dentro do problema gigantesco que o filme poderia ter com ritmo, até que safou bem. Não comprometeu em nada.

Ciborgue amargurado

Talvez o problema de Liga da Justiça, o principal pelo qual muitas pessoas criticam o longa, é que ele é divertido, leve, mas ao mesmo tempo sem peso ou impacto. A impressão que se tem é que o filme vai se tornar esquecível dentro de poucas horas. Quem não tem problemas com isso e quer passar duas hora divertidas de pipoca e risadas, vai bem. 

Flash, o alívio cômico do longa

Agora quem busca algo mais profundo e marcante não vai gostar tanto da Liga da Justiça. Aliás, a bagunça dentro da DC é tamanha que até agora nem foi confirmada a sequência de Liga - apesar da cena pós crédito. Seria o cúmulo anunciar um filme em uma cena no final da projeção e depois este filme simplesmente não ser feito... vai saber.

O elenco na Comicon
Veja abaixo o trailer de Liga da Justiça.  
     

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

DOIS DIA, UMA NOITE (2014)

Sandra na busca por manter o emprego

DOIS DIA, UMA NOITE (Deux Jours, Une Nuit / Two Days, One Night - 2014) - Os irmãos Dardenne são belgas e juntos fazem filmes desde o final da década de 80, como produtores, roteiristas e diretores. Os seus filmes são aclamados pela crítica europeia como grandes expoentes do chamado cinema autoral de baixo orçamento, onde o ponto alto das histórias são os dramas pessoais. Este é o viés de Dois Dias, Uma Noite, o filme da dupla de maior sucesso.

Os irmãos Dardenne em ação

Dois Dias, Um Noite conta a história de Sandra (Marion Cotillard), uma trabalhadora que está afastada do trabalho por depressão e passa a ser preterida pelos chefes. Ela descobre, que toda a equipe com quem trabalha, fez uma votação - a pedido do chefe. Eles tiveram que escolher entre receber ou não um bônus de mil euros cada. O preço do bônus seria a demissão da Sandra.

Sandra e os colegas de trabalho

Rapidamente ela já cai em uma tristeza profunda ao saber que existe a real possibilidade de ela perder o emprego. Mas uma amiga consegue convencer o chefe que faça nova votação na segunda feira. Sábado e Domingo - é esse o tempo todo que Sandra tem para ir de casa em casa dos dezesseis funcionários do seu departamento para convencê-los a votar contra o bônus para que ela fique com o emprego.

Pedido

O roteiro dos irmãos Dardenne escancara uma Europa em crise onde os valores estão influenciados pelos desejos pessoais em primeiro lugar - por isso que os apelos de uma pobre trabalhadora de classe baixa feito aos colegas de trabalho não surte o efeito que ela espera.

"Deixe o bônus de lado para eu manter meu emprego"

Marion Cotillard brilha aqui e não apenas pela sua beleza crua, já que seu personagem não pede qualquer maquiagem, é uma mulher comum. Apesar de fragilizada pelo passado recente de depressão e pela triste notícia da possível perda de empego, Sandra se mostra uma mulher forte, mais do que o próprio marido e outros homens que a cercam.

Em família

Os irmãos Dardenne são impiedosos. Ele não nos poupam de mostrar todas as dezesseis visitas, intercalando respostas positivas e negativas, ao ponto de ficar repetitivo, mas a trajetória de Dois dias, Uma Noite é essa mesma - temos que viver Sandra, ser Sandra e passar por todos os dramas dela de uma mulher desesperada não apena para manter o seu emprego mas para se manter como mulher, como esposa e como mãe.
Veja abaixo o trailer de Dois Dias, Uma Noite.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

OS FANTASMAS SE DIVERTEM (1988)

Michael "Beetlejuice" Keaton

OS FANTASMAS SE DIVERTEM (BeetleJuice / 1988) - Ele é a cara de Os Fantasmas se Divertem. Beetlejuice é de longe o personagem predileto de Michael Keaton nas palavras do próprio ator. Nenhuma outra vez ele teve tanta liberdade para criar um personagem, Keaton afirma que baseou  seu Beetlejuice no Chop Top de O Massacre da Serra Elétrica 2 - um cara com uma risada estranha, alguns tiques que são ao mesmo tempo engraçados e bizarros, uma personalidade e um tom de voz que vai da calma para a euforia em segundos. Tudo isso com apenas 17 minutos de cena no filme dirigido por Tim Burton.

Tim Burton e uma de suas maiores criações

Na história Adam (Alec Baldwin) e Barbara (Geena Davis) caem com o carro num rio e morrem afogados. De cara já aparecem "do lado de lá", junto com tantos outros mortos, cada um mais estropiado que o outro - tem a senhora de pescoço cortado, o moço amassado pelo atropelamento, a ajudante de ilusionista com o corpo dividido ao meio. Tudo feito à perfeição servindo à mente doentia de Burton. Não é à toa que Os Fantasmas se Divertem levou o Oscar de melhor maquiagem.

Maquiagens impressionantes...
...e premiadas

Adam e Barbara voltam para a sua casa que agora é ocupada por um casal de Nova York e a filha Lydia (Winona Ryder). Ela é a única que consegue ver o casal fantasma e se simpatiza por eles, conversam normalmente. Tudo o que os fantasmas querem é expulsar os novos moradores dali e para isso bolam as mais mirabolantes formas de assustá-los. Tudo em vão.

Um jantar diferente

O plano começa a funcionar quando eles convocam o tal Beetlejuice, que há mais de 600 anos assusta e espanta os vivos que atrapalham a paz eterna dos mortos. O problema é que ele é convencido, desbocado, sujão, porcão. Ele é convocado quando seu nome é dito 3 vezes em sequência.

Beetlejuice convocado por Lydia

A diversão que o próprio título garante está na forma que Burton escolhe para contar uma história de uma casa mal assombrada, é leve, engraçada, mas sem deixar de causar aquela estranheza bizarra característica dos trabalhos dele, principalmente no começo de carreira. Pena que ele perdeu essa mão quando foi ficando mais velho.

O desfile de personagens bizarros

Aqui, ele está chegando ao auge e leva com ele todo um elenco que acreditou na ideia esdrúxula de tirar sarro de um assunto que rendeu tantos e tantos filmes de terror mesmo. Essa era aliás a ideia original do roteiro, mas aos poucos Burton foi convencendo o Estúdio que uma comédia de terror renderia mais. E como rendeu. Os Fantasmas se Divertem deu fama à Baldwin e Davis, além de Winona e claro Keaton, que aqui se encontra no filme em um personagem nada convencional, mas que é a cara de Tim Burton.

Marido perde a cabeça 
Veja abaixo o trailer de Os Fantamas se Divertem.


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

BINGO - O REI DAS MANHÃS (2017)

Alegrando as manhãs

BINGO - O REI DAS MANHÃS (2017) - Daniel Rezende aproveitou as oportunidades que teve. Foi editor do Cidade de Deus - e concorreu ao Oscar por isso - e depois de vários outros de sucesso, como os dois Tropa de Elite, Ensaio Sobre a Cegueira, Robocop (com José Padilha em Hollywood). E finalmente assumiu a direção em Bingo - O Rei das Manhãs, a esperada história que todo mundo já tinha ouvido falar mas nunca em tantos detalhes sobre a vida transgressora de um dos palhaços Bozo.

Um cara ainda em busca de fama

Bingo - que não pôde ser Bozo por questões de direitos autorais - é interpretado por Vladimir Brichta, em seu primeiro papel de destaque nas telonas. O papel foi uma indicação do amigo Wagner Moura, já que o próprio Moura não poderia assumir o papel. Rezende já afirmou em entrevistas que Bingo foi escrito tendo Moura como única escolha. Brichta e Moura são amigos e gravaram até um vídeo promocional hilário para Bingo. Veja abaixo.



A trajetória errante de Arlindo Barreto - o homem por trás deste Bozo - serviu de base para Augusto Mendes (Brichta), ator de pornochanchadas que tenta ser levado mais a sério na carreira. Não apenas pelo próprio ego, mas também para mostrar ao filho e à mãe - uma atriz consagrada - que é sim um ator de talento. Ele consegue um papel minúsculo na novela das 8 da TV Mundial (ou Rede Globo, se preferirem), mas fica irritado porque tem certeza que pode mais.

A saída "triunfal" da TV Mundial

Vai até a TVP (ou TVS, no caso hoje SBT, se preferirem), e acaba entrando numa fila para fazer o teste para o palhaço Bingo. Centenas estão ali sendo reprovados por Peter Olsen (ou Harry Harmon, se preferirem), diretor norte americano que tem a missão de vir ao Brasil instalar o Bingo do jeito que funciona como líder de audiência na televisão de lá há décadas. Mendes se destaca por fazer todos no estúdio rir alto ao fugir do roteiro e descarregar vários insultos contra o gringo que não entende bulhufas de português. Ele passa no teste e é o novo Bingo. Na verdade, Barreto foi o segundo Bozo, mas vale a licença poética.

Já como Bingo...

...ele agrada o gringo diretor

O Bingo de Mendes é criativo, provocador e passa a funcionar melhor quando foge do roteiro engessado e previsível de Olsen. Ele inventa a interação por telefone no programa, e a audiência sobe rapidamente. Em pouco tempo de terceiro ele chega a primeiro, com atrações nada infantis - como o rebolado da Gretchen (Emanuelle Araújo), desbancando o Show da Lulu (ou Show da Xuxa, se preferirem).

O breve relacionamento entre Bingo e Gretchen começou com a participação dela no programa

Ele começa a abusar das drogas e da bebida, inclusive se drogando antes mesmo de entrar como Bingo no programa matinal (algo que Barreto afirma nunca ter feito). Se afasta da família e principalmente do filho, que começa a sentir a sua ausência. Mendes começa a dar problema também no programa, em um momento sangra o seu nariz no palco (algo que Barreto também nega que tenha acontecido). Ele é substituído por outro Bingo.

Bingo substituído
Mendes vai ao fundo do poço - abandonado, esquecido, se entrega mais ainda às drogas e a metade final do filme se presta a mostrar isso. O homem que tinha tudo e abriu mão. Ele encontra a sua redenção na religião e passa a se apresentar numa igreja e a pregar a palavra que acredita vestido de Bingo - Arlindo Barreto ainda faz isso, com sua roupa de Bozo.

O pastor Arlindo Barreto

Daniel Rezende não desperdiçou a chance da sua vida como grande nome por trás de um projeto ambicioso - Bingo é uma estreia honesta, cheia de acertos e que merece grandes aplausos, assim como o homem por trás da roupa de Bozo sempre o quis. Barreto aliás, com relação ao filme, se limitou a dizer que muito daquilo aconteceu, mas nem tudo.

Rezende em ação

BrichtaLeandra Leal - a diretora do programa - estão ótimos também, assim como o jovem ator Cauã Martins - que faz o filho do palhaço - em estreia. A reconstrução de época é algo único, se tem a impressão que o filme é um item saído diretamente dos anos 80, tem muita referência por todos os cantos do filme, sem falar na trilha sonora que tem Echo e the Bunnymen, Devo, Metrô e mais várias oitentistas.

Bingo e seus ajudantes
Além do apuro no visual, Rezende surpreende pelas boas saídas que criou para algumas cenas do roteiro. Em determinado momento Mendes percebe que será substituído, na sequência o eixo da câmera é quebrado, e os holofotes da coxia vão se apagando à medida que um cabisbaixo Mendes passa por eles. Simples e genial.

Mendes perde tudo

Em outro, desta vez um plano sequência incrível detalha os itens do apartamento do protagonista e termina no momento em que ele delira assistindo-se como Bingo na tela da TV. Ele tenta tirar a maquiagem do palhaço e não consegue, é como se estivesse grudado à sua pele. Mendes soca a TV, corta o braco e sangra quase até morte. Acaba resgatado e vai pro hospital. Barreto conta que o acidente aconteceu, só que no banheiro ao se cortar com o vidro do box. Pequenos detalhes de uma vida de abusos e muita palhaçada, no bom e no mau sentido.

"Vivemos de luz e aplausos"

Veja abaixo o trailer de Bingo - O Rei das Manhãs.