terça-feira, 25 de abril de 2023

X - A MARCA DA MORTE (2022) / PEARL (2022)



X - A MARCA DA MORTE (2022) – Dois filmes que poderiam ser um só. Mas Ti West, o diretor, roteirista e produtor, resolveu dividir. X - A Marca da Morte foi lançado antes, apesar de se passar 61 anos depois. 

A trama certamente, você já viu em outras inúmeras produções: grupo de jovens chega à um lugar afastado, no interiorzão dos EUA, e enquanto no começo tudo parece bem, aos poucos a coisa desanda e vira um banho de sangue. Ti West, como grande fã do gênero, soube muito bem homenagear filmes clássicos. Tem muito aqui de O Massacre da Serra Elétrica, Quadrilha de Sádicos, e até O Iluminado... entre tantos outros. Mas West conseguiu algo curioso: homenageou e copiou na cara larga... e mesmo assim, fez algo com gostinho de inédito. 

X - A Marca da Morte tem traços bem evidentes de um road movie. O filme começa com uma viagem de uma trupe que segue numa van até uma fazenda, pra lá de decadente, para rodar um filme. No caso, um pornô. O ano, 1979. A fazenda está tomada pela vegetação e os únicos moradores são dois velhinhos (Pearl e Howard) que não tem nada de amigáveis. As gravações do filme acontecem num celeiro afastado da casa principal, mas em determinado momento a idosa Pearl espia pela janela o que está sendo feito ali dentro. E a partir daí tudo muda. Isso porque a velha se reconhece em Maxine (Mia Goth, atriz estreante escolhida por West para ser o rosto da sua trilogia). Os velhos piram, não deixam os jovens irem embora da fazenda e começa uma matança bastante gráfica e sanguinária. Como disse, é algo já visto em muitos outros filmes, mas aqui tem gostinho de inédito. Além de Goth, o destaque do filme é de Jenna Ortega (da série Wandinha).

X - A Marca da Morte é um bom filme, mas imagino que seria facilmente esquecido num universo onde várias outras obras parecidas já foram lançadas. Por isso, Pearl - lançado pouquíssimo tempo depois - é tão importante. 

Veja abaixo o trailer de X - A Marca da Morte.




PEARL (2022) - O segundo filme da trilogia se passa em 1918 na mesma fazenda, onde acompanhamos a vida de Pearl, aqui vivendo o começo da vida adulta e nada indica que ela vai se tornar a velha maluca de X - A Marca da Morte. Ela já é casada com Howard, mas ele está longe servindo na primeira guerra. Pearl vive na fazenda sob o rígido guarda chuva da mãe alemã e ajudando nos cuidados com o pai, que está preso numa cadeira de rodas e movimenta apenas os olhos. 

Pearl gosta de dançar, se imagina como uma dançarina. Mas tem algo de diferente. Gosta de matar alguns pequenos animais de forma impiedosa. Joga os cadáveres no lago da propriedade, onde um grande crocodilo vive. Ela até brinca de apertar o pescoço do pai, quando a mãe não está olhando. A mãe diz que Pearl tem algo de estranho, que dá medo. Mas o quê, não diz. Fica no ar. 

Ela aposta todas as suas fichas num concurso de dança que acontece na igreja da cidade. Mas a ambição da garota somada às frustrações do dia a dia, resultam numa fórmula assustadora e impiedosa. Pearl explode e passa a somar vítimas, praticamente todos os que estão ao seu redor. 

Goth brilha mais uma vez, apresentando nuances que fazem a sua personagem ir do 0 ao 100 em instantes, explodindo de uma forma assustadora e usando qualquer coisa como arma. E afirmo sem medo: a sequência final está entre as mais impressionantes sequências de terror lançadas nos últimos anos – homenageia clássicos sem perder a própria identidade e é bem difícil de ser esquecida. 

Ti West lança em tão pouco tempo dois bons filmes de terror, que juntos ganham ainda mais peso e animam para a conclusão da trilogia, que se passa imediatamente após X - A Marca da Morte.

Veja abaixo o trailer de Pearl


quinta-feira, 6 de abril de 2023

O URSO DO PÓ BRANCO (2023)



O URSO DO PÓ BRANCO (Cocaine Bear / 2023) – Como é bom ver um filme de terror, no caso terrir, quando a gente não se importa minimamente com nenhum personagem. Tudo vale. E aí qualquer bobagem da história acaba perdoada. E melhor ainda quando absolutamente ninguém se leva a sério. Esse é o charme e o grande atrativo de Urso do Pó Branco, filme dirigido por Elizabeth Banks, atriz conhecida por Ligeiramente Grávidos.

A história de baseia em fatos reais, pelo menos é isso que a produção exibe logo no começo. O ano é 1985 e um traficante doidão de droga, começa a jogar várias malas cheias da droga pela porta do avião monomotor, em que é o único à bordo. As malas cheias de cocaína acabam espalhadas por um parque nacional nos Estados Unidos. Alguns sacos ficam intactos, outros estouram na hora que chegam ao solo. De qualquer forma, um urso acaba atraído pelo cheiro do pó e acaba inalando. Viciado, ele corre pela floresta atrás de mais e mais cocaína. E quanto mais ele cheia, mais violento ele fica. Teoricamente, aquela espécie de urso é pacífica e não ataca seres humanos. Mas quando está possuído pela cocaína, o bichão sai matando um por um, sem dó.

O roteiro é muito hábil na maneira como ele cria a história e constrói a trama, fazendo com que todos os núcleos de personagens se dirijam para um mesmo lugar seguindo por vidas diferentes, no caso uma cachoeira e um gazebo. Dessa forma, o suspense está sempre no ar e por não fazer a menor diferença quem vai ser a próxima vítima, basta a gente ficar de camarote no aguardo para a próxima matança do urso. 

É tudo gráfico, com muito sangue e absurdo, mas são situações divertidas que arrancam boas risadas, no melhor estilo terrir. Claro... no começo a cara do urso e a “expressão facial” (?!) dele incomoda um pouco. Assim como a sobrancelha arqueada e até mesmo o movimento corporal meio estranho. Mas depois, O Urso do Pó Branco vai bem e isso acaba fazendo parte da graça da experiência. 

Vale como homenagem também a Ray Liotta, que atuou ao em seu último filme, antes de morrer precocemente aos 67 anos. 

Veja abaixo o trailer de O Urso do Pó Branco