segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

TODOS DIZEM EU TE AMO (1996)

O amor está no ar

TODOS DIZEM EU TE AMO (Everyone Says I Love You / 1996) - Não adianta. Já tentei de várias formas e não dá certo. Musical não funciona para mim. Não faz minha cabeça. Nem que seja com a genialidade de um Woody Allen. Pelo visto nem o próprio Allen gostou muito da experiência, é o único filme do gênero em sua carreira de quase 50 anos e mais de 45 filmes.

Allen dirigindo Norton e Barrymore

O filme não é ruim, não me entenda mal, mas é que as partes cantadas atrapalham o andamento da trama (assim como em qualquer musical), fazendo do destaque de Todos dizem Eu Te Amo as partes não-cantadas, preferivelmente as partes que tem Woody atuando.

Ex-marido e ex-esposa, se dando bem ao lado do atual marido

Mas é fácil de entender a opção do cineasta por fazer desse seu roteiro um musical. Na metade dos anos 90, Woody vinha de uma sequência de comédias leves, tinha abandonado o estilo pastelão do começo de carreira e sombrio que adotou alguns anos depois. Para um filme que tem o amor como seu personagem principal e se passa em Veneza e em Nova York coberta de neve, um musical seria mesmo a escolha mais óbvia e mais acertada. Só assim para passar o sentimento de felicidade incondicional que ele tanto queria. Não tinha como Todos Dizem Eu Te Amo ser diferente.

As danças espalhadas por todo o musical

Edward Norton, Drew Barrymore, Julia Roberts, Natalie Portman (ainda adolescente), Tim Roth e o próprio Woody dão vida a uma família que vive de indas e vindas do amor.

Portman, à esquerda, no seu quarto filme

O filme decola nas sequências em que Woody tenta conquistar a personagem de Julia Roberts, de tão não-crível as situações ficam ainda mais hilariantes, ao melhor estilo Woody Allen de atuar - neurótico, cheio de palavras e uma fala rápida como uma metralhadora.

Em Veneza Woody tenta o "impossível" - conquistar Julia Roberts

Outra sequência encantadora é do reencontro dos ex-marido e esposa, vividos por Woody Allen e Goldie Hawn. Ao se reencontrarem em Paris, em frente a um dos canais, eles dançam lindamente. Uma cena bonita, bem coreografada, que leva Hawn às alturas, literalmente alçando vôo entre um passo de dança e outro, Woody à conduz com delicadeza.

E Goldie Hawn voa...

Vale por ser Woody Allen e repito, pelos momentos não-musicais, onde todo o poder de texto e direção de atores de Woody se faz mais presente.
Veja abaixo o trailer de Todos Dizem Eu Te Amo.

  

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

FOO FIGHTERS: BACK AND FORTH (2011)

Uma banda madura

FOO FIGHTERS: BACK AND FORTH (2011) - Um documentário musical para fãs da banda de Seatlle. James Moll é um especialista no gênero e abraçou a direção do longa que pretende contar desde a formação até o último disco lançado Wasting Light, de 2011.

Energia no palco

Cada integrante da banda de ontem e de hoje tem seu espaço. Obviamente Dave Grohl tem o maior espaço já que é o líder e o letrista. O filme começa mostrando fotos dos integrantes ainda jovens e com trechos curtos das músicas que marcaram a vida deles - de Queen até uma série de bandas do underground punk.

Fazendo "Wasting Light"

O Nirvana e a morte de Kurt, o período de recolhimento de Grohl e ideia da formação dos FF, os músicos que passaram pela banda, os que deram certo e os que não, disco a disco histórias ricas de um período vivido por aqueles músicos. É interessante observar como no começo o que valia era o processo de se fazer música, cada vez melhor, um álbum cada vez melhor. E com o tempo esse processo ficou mais "relaxado", as famílias se juntando para fazer música e os álbuns, e o resultado claro de todo esse processo.

FF na estrada

O documentário não tem a "voz condutora", ele é conduzido somente pelas entrevistas e assim se torna mais fácil de se entrar na história. Mas é bom que se alerte - é preciso ser fã para gostar do filme, ou é claro ter a mente muito aberta. Um ótimo filme sobre o processo de criação e amadurecimento de uma das bandas mais famosas atualmente liderada pelo cara intitulado "o mais legal do mundo do rock". 

O cara mais legal do rock

O melhor fica para o final. A família de todos os integrantes se encontram num final de semana na casa de Dave Grohl para gravar o "Wasting Light". E entre churrasco, mergulhos na piscina e brincadeiras com os filhos o álbum foi gravado. Convidados inesperados foram aparecendo no estúdio da casa de Grohl abrilhantando ainda mais o final de um bom documentário de uma ótima banda.

O show em Wembley

É impossível não se fazer uma conexão entre este Back and Forth de 2011 e o Soundcity de 2013, documentário sobre o legendário estúdio de mesmo nome, filme este dirigido pelo próprio Dave Grohl. O Dave se sai muito melhor como personagem de um documentário do que como documentarista, o lugar dele é fazendo música.
Veja abaixo o trailer de Foo Fighters: Back and Forth.

sábado, 7 de dezembro de 2013

GONZAGA: DE PAI PARA FILHO (2012)

Breno Silveira, diretor de mais uma cinebiografia de sucesso

GONZAGA: DE PAI PARA FILHO (2012) - Breno Silveira é um cineasta de mão cheia. Gosta de histórias reais e as retrata de forma muito única. Desse gênero no Brasil, poucos profissionais alcançaram tanto sucesso como ele. Dois Filhos de Francisco é um fenômeno do cinema nacional recente. Relutei muito, demorei para assistir por conta do meu (e admito sem medo) preconceito com relação ao gênero musical da dupla Zezé di Camargo e Luciano. Imaginei que seria um melodrama à lá Globo Filmes com cara de novela das sete e feito só para promover a dupla. Não poderia estar mais errado. Me emociono cada vez que assisto ao filme.

Simpatia de Gonzagão


Em Gonzaga: de Pai para Filho, Breno se vê diante de uma das histórias musicais mais ricas do nosso país. Da relação entre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha. Como "pai e filho" e como músicos de sucesso (cada um no seu gênero e na sua época).

Gonzagão, o rei do baião

Uma breve resumo do que o filme conta - Luiz Gonzaga nasceu no meio do sertão de Pernambuco, fez de tudo na vida até descobrir o talento para música e se lançou no mundo como sanfoneiro. Chegou ao Rio e só passou a fazer "sucesso" quando deixou de tocar o que as pessoas queriam ouvir e passou a tocar coisas próprias, nordestinas, baião. Casou, descobriu que a esposa estava grávida e nasceu um menino, que recebeu o nome de Luiz Gonzaga Filho. Gonzagão só pensava em tocar, ganhar dinheiro para sustentar sua família, por isso passou muito tempo ausente da vida da sua esposa e do pequeno Luiz Gonzaga.

Gonzaguinha e sua MPB

Quando a mulher morreu, Gonzagão, que já fazia sucesso, se casou de novo, enquanto crescia no menino um sentimento ruim em relação à Gonzagão, um músico amado por todos, mas incapaz de despertar esse sentimento no próprio "filho".

Tocando sanfona a qualquer momento

O filme conta o crescimento e "amadurecimento" desses dois personagens, tendo como espinha dorsal um encontro tenso entre Gonzaguinha com Gonzagão, nos últimos anos de vida do rei do baião. Um espetáculo de atuação.

O encontro para acerto de contas

Cada um é vivido por três atores, retratando suas vidas na infância/adolescência, vida adulta e na velhice. Os atores escolhidos para viver Gonzaguinha são ótimos, todos com muito ao mostrar uma pessoa muito talentosa, mas rancorosa, reunindo muita raiva contra o pai que ele tanto queria ao seu lado. O destaque é todo de Júlio Andrade que quando aparece é o dono do filme. Capaz de uma semelhança física assustadora com Gonzaguinha, Júlio passa todo o sentimento com um olhar, com o jeito de andar, de se postar em cena. É o grande destaque do filme. Todo o embate de sentimentos de Gonzaguinha, vivido nessa etapa por Júlio, é rebatido com muito êxito pelo não menos ótimo Adélio Lima, que vive Gonzagão nos últimos anos de vida. Uma linda e forte cena.

Gonzaguinha criança...


... na fase adulta como amante da esquerda...


...e com a carreira estabelecida como músico.


Já Gonzagão é vivido quase por todo o filme pelo músico Chambinho do Acordeon. Chambinho se esforça, é simpático, carismático, mas em momentos de mais drama, quando a verdade no sentimento precisa dar a tônica (quando sua primeira esposa morre ou quando ele expulsa Gonzaguinha de casa devido à sua ligação com a esquerda) é fácil de se reparar que não se trata de um ator de ofício. Pena. Chambinho não estraga, mas deixa o filme menos forte em alguns momentos. 

Gonzagão na adolescência...
... na fase adulta...
... e no fim da vida.
O filme não enfraquece, mas deixa de ser melhor. Breno surpreende ao inserir em todo o filme, fotos, recortes de jornal da época, mostrando os reais personagens naqueles momentos. Fazendo isso ele separa os atores dos retratados e dá mais força aos Gonzagas.

No confronto dos sentimentos, a força da trama

Perto do final, Breno redescobre um vídeo dos "reais" Gonzaguinnha e Gonzagão cantando juntos nos anos 80. Uma pérola. E ele encerra o filme com Gonzagão "apresentando" sua família em um programa de TV e diz "esse é meu filho, Gonzaguinha". Emocionante.

O reencontro dos verdadeiros Gonzaguinha e Gonzagão garantem um final emocionante do filme

"Mesmo que seu sangue nunca tenha corrido nas minhas veias, tenho certeza que você sempre foi meu filho."
Veja abaixo o trailer de Gonzaga: de Pai para Filho.