sábado, 7 de dezembro de 2013

GONZAGA: DE PAI PARA FILHO (2012)

Breno Silveira, diretor de mais uma cinebiografia de sucesso

GONZAGA: DE PAI PARA FILHO (2012) - Breno Silveira é um cineasta de mão cheia. Gosta de histórias reais e as retrata de forma muito única. Desse gênero no Brasil, poucos profissionais alcançaram tanto sucesso como ele. Dois Filhos de Francisco é um fenômeno do cinema nacional recente. Relutei muito, demorei para assistir por conta do meu (e admito sem medo) preconceito com relação ao gênero musical da dupla Zezé di Camargo e Luciano. Imaginei que seria um melodrama à lá Globo Filmes com cara de novela das sete e feito só para promover a dupla. Não poderia estar mais errado. Me emociono cada vez que assisto ao filme.

Simpatia de Gonzagão


Em Gonzaga: de Pai para Filho, Breno se vê diante de uma das histórias musicais mais ricas do nosso país. Da relação entre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha. Como "pai e filho" e como músicos de sucesso (cada um no seu gênero e na sua época).

Gonzagão, o rei do baião

Uma breve resumo do que o filme conta - Luiz Gonzaga nasceu no meio do sertão de Pernambuco, fez de tudo na vida até descobrir o talento para música e se lançou no mundo como sanfoneiro. Chegou ao Rio e só passou a fazer "sucesso" quando deixou de tocar o que as pessoas queriam ouvir e passou a tocar coisas próprias, nordestinas, baião. Casou, descobriu que a esposa estava grávida e nasceu um menino, que recebeu o nome de Luiz Gonzaga Filho. Gonzagão só pensava em tocar, ganhar dinheiro para sustentar sua família, por isso passou muito tempo ausente da vida da sua esposa e do pequeno Luiz Gonzaga.

Gonzaguinha e sua MPB

Quando a mulher morreu, Gonzagão, que já fazia sucesso, se casou de novo, enquanto crescia no menino um sentimento ruim em relação à Gonzagão, um músico amado por todos, mas incapaz de despertar esse sentimento no próprio "filho".

Tocando sanfona a qualquer momento

O filme conta o crescimento e "amadurecimento" desses dois personagens, tendo como espinha dorsal um encontro tenso entre Gonzaguinha com Gonzagão, nos últimos anos de vida do rei do baião. Um espetáculo de atuação.

O encontro para acerto de contas

Cada um é vivido por três atores, retratando suas vidas na infância/adolescência, vida adulta e na velhice. Os atores escolhidos para viver Gonzaguinha são ótimos, todos com muito ao mostrar uma pessoa muito talentosa, mas rancorosa, reunindo muita raiva contra o pai que ele tanto queria ao seu lado. O destaque é todo de Júlio Andrade que quando aparece é o dono do filme. Capaz de uma semelhança física assustadora com Gonzaguinha, Júlio passa todo o sentimento com um olhar, com o jeito de andar, de se postar em cena. É o grande destaque do filme. Todo o embate de sentimentos de Gonzaguinha, vivido nessa etapa por Júlio, é rebatido com muito êxito pelo não menos ótimo Adélio Lima, que vive Gonzagão nos últimos anos de vida. Uma linda e forte cena.

Gonzaguinha criança...


... na fase adulta como amante da esquerda...


...e com a carreira estabelecida como músico.


Já Gonzagão é vivido quase por todo o filme pelo músico Chambinho do Acordeon. Chambinho se esforça, é simpático, carismático, mas em momentos de mais drama, quando a verdade no sentimento precisa dar a tônica (quando sua primeira esposa morre ou quando ele expulsa Gonzaguinha de casa devido à sua ligação com a esquerda) é fácil de se reparar que não se trata de um ator de ofício. Pena. Chambinho não estraga, mas deixa o filme menos forte em alguns momentos. 

Gonzagão na adolescência...
... na fase adulta...
... e no fim da vida.
O filme não enfraquece, mas deixa de ser melhor. Breno surpreende ao inserir em todo o filme, fotos, recortes de jornal da época, mostrando os reais personagens naqueles momentos. Fazendo isso ele separa os atores dos retratados e dá mais força aos Gonzagas.

No confronto dos sentimentos, a força da trama

Perto do final, Breno redescobre um vídeo dos "reais" Gonzaguinnha e Gonzagão cantando juntos nos anos 80. Uma pérola. E ele encerra o filme com Gonzagão "apresentando" sua família em um programa de TV e diz "esse é meu filho, Gonzaguinha". Emocionante.

O reencontro dos verdadeiros Gonzaguinha e Gonzagão garantem um final emocionante do filme

"Mesmo que seu sangue nunca tenha corrido nas minhas veias, tenho certeza que você sempre foi meu filho."
Veja abaixo o trailer de Gonzaga: de Pai para Filho.


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