Duas pessoas desconhecidas - interpretados por
Marlon Brando e
Maria Schneider - se cruzam pelas ruas de uma Paris pouco glamorosa, longe da Torre Eiffel e do Arco do Triunfo. O homem parece agoniado e distante, ela se interessa. Momentos depois ela aluga um apartamento e ele está lá dentro, na penumbra. Sem meias palavras eles se abraçam, se beijam ferozmente e transam ali mesmo no chão do apartamento sem mobília.
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Uma relação quente e sem culpa |
Começa um jogo de regras claras - dentro do apartamento eles não tem nomes, nem passado e nem presente, apenas viverão intensamente aqueles momentos. Naquela relação nada é sensual, pelo contrário, é sexual, na carne.
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Íntimos em pouco tempo |
Fora de lá cada um leva a sua vida. Paul está amargurado porque sua esposa acaba de se suicidar no pequeno hotel de propriedade da família. A mãe dele vem visitá-lo e ajuda aos poucos a superar o duro momento. Ele revela em outro momento que é estéril e completamente sozinho, não sabe o que faz em Paris e ao mesmo tempo não tem ambição alguma de voltar pros Estados Unidos.
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Paul conversa com a esposa morta, um homem transtornado |
Jeanne é novinha de tudo. Tem um namorado, tão novo quanto, que sonha em ser cineasta e fazer um documentário sobre a namorada e as mulheres em geral. Ao mesmo tempo que ela se sente segura com o namorado, ela se sente intrigada com aquele americano esquisito e calado.
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Estilosa e à procura de aventuras |
A relação do casal improvável no apartamento se estreita. Poucas palavras, muito sexo e cenas marcantes. Como a da manteiga e a dos dedos de Jeanne, cenas que fizeram com que o filme fosse proibido por muito tempo em diversos países. No Brasil mesmo demorou quase dez anos para ser lançado.
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A "cena dos dedos" |
A famosa cena do sexo anal usando manteiga causou controvérsia no momento da gravação.
Schneider conta em entrevista que a cena não existia no roteiro,
Brando havia sugerido e
Bertolucci embarcou. Envergonhada e jovem demais para se negar,
Schneider fez a cena, mas se arrependeu profundamente. Humilhada, ela chorou. Diz ela, que as lágrimas na cena são reais.
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A "cena da manteiga" com lágrimas verdadeiras |
A aventura sexual dos dois desconhecidos - um fetiche como definido pelo próprio
Bertolucci - tem fim na iminente tragédia final. O enorme barulho que fez na época - mais de choque do público do que sucesso - fez do filme o que ele é, mas é inegável que
Último Tango em Paris se mostrou em erro na carreira dos principais envolvidos.
Bertolucci foi caçado na Itália, condenado à prisão e perdeu vários direitos civis devido à obscenidade excessiva e gratuita,
Brando disse anos depois que o filme foi uma experiência ruim.
Schneider se sentiu violentada e disse que o filme desgraçou a sua carreira, jamais deveria ter aceitado fazer o que te pediram na época.
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Brando e Bertolucci, Schneider ao fundo |
Vendo hoje, mais de 40 anos depois do lançamento,
Último Tango em Paris não choca e por vezes irrita. Na época o choque foi grande, mas visto com os olhos de hoje não empolga.