sábado, 10 de setembro de 2016

ÚLTIMO TANGO EM PARIS (1972)

Dois desconhecidos 

ÚLTIMO TANGO EM PARIS (Last Tango in Paris / 1972) - Início da década de 70. O diretor italiano Bernardo Bertolucci - que ainda não tinha lá um nome muito forte fora do seu país - convidou um astro de primeira grandeza do cinema, Marlon Brando - que já tinha feito filmes como O Selvagem, Sindicato de Ladrões, Uma Rua Chamada Pecado e estava filmando o primeiro O Poderoso Chefão - para fazer um filme de arte com uma atriz francesa novata de 19 anos. Brando topou.

Um apartamento vazio - o local da fantasia

Duas pessoas desconhecidas - interpretados por Marlon Brando e Maria Schneider - se cruzam pelas ruas de uma Paris pouco glamorosa, longe da Torre Eiffel e do Arco do Triunfo. O homem parece agoniado e distante, ela se interessa. Momentos depois ela aluga um apartamento e ele está lá dentro, na penumbra. Sem meias palavras eles se abraçam, se beijam ferozmente e transam ali mesmo no chão do apartamento sem mobília.

Uma relação quente e sem culpa

Começa um jogo de regras claras - dentro do apartamento eles não tem nomes, nem passado e nem presente, apenas viverão intensamente aqueles momentos. Naquela relação nada é sensual, pelo contrário, é sexual, na carne.

Íntimos em pouco tempo

Fora de lá cada um leva a sua vida. Paul está amargurado porque sua esposa acaba de se suicidar no pequeno hotel de propriedade da família. A mãe dele vem visitá-lo e ajuda aos poucos a superar o duro momento. Ele revela em outro momento que é estéril e completamente sozinho, não sabe o que faz em Paris e ao mesmo tempo não tem ambição alguma de voltar pros Estados Unidos.

Paul conversa com a esposa morta, um homem transtornado

Jeanne é novinha de tudo. Tem um namorado, tão novo quanto, que sonha em ser cineasta e fazer um documentário sobre a namorada e as mulheres em geral. Ao mesmo tempo que ela se sente segura com o namorado, ela se sente intrigada com aquele americano esquisito e calado.

Estilosa e à procura de aventuras

A relação do casal improvável no apartamento se estreita. Poucas palavras, muito sexo e cenas marcantes. Como a da manteiga e a dos dedos de Jeanne, cenas que fizeram com que o filme fosse proibido por muito tempo em diversos países. No Brasil mesmo demorou quase dez anos para ser lançado.

A "cena dos dedos"

A famosa cena do sexo anal usando manteiga causou controvérsia no momento da gravação. Schneider conta em entrevista que a cena não existia no roteiro, Brando havia sugerido e Bertolucci embarcou. Envergonhada e jovem demais para se negar, Schneider fez a cena, mas se arrependeu profundamente. Humilhada, ela chorou. Diz ela, que as lágrimas na cena são reais.

A "cena da manteiga" com lágrimas verdadeiras

A aventura sexual dos dois desconhecidos - um fetiche como definido pelo próprio Bertolucci - tem fim na iminente tragédia final. O enorme barulho que fez na época - mais de choque do público do que sucesso - fez do filme o que ele é, mas é inegável que Último Tango em Paris se mostrou em erro na carreira dos principais envolvidos. Bertolucci foi caçado na Itália, condenado à prisão e perdeu vários direitos civis devido à obscenidade excessiva e gratuita, Brando disse anos depois que o filme foi uma experiência ruim. Schneider se sentiu violentada e disse que o filme desgraçou a sua carreira, jamais deveria ter aceitado fazer o que te pediram na época.

Brando e Bertolucci, Schneider ao fundo

Vendo hoje, mais de 40 anos depois do lançamento, Último Tango em Paris não choca e por vezes irrita. Na época o choque foi grande, mas visto com os olhos de hoje não empolga.
Veja abaixo o trailer de Último Tango em Paris.


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