quarta-feira, 30 de agosto de 2017

INVASÃO ZUMBI (2016)

Uma corrida desenfreada

INVASÃO ZUMBI (Busanhaeng / Train to Busan / 2016) - O boom dos filmes de zumbi aconteceu já faz algum tempo. Extermínio (2002), Madrugada dos Mortos (2004), Terra dos Mortos (2005), Diários dos Mortos (2007), Eu Sou a Lenda (2007), Quarentena (2008), e tantos e tantos outros. Esse sul coreano Invasão Zumbi pode ter chegado tardiamente - e com isso acabou repetindo algumas ideias já exploradas em outros tantos filmes do gênero. Mas não é por isso que o sul coreano Invasão Zumbi deva ser evitado. Ao contrário.

Boa parte da ação acontece no mesmo cenário

Na história um pai ausente promete levar a filha até a mãe. A dupla pega o trem e no caminho se deparam com uma cidade parcialmente destruída. E escutam rosnados. Pessoas com os olhos mortos, com membros desvirados e correndo como loucos.

O contaminados
Permissão para "corrigir" o título em português. As figuras contaminadas aqui não são zumbis, elas parecem contaminadas com raiva, como as do Extermínio. Zumbis são mortos-vivos que rastejam, andam devagar atrás de cérebro. Essas criaturas daqui mordem outro pessoa - ou comem - e imediatamente o mordido se torna um ser humano com raiva.

Sem saída

Invasão Zumbi tem um grande mérito - ele se passa sem rodeios, começa a termina dentro do trem, praticamente. E tem todos os elementos conhecidos de um filme desses - os seres humanos egoístas que jogam outros pelo caminho para se salvar, os entes queridos que se transformam nas criaturas (zumbis, pelo título em português) e deixam a gente com aquele gostinho de "puxa, até ele?", os justiceiros que resolvem as coisas com os punho, a relação pai-filha que se fortalece, e claro, uma mulher grávida. Passa rápido e diverte.

Um dos momentos mais tristes do filme

Veja abaixo o trailer de Invasão Zumbi.


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

UM CADÁVER PARA SOBREVIVER (2016)

A lição que a morte ensina

UM CADÁVER PARA SOBREVIVER (Swiss Army Man / 2016) - Coloque Náufrago e Um Morto Muito Louco dentro de uma panela. Mexa bem. Inclua uma boa porção de humor surrealista, existencial e até escatológico. Você terá a receita perfeita de Um Cadáver para Sobreviver, filme de uma dupla de diretores iniciantes - Daniel Scheinert e Daniel Kwan - que com um roteiro potente não tiveram trabalho para convencer Paul Dano e Daniel Radcliffe a entrarem no barco.

Um dos "Daniels" gravando Dano e Radcliffe

Hank (Dano) está  se enforcando. Ele está perdido no que parece ser uma ilha sem qualquer contato com outro humano. Algo chama sua atenção, um corpo jogado ali na areia da praia. Ele recupera o corpo e começa a conversar com ele, leva para as instalações que ele construiu por ali, fala da sua vida, conta sua história e se assusta - o cadáver começa a falar.

Um homem à beira da morte

Tudo, claro, fruto da imaginação de Hank. Manny (Radcliffe) é o Swiss Army Man do título, algo como "Homem canivete". Isso porque ele "ajuda" Hank em qualquer tarefa do dia a dia. Seus dentes servem para raspar a barba de Hank, sua cabeça dura como ferramenta para abrir cocos, a água que sai da sua boca - já que presume-se que ele tenha morrido afogado - serve como chuveiro para Hank, e suas flatulências (?) são o motor propulsor que o transformam numa lancha, por exemplo (sim, é isso mesmo). Um humor estranho que dividiu a plateia de Sundance - metade saiu ainda no meio da projeção.

Um homem multi-tarefas

De qualquer forma a parceria com um morto - que ele acredita realmente estar vivo - faz Hank ter uma nova perceptiva da própria vida e tem papel fundamental na sua salvação. Esta é a grande mensagem que Um Cadáver para Sobreviver apresenta.

Ajudando o amigo a tocar em frente

O problema é que para chegar até essa conclusão enfrentamos um mar de piadas de mau gosto e que incomodam demais, desconectando-nos do filme até certo ponto. Se você conseguir não se incomodar com tudo isso, o filme - que conta com excelentes atuações da dupla principal - tem um significado importante e merece sim ser visto.

Duas vidas que juntas fazem sentido

Veja abaixo o trailer de Um Cadáver para Sobreviver.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

FOME DE PODER (2016)

O homem que levou o McDonald´s para o mundo

FOME DE PODER (The Founder / 2016) - Uma história de sucesso das mais impressionantes e revoltantes já contadas. Uma sacada de mestre de um cara capitalista acima de tudo e, como diz o ótimo título brasileiro, com muita Fome de Poder. O problema é que no caminho ele atropela tudo e todos. A ambição vem sempre em primeiro lugar. E pior é que tudo é real.

Kroc, do lado direito, analisando o projeto de um novo restaurante

Fome de Poder conta a história de Ray Kroc, um irritante homem de negócios vivido por Michael Keaton. Ele tenta a todo custo vender uma máquina de fazer milkshakes, bate de porta em porta em restaurantes espalhadas pelo país, sem sucesso. A sorte de Kroc começa a mudar quando ele recebe uma ligação de um restaurante chamado McDonald's que encomendou seis das suas máquinas de uma vez só. Kroc vai até lá.

Krock insiste para falar com os irmãos do McDonalds

No tal McDonald's ele encontra dois irmãos - Ray e Don, os donos, que criaram um método revolucionário para servir a comida rapidamente com o menor custo possível. "De 30 minutos em 30 segundos", dizem. Ele inventaram ali o fast food. Kroc embarcou nessa ideia e conseguiu, depois de muita insistência, assinar um contrato como novo sócio dos irmãos. Sua missão - fazer filiais do McDonald's por todo o país.

Kroc vendendo, que é o que ele sabe fazer

O problema é que nesse afã de sucesso e expansão a todo custo, Kroc atropelou a autoridade que os irmãos McDonald's teriam nesse processo todo. O contrato assinado por eles não foi cumprido ("contratos foram feitos para serem quebrados", diz Kroc), os irmãos preferiram não entrar na briga. Até que Kroc, já cheio de dinheiro de tantas novas lojas que conseguiu abrir e ao lado de bons advogados, acabou adquirindo o McDonald's todo para ele. Aos irmãos sobrou mudar o nome de seu restaurante original para M simplesmente, que por sinal, faliu poucos anos depois.

O primeiro restaurante, que deu origem à toda rede

A escolha de Michael Keaton foi perfeita, ele não tem uma cara amigável mas encarna muito bem um empresário chato, persistente e até maldoso. A mensagem que fica de Fome de Poder é que para vencer tem que se atropelar a todos, e ser acima de tudo uma pessoa sem limites ou escrúpulos.

Os irmãos McDonald´s

Não basta ser maior, tem que ser O maior e para isso Kroc amassa os menores. Algo que o filme Steve Jobs, dirigido por Danny Boyle, também deixa claro sobre o grande líder da Apple. Uma mensagem que me incomodou tanto que falei pra mim mesmo "não vou mais no McDonalds"... passou dois dias e descumpri minha promessa.
Veja abaixo trailer de Fome de Poder.


domingo, 6 de agosto de 2017

A SENHORA DA VAN (2015)

Mal humorada

A SENHORA DA VAN (The Lady in the Van / 2015) - Alan Bennett é um escritor inglês de mão cheia. Ele se acostumou a retratar a vida de personagens comuns do dia a dia e por isso quando uma senhora passou a morar dentro de uma van na rua em que o escritor morava, tudo se encaixou. Ele acabou transformando aquela experiência real em história. Nasceu ali um livro e depois uma peça que é encenada até hoje na Inglaterra.

A peça de teatro

Maggie Smith interpreta a senhora do título, que vive dentro de uma van numa rua de Camden Town em Londres. Ela e Bennett (interpretado por Alex Jennings) acabam desenvolvendo uma estranha amizade, já que ambos não são nada simpáticos um ao outro, nem minimamente cordial. Ela se apoia na velhice e ele nas manias de um turrão vivendo uma vida solitária.

Uma relação conflituosa

Ele é reservado, mora sozinho e faz o máximo esforço para manter qualquer pessoa distante, até a própria mãe. Fala sozinho em casa o tempo todo, e a forma como o diretor Nicholas Hytner escolheu para preencher o vazio da casa onde ele mora é incrível - Bennett contracena com ele mesmo. No começo parece um irmão gêmeo, aos poucos descobrimos que é ele mesmo, um outro "eu".

O mal humor do vizinho

Por 15 anos aquela mulher morou dentro da van e - depois de conversar com Bennett -, acabou-se "mudando"da rua para a garagem do escritor. O seu espaço sempre foi mal cheiroso, cheio de sacolas e os seus carros - sim, porque ela teve mais de 1  - pintados com um estranhamento amarelo ovo. Mas de onde ela tira dinheiro? Porque é tão irritante e irritável? Qual a história dessa senhora? Aos poucos o roteiro de Bennett soluciona todas essas questões.

A equipe no set

A Senhora da Van é cativante e uma lição dura e curiosa. O paralelo que o texto propõe entre a senhora maltrapilha e a mãe do próprio escritor é leve, porém muito claro. Ele mesmo traça essa linha vez por outra. Ao mesmo tempo em que se vê obrigado a internar a mãe doente em um asilo, ele se cobre de zêlo para proteger a senhora moradora de rua. Não é amor, mas passa longe do ódio. Um sentimento que ele despeja na senhora, ao mesmo tempo que evita lançar sobre a própria mãe.

O "raro" sorriso 

Veja abaixo o trailer de A Senhora da Van.