PATTON - REBELDE OU HERÓI? (Patton / 1970) - Reconhecidamente um rebelde. De opiniões fortes e avesso à aparições públicas. Não media as próprias palavras, gostava de beber - se envolvendo inclusive em algumas brigas por conta disso. Em suma, era um cara difícil. Mas de muito talento. Tudo isso serviria para descrever George, seja Patton - o famoso líder do exército norte americano na segunda guerra mundial - ou C. Scott, o ator. Talvez por isso Scott tenha sido a escolha perfeita para encarnar o papel título do clássico filme de 1970.
O verdadeiro Patton
O roteiro, escrito por Francis Ford Coppola, venceu o Oscar. Uma das sete estatuetas que o filme levou, além de diretor para Franklin Schaffner e melhor filme. E claro, a de melhor ator para George C. Scott, mas o rebelde ator se recusou a receber o prêmio por achar que ele transforma os atores em "mercado de carne", enquadrando-os como em um molde. Abaixo o momento em que um representante do estúdio recebeu a estatueta no lugar de Scott na premiação em 1971.
Patton começa de cara com a clássica cena do general discursando com uma enorme bandeira dos Estados Unidos no fundo. Ele fala direto ao seus comandados que estão prestes a se lançar em solo europeu durante a segunda guerra mundial, mas os soldados nunca são mostrados. De cara percebemos que o general é pra lá de linha dura.
Linha dura
A trajetória de Patton no exército é uma reta ascendente. Seus pensamentos conservadores e nacionalistas guiam seus ideais e o fazem atropelar todos os mandos e desmandos que recebe, e quase sempre se provam escolhas certas que o levam ao sucesso. Sua companhia - o terceiro exército - avança contra todas as condições contrárias graças a mão de ferro do comandante irredutível e boca dura.
Repeitado e odiado, mesmo entre os colegas de alta patente
Só que Patton também enfrenta problemas, principalmente quando as suas atitudes passam a desagradar os altos comandos do exército. Para eles, a instabilidade emocional de Patton traz mais prejuízos do que benesses, como na cena em que ao invadir a Itália ele se vê preso numa ponte com um morador da região e seus dois burros bloqueando a passagem. Patton tira a arma do coldre, mata os animais e os joga ponte abaixo para que seus homens prossigam viagem.
Lendas dizem que os animais foram mortos de verdade para fazer a tal cena
Nesse ponto o sub-título brasileiro é muito feliz - o cara é um rebelde, mas também um herói e durante todo o filme ficamos nos perguntando em qual momento teremos certeza de qual das características se aplica mais a Patton. Pois é... nenhuma. Ele foi um herói de guerra lutando pelos ideais em que acreditava, mas foi um rebelde que causou inúmeras mortes no jogo sangrento da guerra.
Presença Intimidadora
Patton foi tão vilão e assassino quanto qualquer outro, não importa o quão diferente o nacionalista filme de Schaffner tente fazer ele parecer. Patton fez sucesso entre o público mais conservador, como os velhinhos da Academia que viram na derrocada de Hitler o ponto decisivo na "vitoriosa" campanha militar do general norte americano. Mas boa parte do público naquele final dos anos 60 e começo dos 70, não caía mais de gaiato naquele discurso pró-guerra.
Um discurso pró-guerra que não caiu muito bem naquele período
Ficam as boas cenas de guerra com uma quantidade absurda de figurantes e material cenográfico, além de efeitos práticos que só dão valor ao filme. Sem falar na interpretação de Scott, que não apenas o transformou no exemplo do típico militar durão - assim como R. Lee Ermey depois de Nascido para Matar - mas que levou Scott ao panteão dos grandes atores de Hollywood. Pena que ele não queria nada disso...
Nenhum comentário:
Postar um comentário