MARTE UM (2022) – O genuíno cinema brasileiro é de
maravilhar qualquer amante de uma boa história. E não só isso. Quando não tenta
imitar o cinema estrangeiro e usa suas próprias referências e estilos próprios,
fica tudo melhor ainda. Essas histórias brasileiras com personagens tão
facilmente reconhecidos em qualquer cidade do país, só deixam a trama ainda
mais saborosa. E nesse ponto Gabriel Martins acertou na mosca.
Marte Um se passa em Minas Gerais, na periferia,
acompanhando a rotina de 4 pessoas de uma mesma família e suas rotinas tão
próprias e os conflitos entre elas. Tércia é a mãe, casada com Wellington. O
casal tem dois filhos – Eunice é a mais velha e Deivinho, o caçula. O ator que faz o menino sonhador é
estreante nas telonas.
Ele joga bola num time de várzea e o pai sonha que do talento dele saia o
dinheiro que vai sustentar a família no futuro. Mas Deivinho tem outros sonhos,
quer virar astrofísico e fazer parte da tripulação que vai à Marte em 2030 numa
missão de colonização do planeta.
Wellington é porteiro num prédio de classe média alta e é
apaixonado por futebol. Tércia trabalha limpando casas e tem a vida mudada
quando participa de uma pegadinha na TV, onde o ator estoura uma dinamite perto
dela. A mulher fica traumatizada e acredita atrair azar à partir daquele dia. Eunice, a filha mais velha, se apaixona por outra menina e, no impulso, começa a
procurar apartamento para morar. Tudo é rápido e pega os conservadores pais
inesperadamente.
Aqui não tem espaço para melodrama barato, Marte Um foi
feito de tal forma que mais parece um documentário sobre as dores de qualquer família
brasileira. Cada personagem tem peso igual na trama, deixando o resultado final
muito bem balanceado. Talento puro de Gabriel Martins, que equilibrou muito bem e claramente
teve um cuidado especial na preparação dos atores. Todos estão muito bem, principalmente
nos momentos onde a carga emocional aumenta.
Marte Um entrega situações críveis, o que deixa o filme
ainda mais interessante. O drama brasileiro abre mão de recursos fáceis, como
trilha sonora principalmente. Não precisa, nem faz falta. E cá entre nós, o
sotaque mineiro é o mais bonito que tem. Na última cena o pai fala o seguinte
para um dos filhos: “uai, a gente dá um jeito,
sô”. Puro carisma.
Veja abaixo o trailer de Marte Um.
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