MEMÓRIAS (orig. STARDUST MEMORIES) - Em 1980, Woody Allen escreveu e dirigiu esta película, sem grandes estrelas no elenco, além do próprio Woody no papel principal. Ele atua como um diretor de cinema (Sandy) em conflito com seus pensamentos e amores, revisitando toda a carreira através de uma mostra de filmes seus em uma pequena cidade.
Por onde caminha, Sandy é reverenciado por todos, que o idolatram como um grande gênio de filmes de comédia. Todos esperam isso dele, filmes engraçados, mas ele está em uma fase mais madura, buscando realizar obras mais sérias. E ele fica preso nessa "capa" de diretor de comédia e não consegue sair dela.
O sentimento do próprio Woody na época era mais ou menos esse também. Ele vinha de uma sequência de filmes elogiados por crítica e público (O Dorminhoco, A Última Noite de Boris Grushenko - um dos meus favoritos, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa - vencedor de 4 Oscar, Interiores - indicado a 5 Oscar e Manhattan - indicado a 2 Oscar) e Memórias, apesar de ser extremamente refinado e cuidadosamente montado, ainda possui certa resistência do público.
Aos 11 minutos de filme, vê-se em close um coelho morto e na sequência o rosto perplexo de Sandy (cena acima). Dali pra frente o filme todo é uma série de colagens e fragmentos da sua vida, navegando entre a comédia e a tragédia. E mudam-se também os planos de câmeras, que ficam mais ousados, a fotografia, que fica mais exagerada, e as atuações, principalmente dos coadjuvantes, que se tornam mais e mais caricatas. Segundo o diretor, uma homenagem ao cinema de Fellini e às suas figuras únicas.
Não há como passar sem destacar a cena final, quando todos os personagens de seu filme saem do cinema como se tivessem acabado de assistir ao próprio filme e, obvimamente vê-se as críticas dos próprios atores às atuações e à direção de Sandy. Com a sala vazia, abaixo, um desolado Sandy caminha por entre as cadeiras até o fade final.
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