segunda-feira, 25 de junho de 2012



SOMBRAS DA NOITETim Burton é um gênio. Um dos cineastas mais criativos da sua geração. Capaz de tocar o “vespeiro” A Fantástica Fábrica de Chocolate sem estragar nada (gostem da sua adaptação ou não), transforma Peixe Grande em um dos mais belos e completos filmes da última década, tem ainda Edward Mãos de Tesoura, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, sem falar no curta Vincent ( se ainda não viu clique aqui e veja). Todos excelentes filmes! Eu coloco Sweeney Todd, Alice no País das Maravilhas, Noiva Cadáver e este Sombras da Noite, como obras menores do diretor. Tim Burton com esta última aposta, mais uma vez ao lado de Johnny Depp, fica longe da genialidade de outros tempos.



Sombras da Noite é apenas legal. Diverte em alguns momentos, mas será esquecido brevemente. Talvez lembrado apenas na sua sequência, que o final do filme deixa em aberto. A trama gira em torno de um rapaz (Depp) no ano de 1752 que é transformado em vampiro por uma bruxa enciumada. Ele é enterrado vivo e “desperta” em 1972. Aí acontece o que já se espera em todos os filmes com um personagem que se vê em outra época, ele confronta com as facilidades e dificuldades daquela época. Em qualquer filme com esta temática acontece o mesmo. Até aí tudo bem, mas Tim Burton insiste nisso e ele poderia ir além. 


Ao vampiro de Johnny Depp, sempre caricato, se juntam outra gama de personagens estranhos que moram na mansão, formando uma espécie de Família Addams moderna. É certamente a primeira lembrança que surge na memória.


Talvez a melhor delas seja Chloe Grace Moretz (a menininha de Kick Ass), que faz a filha adolescente louca, assim como Michelle Pfeiffer como mãe, também está ótima. Jackie Earle Haley, o eterno Rorschach, aqui aparece como caseiro e vai bem, apesar de aparecer menos. Destaque para a “briga” na sala principal da mansão entre a bruxa e a menina pela qual o vampiro de Depp está apaixonado, claramente inspirado em A Morte lhe Cai Bem, de 1992 com Bruce Willis, Meryl Streep e Goldie Hawn.


Vá assistir Sombras da Noite. Apesar de tudo, ainda é um autêntico Tim Burton. Pena que ele, pelo menos aqui, tenha preferido fazer um filme legal e não ótimo, como é (ou era) costumeiro na carreira.

domingo, 24 de junho de 2012

O DEUS DA CARNIFICINA - Fazia tempo que o Polanksi não fazia algo relevante, na minha opinião. O Escritor Fantasma é chato, O Pianista é muito bom, assim como A Morte e a Donzela, Repulsa ao Sexo, Chinatown... O Bebê de Rosemary eu não gosto. Mas ponho em grande destaque em sua filmografia recente este O Deus da Carnificina.


Em comparação com os demais, é um filme menor e mais simples. Bem mais simples, aliás. O Deus da Carnificina tem apenas um cenário, dividido em três ambientes - um apartamento com cenas na sala, na cozinha e no banheiro.



O ótimo roteiro é do próprio Polanski, em parceria com Yasmina Reza, baseado em uma peça de mesmo nome. Aliás o filme parece uma peça de teatro filmada.



Começa com a imagem, sem diálogo, de dois meninos que se desentendem em um parque. Um deles pega um galho de árvore e bate no rosto do outro. Aí corta para dentro do apartamento com dois casais, os pais dos meninos, discutindo o que fazer agora, já que um dos meninos se feriu seriamente. Tudo começa com aquela politicagem típica de dois casais que pouco se conhecem. Cada um reconhece o erro do próprio filho e tudo vai bem, mas aos poucos as máscaras começam a cair, ao ponto da situação ficar caótica e muito divertida.



Não só o texto é bom, como os atores estão afinados. Jodie Foster e John C. Reilly no papel de pais do menino agredido e Kate Winslet e Cristoph Waltz como pais do agressor. A interação entre eles é ótima, cada um se encaixa muito bem no seu papel.



O filme fica mais rico a cada reviravolta no roteiro, mesmo com a escolha do cenário único. Aliás, é bom que se ressalte, o cenário único não cansa. Parece que tudo flui ainda melhor e dá ainda mais “palco” para que o seu texto e os intérpretes brilhem.