domingo, 23 de setembro de 2012


HISTÓRIAS CRUZADAS (Or. THE HELP) - Historias de racismo sempre chocam, incomodam e, geralmente rendem bons filmes, talvez por ser algo muito próximo e recente, comum à muitos países. Tate Taylor, em seu segundo filme como diretor, entrega uma obra belíssima e tocante na medida certa, sem cair em exageros baratos. Tudo isso graças não apenas ao seu bom comando, mas ao time de atrizes.


A história se passa nos anos 60 em Jackson, no Mississipi, estado mergulhado em problemas raciais. Lá, todas as casas de classe média, portanto brancos, tem suas ajudantes, todas negras, que cuidam das crianças e de todos os afazeres domésticos. São muito mal tratadas, vem juntas das partes mais pobres da cidade, usam uniforme idêntico e são tratadas com desprezo pela maioria dos seus senhorios e senhorias. Alguns brancos pensam diferentes, como Skeeter, interpretada por Emma Stone, uma jovem futura jornalista, que vê no drama daquelas negras a oportunidade de lhes dar voz e ao mesmo tempo, fazer algo diferente para a sua própria vida no futuro, e não seguir os mesmos passos de todas as jovens brancas da pequena cidade de Jackson. Assim, ela passa a frequentar secretamente, as casas dessas trabalhadoras e toma nota de todas as suas histórias de sofrimento, tomando cuidado de omitir ou substituir os nomes, tanto delas como de seus patrões. As historias são condensadas em um livro, que leva o nome The Help, o que causa enorme alvoroço na cidade.


Viola Davies e Octavia Spencer, na foto abaixo, são incríveis atrizes e são os pontos altos do filme. Elas interpretam duas serviçais de forma diferente, a primeira é calada e guarda extrema quantidade de rancor por conta da sua vida difícil desde criança. A segunda é explosiva, não leva desaforo pra casa e diz exatamente o que pensa, até de forma irresponsável.


Emma Stone também está ótima. Se mostra muito além do que uma brilhante atriz de comédia, pode fazer drama com a mesma qualidade.


É um filme matematicamente arquitetado para emocionar e divertir, na mesma medida, mas sem exagerar ou passar dos limites. O mérito é todo de Tate, por isso concorreu ao Oscar de Melhor filme e rendeu uma estatueta à Octavia Spencer. Mas convenhamos sem o brilho dessas atrizes afinadas, o sucesso não seria possível.

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