sábado, 4 de maio de 2013

JANELA INDISCRETA (Rear Window / 1954) - É fácil elogiar Alfred Hitchcock. A sua maior qualidade é transformar pequenas histórias em grandes filmes. Mesmo não sendo reconhecidos como tal no lançamento, o tempo prova que são. Festim Diabólico, por exemplo, assim como Um Corpo que Cai e Os Pássaros, só para ficar em alguns, não foram clássicos instantâneos. Chegaram a essa categoria com o passar das décadas. Rebecca - A Mulher Inesquecível não fez tanto sucesso de público mas levou o Oscar de melhor filme. Psicose é um caso a parte, um sucesso instantâneo. Assim como este Janela Indiscreta, que concorreu a 4 prêmios Oscar - melhor diretor, melhor roteiro, melhor fotografia colorida e melhor trilha sonora. Não levou nenhum.

Hitchcock durante as gravações de Janela Indiscreta

Hitchcock, assim como fizera em Psicose, encomendou o roteiro sobre uma história que já existia chamada "It Had to be Murder", de Cornell Woolrich. O resultado é um filme pequeno, tão simples e ao mesmo tempo tão grandioso. Na época foi o maior cenário construído pelo estúdio da Paramount.

O set visto de fora

E como o vemos durante o filme

Todo o filme é visto do ponto de vista do apartamento de Jeff, um fotógrafo de licença após ter sofrido um acidente. Isso tudo fica claro apenas por um simples passeio da câmera no take inicial que mostra as máquinas fotográficas de Jeff, sua parede cheia de fotografias, uma delas com um acidente de automóvel, e segue pro gesso da perna do protagonista que dorme na cadeira de roda.

Hitchcock quería que fôssemos mais um no quarto de Jeff. E conseguiu.

Aliás esse plano-sequência inicial é um primor porque passeia livremente por todo o gigante cenário, mostra cada uma das janelas e seus personagens se movimentando. Tem a dançarina sexy, o casal com a esposa inválida, a vizinha fofoqueira, o casal excêntrico que dorme na varanda, outro casal recém-casado, um músico deprimido, entre tantos outros.

A dançarina
O casal excêntrico

O músico
O suspeito

E para que esse plano-sequência funcione o metódico Hitchcock usou pontos eletrônicos em cada um dos seus atores e mandava executar suas tarefas falando com cada um individualmente. A preocupação com a captação do áudio ambiente foi uma constante para Hitchcock. Ele queria a todo custo que o áudio ambiente fosse o único a ser ouvido durante todo o filme, evitando a todo custo música incidental. E para isso instalou inúmeros microfones em todo o estúdio para captação dos áudios separadamente e em níveis de áudio também diferente para dar mais realismo a história.

Jeff está preso na cadeira de rodas

Jeff, vivido por James Stewart, imobilizado em seu apartamento, passa os seus dias olhando pela janela, que dá para um conjunto habitacional. Ele suspeita do vizinho da frente quando percebe que a esposa do mesmo, a inválida, misteriosamente não aparece mais em casa e o marido começa a entrar e sair carregando pesadas malas de viagem. A namorada Lisa, vivida por Grace Kelly, também entra na paranoia de Jeff e juntos contactam a polícia para investigar o caso. Será que o suspeito é mesmo culpado?

Jeff e Lisa de um lado...

...e o suspeito de outro.

Tudo é acompanhando do ponto de vista de Jeff e aí a grande genialidade de Hitchcock em Janela Indiscreta. Um filme único, não pela história até certo ponto ingênua, mas mais pela forma, mais um que ajudou a premiar a genial década de 50 de Hitchcock.

O próprio diretor tinha que aparecer, em seus filmes isso é praxe

2 comentários:

Regiane disse...

Ola,

a primeira vez que assisti este filme achei incrível o suspense criado em um único quarto.

Fabio Calamari Miranda disse...

Realmente, Regiane.
Assistir Janelas Indiscreta é uma experiência incrível.
Um exercício único do mestre Hitchcock.