PONTE DOS ESPIÕES (Bridge of Spies / 2015) - O comunismo é uma ameaça constante para os Estados Unidos. Inegável até os dias de hoje. Durante décadas e mais décadas o Tio Sam construiu - e sem julgamento aqui - uma imagem terrível dos comunistas, como sendo terroristas, assassinos de famílias e tudo o de pior.
Um espião não perde os detalhes
Ponte dos Espiões é mais um filme de parceria Spielberg e Tom Hanks que remonta os tempos da guerra fria. A dupla tem fama e reconhecimento, são dois gigantes do cinema mundial. O problema é que há tempos eles não entregam algo à altura da carreira que construíram. Talvez os últimos grandes filmes de cada lado sejam Munique de Spielberg de 2005 e O Terminal de 2004, no caso de Hanks.
Uma dupla de peso
James Donovan (Hanks) vive um carismático advogado destacado pra defender Rudolf Abel (Mark Rylance) um espião comunista em terras norte americanas. A sociedade aterrorizada com o levante comunista, quer eliminar o mal, enforcá-lo em praça pública. Donovan vê no homem uma pessoa como outra qualquer, que apesar do crime merece se defender, um direito assegurado pela Constituição dos EUA.
"Os dois" Donovan...
Durante pouco mais de 1 hora o filme desenvolve a relação dos dois, uma desconfiança inicial que aos poucos vai ganhando outro formato, até de amizade. Embora cada um se mantenha no seu quadrado, defendendo as suas cores. Esse é o ponto alto do filme, a química dos atores é ótima, e garante bons momentos no tenso cenário político do início dos anos 60.
...e "os dois" Abel
Daí para frente, na mais de 1 hora e vinte que ainda tem pela frente... problemas. Donovan segue pra Alemanha Oriental representando os EUA. O intuito é concretizar uma negociação delicada - trocar o espião comunista por outros dois prisioneiros norte americanos.
A relação cliente-advogado
O destaque é a reconstrução de época, nisso Spielberg é expert. Uma das sequências mais bem feitas do filme é a que mostra, logo no começo, o sentimento de medo que é depositado nos norte americanos desde os tempos de escola. A montagem mostra as crianças cantando o hino nacional deles e depois a explosão da bomba atômica e eles com as carinhas despedaçadas, como se seus futuros sonhos estivessem ameaçados de não acontecer.
A melhor sequência do filme
Ponte dos Espiões não é um filme ruim, tem uma boa reconstrução de época e visualmente é perfeito. Mas tendo os nomes que tem por trás - Hanks e Spielberg - é pra se esperar muito mais. Apesar disso, a indicação para o Oscar de melhor filme se justifica pela importância da história baseada em fatos reais. A verdadeira surpresa seria que um filme como este - altamente patriota com Tom Hanks salvando o mundo e dirigido por Spielberg - não levasse a indicação. Mark Rylance é a grande força do filme, pena que na hora final ele tenha sido deixado de lado.
No banco dos réus
A performance de Rylance é notável, ao mesmo tempo que intimida - afinal de contas é um espião - ele gera um pouco de simpatia, por se mostrar como um velhinho frágil. O ator inglês foi premiado pela associação de críticos de Nova York, de Londres, levou o Bafta e foi indicado ao Globo de Ouro, e claro, levou o Oscar de ator coadjuvante. No caso do último prêmio - foi merecido mas injusto (faz sentido?) - Mark Ruffalo e Sylvester Stallone eram votos mais corretos da academia.
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