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Um caixão a ser enterrado |
MUDBOUND - LÁGRIMAS SOBRE O MISSISSIPI (Mudbound / 2017) - "Xi, lá vem mais um filme sobre racismo...". O tema polêmico é mesmo uma constante no cinema norte americano. Algumas dessas produções estouram, como
Django Livre (2012) e
12 Anos de Escravidão (2013), só para ficar em títulos mais recentes. A história - que no fundo parece ser sempre mais do mesmo - por vezes surpreende e traz um ar de novidade a um tema difícil de ser abordado. É o caso d
Mudbound - Lágrima sobre o Mississipi, o primeiro filme da Netflix a chegar com tudo no Oscar.
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Blige - atuação que a tira do lugar comum |
A história, baseada em um livro escrito em 2008, conta a relação de duas famílias - uma negra e outra branca - em um dos estados mais tradicionalistas na já preconceituosa década de 40. Os irmãos brancos Henry e Jamie tem uma boa diferença de idade. O mais velho se muda com o pai, a esposa e a filha pequena para um rancho. La, já moram Hap (
Rob Morgan em sensacional atuação, apesar de ignorado nos grandes prêmios), a esposa
(Mary J. Blige que concorre à estatueta de atriz coadjuvante) e os filhos. Henry já chega como senhorio e Hap não questiona o trabalho escravo que é imposto a si e a sua família.
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Hap e seu filho Ronsell |
Jamie, o irmão mais novo, gosta de farra e ajuda pouco a família no rancho, além de não ter uma boa relação com o pai. Apesar disso ele respeita Henry, por vezes demonstra até mais respeito por ele do que pelo próprio pai. Tudo isso enquanto alimenta um sentimento silencioso por Laura, a esposa de Henry.
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Henry e Laura |
A grande virada do filme acontece com a Segunda Guerra. Chegam as convocações. Jamie e Ronsell (filho de Hap) estão na lista e o filme muda. Ronsell experimenta na Europa uma realidade sem racismo, ele até namora com uma belga loira. E nos braços dela afoga a dor de ver jovens como ele perderem a vida, brancos ou negros. Jamie por pouco não morre em combate, ele chegou a ser salvo por outros soldados... negros.
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Amizade |
Os dois voltam intactos. Jamie, agora um herói de guerra, tem que enfrentar o pai. Já Ronsell, mesmo ostentando o uniforme de combatente reencontra o racismo e o preconceito em Mississipi. E, é claro, o final desta história só poderia se trágico. Daqueles que surpreendem e ao mesmo tempo assustam. Embora a última cena, que foi escrita especialmente para o filme e não existe no livro, seja bem carregada na emoção.
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Dee Rees em ação |
O roteiro é genial. E transforma cada personagem em narrador da história. A sensibilidade é da roteirista e também diretora
Dee Rees. E concorre ao Oscar de melhor roteiro adaptado. E tem chance de levar. Uma história como a de
Mudbound - Lágrimas sobre o Mississipi navega entre o sentimentalismo e a pieguice. Por isso ela se apóia tanto no roteiro, na direção e claro nas atuações. E tudo nessa equação funciona graças ao talento de
Dee Rees.
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