quinta-feira, 13 de junho de 2024

OS IMPERDOÁVEIS (1992)



OS IMPERDOÁVEIS (Unforgiven / 1992) – Ator, produtor e diretor... Clint Eastwood dispensa qualquer apresentação. Começou atuando em papéis minúsculos ainda na década de 50, até que chegou a protagonista graças à Sérgio Leone em Por Um Punhado de Dólares, lançado em 1964. E começou a dirigir na década de 70... os anos se passaram e o gênero faroeste foi um pouco esquecido. Até que na década de 90, Clint tentou reavivar o gênero e teve tanto sucesso que no Oscar daquele ano o filme concorreu a 9 estatuetas, entre elas a de melhor filme.
Os Imperdoáveis começa com uma cena violenta – Quick Mike (David Mucci) esfaqueia o rosto de uma prostituta que teria tirado sarro dele. Corta ela inteira e faz marcas profundas em seu rosto. O dono do bar/bordel chama o xerife Little Bill Daggett (Gene Hackman) e reclama que precisa ser ressarcido, já que a prostituta é sua propriedade e ninguém mais pagará por uma noite com a moça toda ferida.
Pouco tempo depois, um jovem caubói chega à casa de um homem que está cuidando da sua pequena criação de porcos. Seu casal de filhos ajudam. O caubói diz que uma recompensa pela captura de Quick Mike foi estabelecida na cidade e que ele precisa da ajuda de William Munny (Clint Eastwood), homem que no passado foi um violento assassino de aluguel. A princípio ele nega ser quem é e dispensa o caubói. Mas quando seus porcos começam a ficar doentes, Munny vai atrás do jovem de olho na recompensa.
Munny vai à casa de Ned Logan (Morgan Freeman), seu parceiro do tempo de justiceiro e o convence a uma última aventura antes da aposentadoria. A dupla chega à cidade acompanhada do jovem caubói, e incomodam o xerifão Little Bill que começa a persegui-los. Mesmo assim o trio segue a busca.
Clint, além de estrela assina a direção do longa e de certa forma homenageia suas grandes inspirações, principalmente Sérgio Leone, que aparece em destaque nos créditos finais. O ator aliás arrasta o tempo todo a sua voz pra dentro, como se viesse do pescoço e não da boca. Isso só muda no trecho final quando ele busca para efetivar sua vingança. A atuação rendeu a Eastwood a indicação ao Oscar de ator.
Freeman é o mesmo de sempre e Hackman ganha a tela quando está em cena com um personagem que se divide em momentos de simpatia e outros com extrema violência. Os Imperdoáveis levou o Oscar de ator coadjuvante para Gene Hackman, além de melhor diretor para Clint, melhor edição e melhor filme.
Veja abaixo o trailer de Os Imperdoáveis.


segunda-feira, 10 de junho de 2024

NADA DE NOVO NO FRONT (2022)


NADA DE NOVO NO FRONT (Im Westen nichts Neues / 2022) - É a terceira adaptação que o livro clássico de Erich Maria Remarque ganha para o cinema. Mas desta vez é uma abordagem curiosa... que leva a gente para as trincheiras, na primeira guerra mundial, acompanhando as ações do ponto de vista dos derrotados, dos alemães. Nos últimos anos talvez A Queda! As Últimas Horas de Hitler seja o único filme, à ganhar o grande público, que retrate o lado alemão de uma guerra. 

Aqui vemos a ascensão de 4 jovens que saem da Alemanha para se alistar no exército e lutar nos campos de batalha assim como tantos outros, o grupo é inflamado pelas palavras de incentivo do alto comando alemão: "vocês são a geração mais importante da Alemanha neste momento", "vocês vão trazer a Vitória para nós", "em breve estaremos marchando sobre Paris". Todos vibram como se fosse final de Copa do Mundo e embarcam ainda mais alucinados para ir pra batalha matar inimigos. 

A questão é que em pouquíssimo tempo essa romantização da guerra já cai por terra e eles descobrem o óbvio. Primeiro que mal cabem na roupa, já que ela pertencia a outros soldados. Todas elas reaproveitadas de outros soldados mortos. Os capacetes que recebem tem furos de bala. Tudo naquele momento no exército alemão é reaproveitado. Isso porque o país vive uma crise sem igual e uma vitória na guerra é a única coisa que pode manter o espírito alemão em alta.

Assim que os 4 amigos chegam nas trincheiras encontram morte, dor, bombas e tiros que caem e saem por todos os lados, pessoas desmembradas, sangue. É o horror da guerra em estado bruto. Rapidamente percebem que foram enganados, mas não tem escolha a não ser lutar. Um dos jovens ainda diz: "Minha mãe me deu um conselho, coma bem por lá", enquanto chora desesperado, segundos antes de uma bomba cair perto e destruir boa parte da trincheira onde eles e outros soldados alemães estão. 

O trabalho de Felix Kammerer, como Paul, realmente é muito bom, ele carrega o filme e é interessante ver como o seu personagem desmonta a cada cena, a cada novo dia, a cada batalha, transformando-se de um jovem sorridente e alegre em um homem sisudo, fechado, completamente abalado pelos horrores da guerra.

Talvez mostrar o lado da desilusão de jovens soldados alemães seja o único ponto realmente novo de Nada de Novo no Front, o resto é mais do mesmo, nada que você já não tenha visto em qualquer outro filme ou série de guerra:
- O Resgate do Soldado Ryan foca em um elenco recheado e bela fotografia...
- Além da Linha Vermelha foca no lado mais filosófico da guerra...
- Apocalipse Now foca no desespero e nas alucinações soldados...
- Perdas e Danos foca na violência causadas aos civis vietnamitas...
Platoon foca no tédio que ocupava a mente dos jovens que estavam numa guerra sem sentido...

Enquanto isso, Nada de Novo no Front não foca em nada específico, sai atirando em tudo, para todos os lados e em nada acerta. 
Definitivamente, não há nada de novo aqui... Veja abaixo o trailer de Nada de Novo no Front:




quinta-feira, 6 de junho de 2024

AKIRA (1988)

 



AKIRA (1988) - Um mangá em 6 volumes lançados por quase 10 anos no Japão se tornou um símbolo, não apenas para os fãs da arte mas também para muita gente que sequer sabia o que era aquilo. O sucesso gigante fez do mangá um filme, que acabou nos cinemas. É cultuado até hoje e ainda serve de inspiração para muitos animadores mundo afora.

A história de Akira é complexa. O ano é 2019, já se passaram 30 anos da terceira guerra mundial que dizimou o Japão. Tóquio agora é Neo-Toquio e é dominada pela violência de gangues que buscam superar uma a outra. O foco principal é na gangue liderada por Kaneda, que tem uma moto vermelhada estilosa e cheia de modernidades. Seu amigo Tetsuo vive querendo a moto emprestada, mas Kaneda nega. 

A gangue dos palhaços é mais violenta e quando elas se encontram o confronto é certo. Parece não haver policiamento, ordem, limpeza... nada. Tóquio é bem diferente da que conhecemos hoje. A cidade vive uma realidade de pura distopia, com ruas abandonadas, pixadas, prédios altíssimos. Quem vive lá em cima mal vê o caos lá de baixo.

Mas essa realidade fica pequena quando em uma das brigas entre as gangues surge nas ruas uma figura estranha... um menino cinza, com poderes mediúnicos, que flutua e tudo. Chama a atenção de todos que ficam sem entender do que se trata. Tetsuo acaba levado por agentes do governo e sendo envolvido num projeto secreto que usa pessoas como cobaias em experimentos científicos. A trama de Akira é muito profunda e cheia de camadas que revelam uma trama fantástica e rocambolesca que parece não ter fundo. 

O traço do mangá e o estilo da animação foi inovadora para a época do lançamento. Foi a primeira vez que uma animação usou tantos frames, o que deixa os movimentos mais fluídos e próximos da realidade. Tiro certeiro de Otomo Katsuhiro, o idealizador do mangá e diretor dessa animação que inspirou não só outras animações como vários filmes live action.

Veja abaixo o trailer de Akira.




segunda-feira, 3 de junho de 2024

O MENU (2022)


O MENU (The Menu / 2022) – O roteiro esteve anos na lista dos roteiros malditos de Hollywood. Não se sabe ao certo porque tocar esse projeto adiante, mas ainda bem que fizeram. O Menu é crítica pura a tanta coisa, sem falar no estilo que chama tanto a atenção.

A historia começa quando 12 pessoas são levadas para uma pequena ilha deserta, para comer preparos de altíssima culinária no restaurante Hawthorn, comandado por chef Slowik, interpretado por Ralph Fiennes. Ele é muito educado, cortêz e fala quase sempre com uma voz muito calma, como se escolhesse tudo o que precisa ser dito, mas no fundo age de forma estranha, como se escondesse algo.

Cada pessoa pagou 1250 dólares, para degustar 7 pratos exclusivos criados pelo chef. O problema é que ninguém está preparado para o que vai acontecer.

O Menu se passa quase que inteiramente dentro do restaurante com o chef indo mais à fundo, a cada prato, enquanto um batalhão de cozinheiros faz os preparos. Todos, como um exército, seguem cegamente os mandou e demandas do chef Slowik. Basta ele bater uma palma que todos param exatamente o que estão fazendo para ouví-lo atentamente.

Anya Taylor-Joy está ótima e rivaliza com Fiennes como a grande força de O Menu. As ótimas interpretações da dupla são mesmo um presente que o excelente roteiro proporciona. Em nenhum momento o caldo entorna (olha aí um trocadilho culinário...). John Leguizamo e Nicholas Hoult também estão no elenco. 

Talento puro de um realizador britânico chamado Mark Mylod, que produziu episódios de séries como Game of Thrones e Succession. Nos longas metragens, O Menu é a sua quarta participação como diretor e, de longe, o seu maior trabalho. 

As surpresas são realmente inesperadas, e escalam aos poucos, sempre nos deixando intrigados com o que pode vir a seguir. Por isso, O Menu passa rapidinho. O clima pesa, é difícil de assistir em alguns momentos, mas vale como um excelente exemplo de um roteiro bem escrito e bem desenvolvido. E as minimalistas interpretações são puro deleite. 

Veja abaixo o trailer de O Menu.