O CAVALEIRO SOLITÁRIO (The Lone Ranger / 2013) - É difícil imaginar o que passa na cabeça de produtores e grandes estúdios depois de lançarem um filme que se torna um sucesso absurdo, que arrecadou quase 4 bilhões de dólares em todo o mundo. É muito dinheiro e que mexe com a cabeça de qualquer um. É normal que um passo seguinte seria apostar no mesmo time para fazer outra saga surgir, quem sabe fazer mais dinheiro? Aqui, a produção é de Jerry Bruckheimer, a direção é de Gore Verbinski e Johnny Depp é o ator principal. A mensagem é mais do que clara. Com O Cavaleiro Solitário eles pretendiam reviver o sucesso da série Piratas do Caribe, mas será que conseguiram?
Tirando Hammer (de chapéu branco ao fundo), está aqui a mesma equipe de Piratas do Caribe
O Cavaleiro Solitário remonta a série Lone Ranger, um cowboy fictício de rádio, cinema, televisão e HQ de sucesso criado em 1933. Se tornou muito popular e caiu nas graças do público, junto com seu fiel escudeiro, o índio Tonto. No Brasil Lone Ranger foi chamado de Zorro devido a dificuldade na época em se encontrar uma tradução para "ranger", o que criou uma confusão anos depois. Mas é bom que se saiba que são dois personagens diferentes - Zorro e Cavaleiro Solitário.
Colocando ambos lado a lado, dá para perceber claramente a diferença
A dupla na famosa série de TV
No longa de 2013, Johnny Depp vive Tonto como se ainda fosse o Capitão Jack Sparrow... de novo! Ele parece ter assumido tão bem o papel do engraçadíssimo capitão de Piratas que vira e mexe acaba revivendo o papel. Depp está cheio de caras, bocas e trejeitos de Sparrow. Tudo o que é bom tem mesmo que ser aproveitado ao máximo, mas não tanto Mr. Depp. Sua maquiagem foi inspirada na pintura "I am Crow" de Kirby Sattler.
Depp e a píntura de Sattler
O problema é que aqui em algumas cenas Depp apenas parece fazer graça sem motivo algum. De longe o Tonto dele se parece com o Sparrow no quesito "comédia". Em Piratas a graça saía mais natural. Aqui Depp exagera, perde o tom. Depp tem que entender que não é humorista, não precisa ficar fazendo graça para se mostrar à vontade em um papel.
Depp à vontade... até demais
Depois de encarar uma dupla de gêmeos em A Rede Social e o namorado de J. Edgar Hoover no filme de Eastwood, Armie Hammer tem aqui o papel da sua vida - vive o ranger John Reid, o herói mascarado parceiro de Tonto.
Armie Hammer
O filme começa com um menino na década de 30 visitando um museu com alguns objetos do Velho Oeste americano expostos. Um deles é um índio comanche. De repente o índio se mexe, olha pro menino e começa a lhe contar uma história. Corte seco. No meio do deserto uma ferrovia está sendo construída enquanto um trem leva dois caras acorrentados por outra via - Tonto e Butch Cavendish. Ao ser desviado da sua rota original, os dois se soltam e Reid, que também está a bordo, prende Tonto enquanto Cavendish foge. É o início da dupla.
A dupla não se dá bem desde o início da trama
A princípio os dois não se bicam, trabalham juntos a revelia, mas a dupla funciona. Como terceiro ponto da trama Butch Cavendish, o vilão, é vivido por William Fichtner. Uma pena gastar um personagem tão importante em um ator sem peso, apesar de seu extenso currículo no cinema. Faltou alguém como um Daniel Day-Lewis ou um Gary Oldman, sei lá, alguém do tipo.
O vilão merecia um ator de mais peso
Cavendish é endossado por Cole o homem do dinheiro por trás da construção de rodovias e que planeja passar para trás todos os seus parceiros e pegar para ele toda a grana resultante das ferrovias. Ele faz o trabalho limpo, Cavendish o sujo. Cole é interpretado por Tom Wilkinson, aí sim uma boa escolha, para um papel que exigia tal peso.
Wilkinson em um personagem que é mais lobo do que carneiro
As sequências de ação são o grande atrativo do longa. E é pontuado por sequências engraçadas, principalmente de Depp e suas caretas em contraste com o "todo certinho" Reid, que não gosta de atirar, prefere levar os criminosos para a cadeia.
Os heróis presos em uma armadilha em uma das boas sequências do longa
Helena Bonham Carter é a dona de um bar de "mulheres da vida" da região, mas é muito mal utilizada. Não há razão de fazer seu personagem aparecer com certo destaque nos banners do filme, afinal de contas ela aparece apenas em dois momentos do filme, não deve dar 15 minutos de tela. Mal proveito de uma boa atriz em um personagem fraco e até certo ponto, sem propósito.
Helena mal aproveitada
Em alguns momentos, Gore Verbinski faz de O Cavaleiro Solitário uma aventura como aqueles bang-bang de TV. Mocinhos, bandidos e índios duelando no velho oeste americano. Nesses momentos, o filme empolga bastante.
Bang bang de TV dos anos 50
O que esperar então de O Cavaleiro Solitário? Boas cenas de ação e convincentes interpretações dos atores, a meu ver mal escolhidos. É impossível não se fazer conexões com Piratas e se constatar logo de cara que O Cavaleiro é um retumbante fracasso. Talvez se for criado um brinquedo na Disney ou com a venda de DVDs ou produtos relacionados ao longa eles consigam reaver parte do prejuízo. Mas nos cinemas vai ficar devendo porque o boca a boca é cruel e ele não é favorável.
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