Em O InquilinoPolanski escolheu ele mesmo como personagem principal de um thriller assustador. Ele faz o papel de Trelkovski, um descendente polonês à procura de um lugar para ficar em Paris. Chega a um apartamento caindo aos pedaços onde a pouco vagou devido à tentativa de suicídio da antiga locatária. Simone Choule está internada e completamente enfaixada em quase estado de mumificação depois de se jogar da janela.
Simone após o "acidente"
Trelkovski aluga o tal apartamento e toca a sua vida modesta. Ele passa a se sentir incomodado pelos vizinhos e o síndico que a todo o momento lhe chamam atenção cobrando-o por fazer barulho demais, assim como faziam com Simone quando lá ela morava. O pacato Trelkolvski passa a frequentar um restaurante e sem perceber passa a tomar chocolate quente e a fumar Marlboro, do jeito que Simone fazia, deixando de lado o seu café e sua marca de cigarros favorita.
O pacato Trelkovski falando com a zeladora
Obcecado pela janela onde Simone havia tentado o suicídio, Trelkovski passa a observá-la o tempo todo e percebe que dá para ver uma outra janela onde os demais condôminos aparecem por lá e ficam a observar o apartamento de Trelkovski fixamente... assustadoramente.
Os vizinhos fitando-o sem explicação
Ao vasculhar o apartamento, Trelkovski acha um buraco na parede coberto com algodão e dentro dele um dente humano. As visões cada vez piores e mais esquizofrênicas levam Trelkovski ao cúmulo do delírio. Ele não vê outra saída senão se vestir de mulher, usando as roupas da Simone e se jogar também da janela.
A visão da janela...
...e o desfecho
Os seus vizinhos aparecem para ajudá-lo, mas Trelkovski os vê como assassinos, como culpados por fazerem-no se "transformar" em Simone. Os demais moradores, assim como o síndico e a faxineira, todos são mais velhos. No lugar de bons velhinhos, Trelkovski vê apenas grotescas figuras, um recurso usado também no filme A Comunidade, de Álex de la Iglesia, de 2000.
Os idosos vizinhos que causam terror em Trelkovski
A história claustrofóbica em um ambiente assustador e ao mesmo tempo familiar fazem parte do mundo de Polanski, que se sente muito a vontade para contar a história desses personagens. O Inquilino é muito eficiente neste quesito, poucos filmes passam tanto o terror e o suspense com tão poucos efeitos. Mais um exercício glorioso na irregular carreira do brilhante Roman Polanski.
Nenhum comentário:
Postar um comentário