segunda-feira, 21 de abril de 2014

DIANA (2013)

Diana bela, mas sem brilho

DIANA (2013) - O choque foi grande, principalmente na Grã Bretanha. O dia 31 de agosto de 1997 marcou a todos por lá pela tragédia que caiu sobre a real família britânica - a morte da Princesa Diana num acidente de carro em Paris. Os paparazzi que perseguiam Diana foram considerados os culpados. Ela estava ao lado de Dodi Fayed, apontado como namorado de Diana à época. A história contada no livro "Diana: Her Last Love" de 2001 trata a relação com Fayed de forma diferente. E é na história contada nesse livro que se baseia o longa Diana.

O livro que inspirou o filme

Segundo o livro o médico Hasnat foi o grande amor da vida de Diana

Jessica Chastain estava entre as favoritas para interpretar Diana, mas o papel ficou mesmo com Naomi Watts. A atriz, também britânica, deu uma forçada no sotaque, encarnou o olhar triste de Diana e usou figurinos idênticos, mas nada disso adiantou. É sem dúvida, um dos piores trabalhos de Naomi. Só pelo trailer já dá para perceber que ela não está nada confortável no papel que poderia lhe proporcionar uma maior notoriedade.

Naomi não esteve inspirada em Diana

O filme contempla os últimos dois anos da vida de Diana, justamente no período que ela começa a se envolver com o cirurgião Hasnat Khan. A relação não é das mais fáceis, vivem de encontros às escondidas e quando são descobertos pelos paparazzi tudo desmorona. Sem sossego, Diana traz Hasnat para o "inferno" da sua vida agitada. As brigas se tornam constantes. O fim do relacionamento é a única saída. Pouco depois, Diana se aproxima de Dodi Fayed. Ela é fotografa no iate de Fayed.

A do filme e a real, ambas perdidas

Oliver Hirschbiegel dirige o longa. Seus filmes mais famosos são A Experiência de 2001 e A Queda! As Últimas Horas de Hitler, de 2004. Em Diana, Oliver se propôs a mostrar uma princesa frágil, vulnerável e influenciável, em alguns momentos até sem sal. Isso contribuído é claro, pela fraca atuação de Naomi

A semelhança entre as "Dianas" fica só nas roupas
O clima documental é uma das apostas de Oliver, nos vemos inseridos na realidade do palácio exclusivo onde mora a princesa de Gales. Damos pela conta que Diana, apesar do conto de fadas que sempre viveu, é uma pessoa normal e muito insegura, dependente dos filhos William e Harry (que são vistos em uma cena rápida e de longe) e necessitando de um amor a quem confiar.

O amor impossível de Hasnat e Diana

Como resultado o filme Diana não decola, não funciona. Uma personagem tão rica como Diana merecia um recorte maior da sua vida, mesmo que fossem em pequenos flashbacks e não apenas os últimos dois anos. Para quem assiste filmes recentes sobre a intimidade da realiza britânica, como em A Rainha e A Dama de Ferro, se deparar com Diana não deixa de ser uma decepção.

Cenas da vida real representadas quase à total semelhança

Veja abaixo o trailer de Diana.

domingo, 13 de abril de 2014

HERÓIS DE RESSACA (2013)

20 anos depois, o propósito desse reencontro

HERÓIS DE RESSACA (The World´s End / 2013) - Edgar Wright e Simon Pegg estão de volta! Todo Mundo Quase Morto, o maior sucesso da dupla que escreve, dirige (Wright) e atua (Pegg), foi lançado em 2004. É sobre como dois amigos perdedores (Pegg ao lado do seu inseparável Nick Frost) lidam com suas vidas após um ataque zumbi que vem dizimando Londres. Se você ainda não viu nem precisa continuar lendo esse post...

Todo Mundo quase Morto de 2004, uma comédia obrigatória

Depois veio Chumbo Grosso, que repetiu o trio Wright-Pegg-Frost, mas sem tanto sucesso. E agora chega Heróis de Ressaca, que parece ser um título idiota mas tem tudo a ver com o propósito do filme e leva o carimbo de Wright e Pegg, uma comédia escrachada, absurda e cheia de referências.

Amigos antes...
... nem tão amigos assim hoje

O filme começa com um flashback de 5 amigos no início dos anos 1990 na pequena cidade de Newton Haven, nas proximidades de Londres, onde estudam. Lá eles criam um mapa, chamado de "Golden Mile" - trata-se de um plano para que em uma noite eles passem por cada um dos 12 pubs locais, é claro, bebendo em cada um desses 12 pubs. O flashback acaba mostrando o motivo de eles não conseguirem completar a Golden Mile - um passa mal de tanto beber depois do quarto pub, outro se perde da turma, e o resto dorme no jardim antes de chegar ao último pub, chamado The World´s End, o título original do longa.

A "Golden Mile" e os 12 pubs

Um corte seco nos leva aos dias de hoje quando o líder da turma, Gary King (Pegg), tenta juntar o grupo para tentar refazer a Golden Mile. Mas uma coisa é fazer a trilha quando se é jovem, nos seus 20 e poucos, outra é fazer depois dos 40. King não cresceu nada, usa as mesmas roupas, dirige o mesmo carro, é imaturo e tem as mesmas manias de antes, enquanto os outros levam as suas vidas, casados com filhos, encaminhados na carreira. Chegam contrariados à Newton Haven, mas dispostos à ajudar King na missão, que parece ser seu único objetivo concreto na vida.

PRÓXIMOS PARÁGRAFOS TEM SPOILERS

Depois do quarto ou quinto pub, onde todos já se entregaram à bebida, geralmente pint ou vodka, obviamente eles ficam ligeiramente bêbados. O filme também se entrega à esta bebedeira e a história dá uma reviravolta inesperada. King está no banheiro e puxa papo com um garoto, de uns 15 anos. O garoto não responde, não tem expressão alguma e King, irritado, puxa uma briga com o jovem. Em certo momento ele arranca a cabeça do menino com um golpe e começa a vazar uma tinta azul do pescoço solto.

Sangue azul?

Pelo barulho os quatro amigos de King entram no banheiro e veem o garoto sem cabeça se contorcer no chão. Logo, entram outros quatro garotos e começa uma briga generalizada entre os oito. Não demoram para perceber que os garotos são na verdade droides ou robôs, bonecos ou o que quer que seja, a certeza é que não são humanos. Saem de lá rapidamente.

Newton Haven dominada por eles

A cidade de Newton Haven se mostra dominada por estes robôs que "substituem" os originais e assumem seus corpos deixando clones em seus lugares. O corpo humano então é descartado e serve de adubo, para o serviço das máquinas, comandada por uma força alienígena. Por mais que o lógico seria recolher as coisas e cair fora dali, eles decidem primeiro completar a Golden Mile. Eles destroem robô a robô, no meio de um pint e outro.

FIM DOS SPOILERS

O notável em cada filme roteirizado, dirigido e atuado por Wright e Pegg é a total falta de certeza dos próximos passos na história, ficamos à deriva e, literalmente, qualquer coisa pode acontecer! Além de boas piadas, muito bem encaixadas, o bem elaborado roteiro de Heróis de Ressaca nos leva à uma crítica no modo como a humanidade se entrega à sua própria digitalização. Hoje tudo depende de celulares, tablets, interfaces, a nossa dependência das máquinas é grande e presente. Não dá para se imaginar que esse seja o desfecho de um filme de comédia, não é mesmo? Mas é por aí que o filme caminha. E muito bem, por sinal.

Atores engraçados, roteiro bem elaborado e um diretor talentoso

É o humor britânico e nonsense, bebido na fonte de Monty Python, que merece respeito e merece ser assistido, ainda mais se você for fã de Todo Mundo Quase Morto. O humor é o mesmo, tem o mesmo ritmo e a dupla Pegg/Frost segue muito afiada. Indispensável.

Tudo é revelado... até o fim do mundo com esses caras fica engraçado!

Destaque para o hilariante uso de Alabama Song (Whiskey Bar) dos Doors, assim como também foi muito bem sucedido o uso de Don´t Stop me Now do Queen em Todo Mundo Quase Morto.
Veja abaixo o trailer de Heróis de Ressaca.


domingo, 6 de abril de 2014

MACHETE KILLS (2013)

Machete está de volta!

MACHETE KILLS (2013) - Robert Rodriguez é um cara de sorte. E um multi-tarefas também. Em seus filmes ele sempre faz o máximo possível - direção, roteiro, edição, fotografia, trilha sonora... e por aí vai. É fácil saber quando um filme leva a marca dele. Ou você discorda que algumas obras da sua filmografia seguem um mesmo padrão - O Mariachi, A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno, Era Uma Vez no México, Sin City, Planeta Terror, Machete. Tudo é sempre violento, com um pé na comédia, personagens caricatos e em lugares afastados dos grandes centros urbanos.

Michelle Rodriguez passa o texto com o diretor Robert Rodriguez

Machete Kills é o segundo filme da prometida trilogia sobre um mexicano justiceiro (Danny Trejo) que usa  prioritariamente um facão para executar seus opositores. "Prioritariamente" porque é sempre impossível de se imaginar o que Machete vai usar de letal no seu próximo embate. A ideia para a personagem nasceu durante o projeto Grindhouse de 2007 que juntou os ótimos Planeta Terror e À Prova de Morte, este último de Quentin Tarantino, amigo pessoal de Rodriguez. Machete era um dos falsos trailers. E que acabou virando filme em 2010.

  
Agora na sequência Rodriguez abusa das participações ilustres - Charlie Sheen (que assina como Carlos Estevez, seu nome real, pela primeira vez na carreira), Mel Gibson, Lady Gaga, Sofia Vergara, Cuba Gooding Jr., Antonio Banderas e mais alguns.

Machete dominado
Machete é Danny Trejo, claro. Desta vez ele é contratado pelo presidente dos EUA (Charlie Sheen) e a sua missão é voltar ao México e descobrir quem é Voz (Mel Gibson), traficante que planeja iniciar uma guerra nuclear e depois fugir para a órbita da Terra. Nada poderia ser mais absurdo. Ao final da história nonsense vemos um trailer que mostra Machete sendo mandado para o espaço - o Machete Kills in Space.

Parceria refeita 

Sofia Vergara é uma cafetina que usa suas prostitutas como seu exército e tem nos seios (!) as maiores armas, soltam fogo, tiros e flechas.

Sofia Vergara (ao centro) e seu exército
Michelle Rodriguez revive Shé, a justiceira braço direito de Machete que usa a coragem além de um tapa-olho no lado direito. 

Michelle Rodriguez em ação

Lady Gaga, Antonio Banderas e Cuba Gooding Jr. vivem o mesmo personagem (!), são o La Chameleón, vilão que troca de personagem quando tira seu rosto (!) fora, como um capuz.


Lady Gaga,

Antonio Banderas e

Cuba Gooding vivem o mesmo personagem.

Mel Gibson é o vilão Voz que no meio do filme tem o rosto queimado e usa uma máscara para cobrir os ferimentos e se torna o grande vilão do filme e da saga Machete.

O vilão

Mais dinheiro, mais personagens, mais cor, mais absurdos... porém menos Machete. O filme nasceu como um projeto B com um ar meio setentista, característica que foi abandonada por completo neste Machete Kills. Não entendam mal, não é um filme ruim, pelo contrário, continua na linha bom-mas-sem-noção, mas perdeu um pouco do que o primeiro Machete tinha e se focou quase que totalmente no absurdo das situações.

Sim, Machete aguenta corrente elétrica passando por ele

Diversão garantida porém com uso constante de efeitos por Rodriguez, que parece adorar isso - colocar na pós produção tiros nas armas, sangues nas pessoas, aumentar explosões... Essa é a diferença de alguns filmes feitos por ele e por Tarantino, que segue a mesma "linha de filmes". Quentin se preocupa mais com os feitos e menos com efeitos, ele prefere fazer valer em estúdio e não recorrer à pós-produção. Basta comparar Django Livre, Kill Bill, Bastardos Inglórios, À Prova de Morte e depois assistir Machete Kills. Incomoda um pouco, mas são escolhas.

Tom Savini e Danny Trejo juntos novamente

Quanto ao bom Machete Kills cabe a nós sentar, assistir e se divertir, isso é garantia, independente dos usos exagerados de gráficos digitais que Rodriguez tanto tem gostado. 
Veja abaixo o trailer de Machete Kills.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

A VIAGEM (2012)

Muitos personagens, muitas histórias, muitas conexões... uma só vida

A VIAGEM (Cloud Atlas / 2012) - Tudo começou em 2004 com um livro audacioso de David Mitchell, que mistura vários períodos da humanidade, desde o século 19 até o futuro pós-apocalíptico dominado por clones. Fez muito sucesso e ganhou prêmios de literatura, principalmente por sua linguagem desafiadora para os leitores, que mistura os períodos de tempo, mescla as viagens, sem deixar claro que horas termina uma e recomeça a outra. É tudo parte de uma mesma jornada.

O futuro pós-apocalíptico

Transpor as páginas do livro para as telonas parecia impossível. Até que os Irmãos Wachowski e Tom Tykwer, gênio por trás do clássico Corra Lola, Corra, se arriscaram. Dividiram a direção da ousada adaptação em 2012. Natalie Portman foi responsável por levar o livro aos Irmãos Wachowski ainda durante as gravações de V de Vingança.

O século 19

A Viagem, assim como o livro, é um filme difícil e nada convencional. Somos levados a viajar a cada um dos 6 períodos de tempo do roteiro. São 6 histórias diferentes, todas com linguagens próprias. Na montagem os editores/diretores optaram por flutuar de história a história, conforme indicam os personagens, a temática, a linguagem e os cenários, é claro.

Os anos 70

O elenco é forte - Tom Hanks, Halle Berry, Hugo Weaving, John Sturgess, Hugh Grant - e cada ator/atriz interpreta um personagem diferente em cada história. O roteiro prevê uma única ligação entre eles, a reencarnação, basicamente. Um personagem de cada história leva uma marca de nascença no formato de uma estrela cadente, esse é o símbolo que confirma que aquelas pessoas são na verdade a mesma pessoa, mas vivendo vidas diferentes. Interessante.

Um passado distante

Audácia é a palavra mais apropriada para definir A Viagem, mas isso não significa êxito, de forma alguma. Por vezes, A Viagem confunde a mente, é normal que no meio da jornada se pergunte "Mas o que é que eu estou assistindo mesmo?", "O que esses caras estão tentando me dizer?". Esse é o problema de um roteiro tão intrincado que implica num filme com uma montagem por vezes caótica, não é raro se perder a atenção no meio da história. Ainda mais ao saber que a mesma é percorrida em lentas 2 horas e 52 minutos. Isso só pode significar uma coisa - A Viagem é mesmo uma viagem e nem sempre de toda compensadora.

E os velhinhos animados

Veja abaixo o trailer de A Viagem.