quinta-feira, 7 de abril de 2016

DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA (1957)

Os doze do título

DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA (12 Angry Men / 1957) - No cinema ele era um novato. Sidney Lumet estreou na direção de longa metragens com Doze Homens e uma Sentença. E logo de cara o jovem diretor que tinha pouco mais de 30 anos, foi indicado ao Globo de Ouro e ao Oscar. Uma das grandes marcas que Lumet esbanjaria na direção desse longa e levaria pelos demais filmes da sua longa carreira (como Um Dia de Cão, Serpico, entre tantos outros) é a criatividade. Afinal, como manter interessante um filme que não passa de 12 personagens conversando dentro de uma sala?

Confinados discutindo a sentença

Este é o desafio principal de Doze Homens e uma Sentença e Lumet tira de letra. O filme começa com um take externo de um tribunal, logo depois o corredor interno onde várias ações acontecem ao mesmo tempo - pessoas correndo, dando parabéns, policial pedindo silêncio - até que a câmera estaciona em uma porta onde um juiz dá o veredito a um jovem de 18 anos. "Ele é acusado de matar o pai a facadas e cabe a estes 12 homens o destino dele, precisa ser uma decisão unânime. Se condenado ele vai direto pra cadeira elétrica."

O garoto acusado de matar o pai

Os doze entram numa sala para deliberar. E de cara fazem uma votação para que eles decidam rapidamente o futuro do jovem - onze o consideram culpado mas um vota pela inocência do rapaz. Este é Henry Fonda, que também assina a produção do longa. Fonda já era um astro, dezessete anos antes - em 1940 - ele havia concorrido ao Oscar de melhor ator por Vinhas de Ira. Prêmio que ele acabaria levando em 1981 por Num Lago Dourado.

Robert Redford entregando a Henry Ford o Oscar em 1981

Doze Homens e uma Sentença se desenrola totalmente dentro daquela sala, com os doze debatendo se o menino deverá ser culpado ou inocentado da acusação. O roteiro cuidadosamente amarrado é simplesmente brilhante - baseado num livro escrito por Reginald Rose em 1954 e vencedor de inúmeras premiações literárias.

Capa de uma das edições do livro que deu origem ao filme

Os diálogos são afiados e o filme traz interpretações muito bem construídas por doze atores que nos detalhes demonstravam as peculiaridades de cada personagem - uma camisa de manga curta, um óculos, um cabelo grisalho, um olhar frio, um cabelo lambido, um camisa apertada, um chapéu descontraído, um questionador nato, um velhinho de saúde abalada, um velho gripado, um estrangeiro educado e um cara de voz mole. Tudo muito bem ensaiado.

Irredutível - "só estou dizendo que é possível"

A estrela de Sidney Lumet brilha em cada plano. Enquanto a discussão dentro da sala se arrasta - ganhando contornos cada vez mais empolgantes - o diretor altera o enquadramento e o posicionamento dos atores, tudo para passar a claustrofobia para quem assiste. Ficamos incomodados com o calor que eles sentem na sala sem ventilação e com o passar das horas - eles transmitem a impaciência em cada fala.

Acusações de lado a lado

Poucas vezes um filme pode ser tão tão complexo e simples ao mesmo tempo, principalmente pelas questões que ele levanta como preconceito racial, descaso com o ser humano, egocentrismo, xenofobia, entre tantas outras coisas. E o mais interessante é que no final não se sabe se o autor do crime é culpado ou não, o filme não trata disso. A questão principal aqui é o homem enfrentando os seus grandes demônios e tendo que lidar com outros com valores e conceitos de moral completamente diferentes. São muitos elementos, muitas camadas que fazem de Doze Homens e uma Sentença um filme eterno.

De cima, o último take

Veja abaixo o trailer de Doze Homens e uma Sentença.




   

Nenhum comentário: