|
Uma segunda mãe e um segundo filho |
QUE HORAS ELA VOLTA? (2015) - É a terceira vez que
Anna Muylaert escreve e dirige um longa metragem. Ela já tinha se aventurado em 2002 com o fraco
Durval Discos e em 2009 com o bom
É Proibido Fumar. Seus roteiros priorizam os diálogos, sempre muito bem desenvolvidos.
Que Horas Ela Volta? foi tão bem recebido em alguns festivais internacionais - ganhou prêmio em Sundance e Berlim - que chegou a ser cotado como o provável indicado brasileiro ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
|
Val |
A história se passa na casa de uma família rica de São Paulo e gira em torno de Val (
Regina Casé, forçando um sotaque nordestino), a empregada que trabalha ali há décadas. Ela praticamente criou Fabinho, o filho dos patrões. Uma relação de amor puro, como a de mãe e filho.
|
Desde criança Val e Fabinho são como mãe e filho |
Val recebe uma ligação da filha adolescente Jéssica dizendo que está vindo para São Paulo e ela pede autorização para os patrões e a filha passa a se hospedar ali. Aí começam os problemas. Jéssica não se vê como a filha da empregada e se aproxima de Fabinho. Chega até a se jogar na piscina. Abre a geladeira dos patrões e por pouco não se acomoda no quarto de hóspedes.
|
Jéssica, a filha de Val, chega para morar com a mãe |
Bárbara, patroa e mãe do Fabinho (vivida pela ótima
Karine Teles), começa a se incomodar e aos poucos impõe limites a Val, que começa a pressionar a filha para que se comporte direito.
Lourenço Mutarelli, escritor do excelente
O Cheiro do Ralo de 2006, não é ator de ofício (aliás é bem ruinzinho), mas tem papel importante no longa, como Carlos, o marido de Bárbara que aos poucos se encanta e até se apaixona pela beleza e juventude de Jéssica.
|
Uma família desconectada |
Irritada com a situação, Jéssica sai da mansão e passa a alugar um quartinho numa região humilde, ao mesmo tempo em que revela para a mãe que ela deixou um filho pequeno no nordeste. Fabinho segue para um intercâmbio e Val se vê distantes dos dois filhos - a real e o de criação - e toma uma decisão: pede as contas, vai morar com a filha e insiste para que ela traga o neto do Nordeste para viver com elas.
|
Carlos começa ter sentimentos por Jéssica
|
O roteiro de
Que Horas Ela Volta? usa o microuniverso de uma casa de alto padrão para questionar algo muito maior - as diferenças sociais de pessoas que dividem o mesmo espaço, escancarando um problema que a gente convive ou ignora todos os dias. É possível enxergar amigos, vizinhos, parentes ou até mesmo a si próprio em algumas das situações que o longa apresenta. O preconceito nosso de cada dia visto nas pequenas ações.
|
Karine Teles, a melhor atriz em cena |
Mesmo assim, o roteiro carece de um ponto de virada, um plot a mais para mover o enredo - a história começa e vai até o final, sem grandes viradas (ou nenhuma). As atuações são péssimas, de cabo a rabo, com exceção de
Karine Teles e
Camila Márdila que vive a jovem Jéssica, filha da Val. Não vou nem perder tempo com
Regina Casé que está péssima com uma interpretação estereotipada, exagerada e um sotaque mais fraco e sem sal do que o finado Esquenta.
|
Mãe e filha acertando as contas |
Nenhum comentário:
Postar um comentário