Um homem admirado |
SANGUE NEGRO (There Will Be Blood / 2007) - Paul Thomas Anderson sempre prometeu muito mais do que entregou na sua carreira. Talvez tirando a inventividade e o frescor de Magnolia, o resto dos filmes dirigidos por Anderson - como Boogie Nights, Embriagado de Amor, O Mestre - sempre foram mais bem falados antes do que depois dos seus lançamentos.
O diretor instruindo o ator principal durante as filmagens |
Sangue Negro é uma dessas obras. Baseado num livro chamado "Oil", o roteiro adaptado pelo próprio Paul Thomas Anderson concorreu ao Oscar de roteiro em 2008 mas perdeu para Onde os Fracos Não tem Vez. Anderson concorreu até hoje quatro vezes ao Oscar de roteiro com Magnólia, O Mestre, Boogie Nights e Vício Inerente. Sangue Negro levou duas estatuetas - a de fotografia e a de melhor ator para Daniel Day-Lewis, que já havia levado também o Globo de Ouro e o Bafta no papel de Daniel Plainview.
É assustadora a interpretação de Lewis, ele é impiedoso, obstinado, e puramente mal. E o melhor... sem redenção no final. Ele acaba sozinho, sem ninguém, mas rico, muito rico e certo de que tomou sempre as melhores decisões, pensando unicamente no próprio umbigo.
Daniel vive de procurar riquezas na terra, principalmente ouro. E o faz sozinho, para não dividir com ninguém. Um acidente acaba mudando o seu foco para o petróleo, o tal ouro negro do solo. Outro acidente acontece e mata um dos seus companheiros e Daniel leva o pequeno filho dele embora, ainda bebê, para criar.
Com uma lábia pra lá de convincente e ao lado do pequeno HW, que não tem mais do que 5 anos, Daniel começa a percorrer terras férteis em petróleo com o intuito de extrai-lo. Os donos das terras, geralmente pobres, autorizam a exploração do local a preços baixos. É assim que Daniel descobre muito petróleo e fica rico.
Um dia ele é procurado por Paul (Paul Dano) que lhe dá uma dica preciosa de uma terra de petróleo que ninguém conhece. O jovem é morador de lá junto com o irmão gêmeo, as irmãs e os pais. O irmão Eli (também interpretado por Paul Dano) é pastor e tem uma igreja por ali, tudo o que ele quer é que Daniel de uma ajuda financeira pra igreja, mas Daniel, um homem sem fé, não quer saber de ajudar igreja não.
Aí começam os problemas. Mais um acidente fatal vitima um trabalhador da equipe e outro acidente deixa HW completamente surdo. Daniel sem saber o que fazer com o garoto coloca ele num trem e o abandona à própria sorte. O menino percebe e sai correndo atrás, tentando reencontrar o pai de criação, mas é tarde, uma das cenas mais fortes do filme.
Ao virar as costas para a Igreja e para a própria família Daniel se perde. É desconfiado e não exita em acabar com a vida daqueles que se enfiam no caminho - inclusive o "irmão", que depois ele descobre ser um impostor. Inescrupuloso e odiável, Daniel pensa apenas no lucro próprio, passa por cima de tudo e de todos - a família, a igreja e os amigos - nada disso tem a menor importância para ele. Na sequência final ele recebe a visita - cerca de 20 anos depois - do padre Eli e o desfecho é trágico, mas nada surpreendente para alguém com padrões tão deturbados como Daniel Plainview.
Paul Thomas Anderson é um cara que gosta de dar valor às suas referências. Na sequência final tem muito de Kubrick ali - os planos geometricamente perfeitos, a violência sendo capturada de longe. E durante o filme todo a trilha sonora forte causa impacto porque chega sem aviso e em momentos inesperados. Bons valores do filme.
Sangue Negro é muito longo, beira as três horas e o pior - não precisa de tanto assim. O personagem de Daniel Day-Lewis é irritante, mas construído à perfeição. Pena ele não ter um companheiro de cena à altura. Paul Dano já mostrou talento, mas ele não está crível como um padre de uma comunidade pobre e afastada. Quando ele divide a cena com Lewis - geralmente em momentos que exigem muita carga emocional - ele é engolido pelo talento absurdo do outro. Talvez Dano não tenha sido a escolha mais feliz, ao contrário de Lewis, perfeito no papel.
Veja abaixo o trailer de Sangue Negro.
Daniel Day-Lewis recebendo a estatueta - a 2ª das três da coleção |
É assustadora a interpretação de Lewis, ele é impiedoso, obstinado, e puramente mal. E o melhor... sem redenção no final. Ele acaba sozinho, sem ninguém, mas rico, muito rico e certo de que tomou sempre as melhores decisões, pensando unicamente no próprio umbigo.
Um homem que olha apensas para si |
Daniel vive de procurar riquezas na terra, principalmente ouro. E o faz sozinho, para não dividir com ninguém. Um acidente acaba mudando o seu foco para o petróleo, o tal ouro negro do solo. Outro acidente acontece e mata um dos seus companheiros e Daniel leva o pequeno filho dele embora, ainda bebê, para criar.
Único momento de "carinho real" que o personagem expressa no filme todo |
Com uma lábia pra lá de convincente e ao lado do pequeno HW, que não tem mais do que 5 anos, Daniel começa a percorrer terras férteis em petróleo com o intuito de extrai-lo. Os donos das terras, geralmente pobres, autorizam a exploração do local a preços baixos. É assim que Daniel descobre muito petróleo e fica rico.
Banhado no ouro |
Um dia ele é procurado por Paul (Paul Dano) que lhe dá uma dica preciosa de uma terra de petróleo que ninguém conhece. O jovem é morador de lá junto com o irmão gêmeo, as irmãs e os pais. O irmão Eli (também interpretado por Paul Dano) é pastor e tem uma igreja por ali, tudo o que ele quer é que Daniel de uma ajuda financeira pra igreja, mas Daniel, um homem sem fé, não quer saber de ajudar igreja não.
Paul Dano vive o pastor |
Aí começam os problemas. Mais um acidente fatal vitima um trabalhador da equipe e outro acidente deixa HW completamente surdo. Daniel sem saber o que fazer com o garoto coloca ele num trem e o abandona à própria sorte. O menino percebe e sai correndo atrás, tentando reencontrar o pai de criação, mas é tarde, uma das cenas mais fortes do filme.
O pai que se perdeu ao abandonar o filho |
Ao virar as costas para a Igreja e para a própria família Daniel se perde. É desconfiado e não exita em acabar com a vida daqueles que se enfiam no caminho - inclusive o "irmão", que depois ele descobre ser um impostor. Inescrupuloso e odiável, Daniel pensa apenas no lucro próprio, passa por cima de tudo e de todos - a família, a igreja e os amigos - nada disso tem a menor importância para ele. Na sequência final ele recebe a visita - cerca de 20 anos depois - do padre Eli e o desfecho é trágico, mas nada surpreendente para alguém com padrões tão deturbados como Daniel Plainview.
Um homem cheio de conquistas, mas vazio de todo o resto |
Paul Thomas Anderson é um cara que gosta de dar valor às suas referências. Na sequência final tem muito de Kubrick ali - os planos geometricamente perfeitos, a violência sendo capturada de longe. E durante o filme todo a trilha sonora forte causa impacto porque chega sem aviso e em momentos inesperados. Bons valores do filme.
Lembra Kubrick ou não? |
Sangue Negro é muito longo, beira as três horas e o pior - não precisa de tanto assim. O personagem de Daniel Day-Lewis é irritante, mas construído à perfeição. Pena ele não ter um companheiro de cena à altura. Paul Dano já mostrou talento, mas ele não está crível como um padre de uma comunidade pobre e afastada. Quando ele divide a cena com Lewis - geralmente em momentos que exigem muita carga emocional - ele é engolido pelo talento absurdo do outro. Talvez Dano não tenha sido a escolha mais feliz, ao contrário de Lewis, perfeito no papel.
Veja abaixo o trailer de Sangue Negro.
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