Uma família que parece tirada de um filme do Wes Anderson |
CAPITÃO FANTÁSTICO (Captain Fantastic / 2016) - Nome de filme de super herói, mas nada poderia ser mais distante. A história não é baseada num livro, apenas numa ideia que o roteirista e diretor Matt Ross teve assim que se tornou pai. Ele pensou como seria se os pais pudessem criar os filhos num ambiente perfeito dentro da própria realidade, fazendo com que as principais influências deles fossem as dos próprios pais. Daí surgiu a ideia para Capitão Fantástico.
O treinamento |
Ben (Viggo Mortensen, que concorreu ao Oscar por este trabalho) vive no meio da floresta com todos os seis filhos, que variam de idade entre 6 e 18 anos. Lá, eles caçam a própria comida, tomam banho na cachoeira, escalam montanhas e enfrentam a verdadeira vida selvagem. Nas datas comemorativas ganham facas de caça e a usam com toda a destreza. Ali há pouco espaço para brincadeiras, durante a infância todos eles treinam como um verdadeiro exército.
As crianças |
As crianças são muito bem desenvolvidas, tanto física como intelectualmente. Dentro do ônibus e das suas pequenas casas na floresta elas tem centenas de livros de pensadores, matemáticos, filósofos. E é por eles que as crianças aprendem tudo o que sabem. Por isso mesmo as menores são capazes de citar trechos longos de obras importantes e até mesmo discutir sobre qualquer assunto. Embora falte a elas - e o filme escancara isso muito bem - o contato com outras pessoas.
Ler livros é uma das poucas opções de lazer por ali |
A escolha de viver ali, afastado de um grande centro urbano, foi dos pais, eles queriam criar os filhos com nenhuma relação com outros humanos. Mas Ben decide voltar com as crianças para a cidade para se despedir da mãe, que acaba de cometer suicídio. E eles encontram no avô materno Jack (Frank Langella) a resistência que evitaram durante todos os anos vivendo reclusos. Ele quer enterrar a própria filha, enquanto Ben quer cremá-la, pedido que a esposa havia lhe feito.
A entrada triunfal durante o funeral da mãe |
Os pequenos sofrem porque vêm o pai perdendo a batalha para o avô - rico, bem sucedido e com uma casa cheia de luxo - o que explica em parte o porque da filha ter largado a vida de dinheiro farto por outra simples e pura no meio da floresta.
Avós maternos |
Matt escolhe focar excessivamente na relação do pai com o avô deixando as crianças no meio, como um cabo de guerra. Teria sido mais interessante dividir o protagonismo a partir desse ponto, com as crianças. Como elas enfrentaram essa chegada à sociedade, como elas vêm o mundo com toda a tecnologia, e a relação com possíveis amigos e namorados ou namoradas. O filme aborda isso de uma forma muito leve, passa por cima e atropela.
Foca pouco em algumas questões importantes |
A boa discussão que o Matt intencionava levantar no começo do projeto se perde ao longo do filme, principalmente por dois personagens irredutíveis e egoístas, que no fundo só prejudicam as crianças. Um pai que pensa em criar os filhos para ele e não para o mundo e um avô que quer abraçá-los julgando que o que o pai decide está errado. Um pior que o outro.
Veja abaixo o trailer de Capitão Fantástico.
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