domingo, 14 de maio de 2017

MORANGOS SILVESTRES (1957)

Um lugar onde o tempo é relativo

MORANGOS SILVESTRES (Smultronstället / Wild Strawberries - 1957) - Ousado, inovador, surpreendente. Faltam elogios para Morangos Silvestres, filme essencial na carreira de um não menos essencial Ingmar Bergman. O diretor sueco, que dirigiu até os 89 anos de vida, criou obras duras, complexas, mas acima de tudo belas peças do mais refinado cinema. Bergman tem um pé na filosofia e em questões existencialistas, temas que dominaram os mais de cinquenta filmes, entre cinema e televisão.

Bergman, de boina, em ação

Morangos Silvestres é um estudo otimista sobre a relação do ser humano com o seu próprio passado e a morte. Isak é um professor aposentado, viúvo que vive com a cuidadora e que mantém uma relação distante com o único filho. Não tem netos.

Um homem em profunda avaliação da própria vida

Ele sonha com a morte com frequência nos últimos tempos. Um destes sonhos é mostrado em detalhes - Isak anda por uma cidade abandonada e completamente silenciosa. As janelas estão lacradas e as portas fechadas. Uma figura aparece de costas para ele. Isak se aproxima e a figura não se mexe. Quando ele a toca, a figura estranha cai no chão escorrendo sangue. Depois aparece uma carruagem e uns cavalos, eles trazem um caixão. O caixão cai e dentro aparece o próprio Isak olhando para si. Isak acorda refletindo sobre tudo aquilo.

Fragmentos de um pesadelo

O professor vai receber uma homenagem pelos 50 anos de profissão em uma cidade próxima. E decide então fazer a viagem de carro. A nora Marianne vai junto. No caminho eles param em uma casa de campo onde Isak passou a infância. Enquanto caminha pelo terreno, passado e presente se fundem, as lembranças ganham vida, caminham junto dele, ao lado dele. Isak passa a ser espectador de acontecimentos que marcaram a sua vida. No terreno plantava-se morangos silvestres, daí o nome do longa.

Na visita, o passado toma vida

Presente e passado vão se revezando no comando da história, mas nunca de forma didática, simples de engolir. Bergman nos cutuca, nos instiga, nos convida a pensar, a compreender os dilemas da história. Isak ainda está cheio de vida embora esteja no final dela e ele decide então não sofrer por isso. Admite só conseguir descansar direito por entregar seus pensamentos sempre à lembranças do passado.
Veja abaixo o trailer de Morango Silvestres.


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