POBRES CRIATURAS (Poor Things / 2023) – Amo os filmes de Yorgos Lanthimos. Esse diretor grego conta histórias nada comuns usando personagens e situações que desafiam, chocam e ficam com a gente, mesmo depois do fim do filme. Em Dente Canino e O Sacrifício do Cervo Sagrado, Lanthimos se mostrou um cineasta com gosto peculiar pelo bizarro. Em O Lagosta ele optou por uma distopia maravilhosa e em A Favorita, ele aceitou o desafio de pegar um projeto em andamento e por isso mal conseguiu dar a sua cara. E isso é justamente o que não acontece em Pobres Criaturas.
Aqui ele cria o mundo que imaginou. Me arrisco dizer que Lanthimos nunca tenha se sentido tão à vontade durante uma produção. O filme
tem uma assinatura, uma cara, uma digital muito própria, assim como Burton e Nolan imprimem em suas obras. O que me fez ser ainda mais fã do cineasta.
Emma Stone produz o longa e interpreta Bella, uma espécie de
Frankenstein feminina. O seu “pai” é um cientista maluco vivido por WillemDafoe que regata seu corpo do rio Tâmisa em Londres, e faz uma operação maluca,
colocando nela o cérebro do feto que ela carregava na barriga. Bella sobrevive, mas
com sérios problemas cognitivos de fala
e coordenação motora.
Ela começa a se desenvolver bem lentamente e aprende a usar
o sexo como forma de se divertir e usar os parceiros. Vale ressaltar que Stone nunca esteve tão desinibida num filme antes. Mas nada aqui é sensual... é tudo cru,
mecânico, puramente carnal, porque Bella nem sabe fazer de outra forma. Tudo é
visto do ponto de vista dela. É ela quem começa e termina seus breves
relacionamentos, o que deixa seus parceiros enfurecidos.
Como o mulherengo Duncan, vivido por Mark Ruffalo, que fica
perdidamente apaixonado por ela, justamente pelo fato de ela ser completamente
diferente de qualquer outra mulher. Ela faz o que quer, vai para onde quer e do jeito
que quer, quando quer. Ela roda várias partes do mundo ao lado de Duncan.
Aliás, o mundo criado por Lanthimos é fenomenal. Tudo é
colorido, com formas e tamanhos curiosos, bem diferentes dos comuns. O colorido
do mediterrâneo português, a brancura da neve francesa em contraste com o
colorido forte e gasto do cabaré, o cinza londrino... tudo é pensado à dedo e
muito bem executado pela equipe comandada por Lanthimos. Pobres Criaturas é sem dúvida, o filme mais bem acabado
e caprichado do cineasta.
Ainda acho inferior a outros filmes de Lanthimos, mas Pobres Criaturas ocupa um lugar de destaque na filmografia dele. E merece. Com Pobres Criaturas, ele carimba o passaporte para ocupar um posto entre os grandes do
cinema atual. Merecido. Só torço para ele jamais perder sua essência e o gosto pelo bizarro.
Veja abaixo o trailer de Pobres Criaturas.
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