ARMADILHA (Trap / 2024) – Poucas vezes (e me arrisco até a dizer nenhuma vez), Shyamalan foi tão acertado na escolha do título de um dos seus filmes. Porque esse filme, protagonizado por Josh Hartnett, não passa disso... uma verdadeira armadilha. Inclusive, o cineasta passa aqui a assinar sem o “Night”, apenas como M. Shyamalan. Talvez para dar um novo rumo à carreira e deixar claro que não é preciso esperar aqui uma grande reviravolta no final, característica básica de muitos dos seus filmes. Em Armadilha, Shyamalan escolhe explorar mais o clima de suspense por toda a trama. Cooper (Hartnett) leva sua filha de uns 15 anos para um show de uma cantora adolescente num ginásio abarrotado, no melhor estilo Taylor Swift. E ele se impressiona pela gigantesca quantidade de policiais espalhados por todos os cantos da arena, na frente das portas e em todas as saídas. Os policiais estão à procura de homens de meia idade que seriam o provável assassino em série, que eles descobriram que estaria naquele show. Cooper acompanha o show com a filha, mas fica sempre ligado em tudo o que acontece ao seu redor e quando sai da cadeira para ir ao banheiro ou andar pelos bastidores, percebe que os policiais estão fechando o cerco e de forma até violenta sobre os suspeitos. Esse é o plot básico do filme e prefiro não me estender muito além disso, para deixar algumas surpresas para quem escolher assistir essa birosca aqui. O que posso dizer é que é tudo muito fraco, sem nenhuma virada ou solução inesperada. Pela preguiça do roteiro e diria até pela pobreza da execução, Armadilha é de longe, pelos menos pra mim, o pior filme de Shyamalan. E olha que ele tem acumulado uma série de bombas nos últimos anos. Veja abaixo o trailer de Armadilha.
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
OS 12 MACACOS (1995)
Os 12 Macacos não é um filme fácil, é necessário assistir algumas vezes para se pegar cada detalhe do roteiro maluco criado por ter Gilliam. É um filme de camadas, de cenas desconexas que se juntam, que ficam para trás mas que fazem toda a diferença lá na frente. É, talvez, muito superior a tudo que o Gilliam já tinha feito até então no cinema. Não à toa é apontado como uma das obras-primas do diretor.
Veja abaixo o trailer de Os 12 Macacos.
terça-feira, 19 de novembro de 2024
LÚCIO FLÁVIO - O PASSAGEIRO DA AGONIA (1977)
LÚCIO FLÁVIO - O PASSAGEIRO DA AGONIA (1977) - Era tudo, de certa forma, recente. O bandido Lúcio Flávio foi morto em janeiro de 1975 e o escritor José Louzeiro transformou a vida dele em livro naquele mesmo ano, tendo como base reportagens e entrevistas dadas por ele aos jornais. Hector Babenco viu ali um grande potencial e transformou o livro em filme, lançado dois anos depois, em 1977.
O longa, que é o segundo dirigido por Babenco, tem Reginaldo Faria na pele do criminoso de olhos claros e QI elevado, como diziam, os jornais da época. Lúcio começou na vida do crime roubando carros, depois passou para lojas de jóia e por fim, bancos. Cometeu crimes em Brasília, Minas Gerais, São Paulo e principalmente, no Rio de Janeiro. Foi preso diversas vezes e escapou da prisão em 34 oportunidades. E isso tudo graças à corrupção instaurada na polícia carioca da época. Lúcio e os policiais corruptos trabalhavam lado a lado. Sua frase mais famosa dita em uma das suas entrevistas: "Policial é policial e bandido é bandido. São como azeite e não se misturam".
E foi justamente numa dessas entrevistas que Lúcio falou demais. E começou a delatar policiais de alta patente que estavam mantendo ele vivo, patrocinando seus crimes e claro, levando um por fora. Acabou morto por um colega de cela, no meio da noite. Até hoje, a principal suspeita é de queima de arquivo. Lúcio Flávio, que tinha 31 anos, sabia demais.
Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia cria um ambiente angustiante, já que o cerco parece se fechar à cada minuto sobre Lúcio. Ele, vivido por um Reginaldo Faria inspiradíssimo, parece estar sempre fugindo, com a polícia (pelo menos a parte não corrupta, vivida aqui por Milton Gonçalves) em seu encalço. O policial corrupto que ajudava Lúcio e ganhava algum por fora é vivido por Paulo César Pereio. O longa tem ainda participações de Stepan Nercessian e Grande Otelo.
Babenco, que é argentino, veio para o Brasil ainda nos anos 60 e por aqui ficou, dizendo que o ambiente aqui era mais fácil e propício para contar as histórias que queria. Ele sempre gostou de contar histórias retratando a força excessiva da polícia contra minorias, principalmente tendo o presídio como cenário (algo que acontece em obras como Carandiru, O Beijo da Mulher Aranha, Pixote - A Lei do Mais Fraco, e nesse Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia).
Um filme muito bom que ganhou uma nova roupagem recentemente, com remasterização de som e novo tratamento de imagem, que deixa a cinebiografia de Hector Babenco ainda mais completa e rica.
Veja abaixo uma das cenas de Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia.
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
TIPOS DE GENTILEZA (2024)
TIPOS DE GENTILEZA (Kinds of Kindness / 2024) – Dificilmente alguém ache algo convencional em uma obra escrita e dirigida por Yorgos Lanthimos. A sua principal característica é sempre ir na contramão disso e causar desconforto tirando o espectador do prumo, do rumo. Assistir um longa dele é como passear numa montanha russa no escuro, nunca se sabe onde é a chegada e como vai ser a jornada. Em A Favorita, Lanthimos experimentou o mais próximo do que se pode chegar de um trabalho mais tradicional, mesmo assim tem umas maluquices do diretor aqui e ali. Pobres Criaturas é de longe o seu maior sucesso comercial e chegou até a fazer barulho na premiação do Oscar daquele ano, apesar da abordagem nada convencional da sua personagem principal feminina.
Em Tipos de Gentileza, Lanthimos experimenta ainda os louros do seu último sucesso comercial, entregando uma obra que visivelmente traz mais investimento que alguns filmes anteriores. Mesmo assim, aqui Lanthimos está muito menos bizarro e mais comedido. Pra quem conheceu o trabalho do diretor por Pobres Criaturas e A Favorita, esse filme parece bizarro. Mas para quem conhece ele de Dente Canino e O Sacrifício do Cervo Sagrado, ele está normalzinho e contido até demais.
Tipos de Gentileza conta três histórias, com o mesmo grupo de atores, vivendo diferentes personagens. Na primeira história (a melhor), um homem (Jesse Plemons) é totalmente comandado por ser chefe (Willem Dafoe) que lhe diz ate o horário que deve almoçar, se deve emagrecer ou não, é a que horas deve fazer sexo com a esposa. A relação tóxica de dependência piora quando o homem tenta quebrar esse ciclo.
A segunda história fala de uma mulher (Emma Stone) que está desaparecida em alto mar para desespero do seu marido (Plemons) que não tem notícias. De repente ela aparece, mas o marido desconfia que aquela pessoa não é sua mulher e sim uma impostura muito parecida. Até que ele passa a ter uma ideia bizarríssima para fazer com que aquela mulher prove que é a sua verdadeira esposa.
E a última história fala de um casal (Plemons e Stone) que faz parte de uma seita regada à sexo e que o líder (Willem Dafoe) e sua esposa, pretende trazer cadáveres de volta à vida. Loucura total, com uma boa dose de humor não intencional e situações bizarras.
O único problema de Tipos de Gentileza como um todo é o bendito do filme episódico. Difícil se envolver em um filme assim, porque as ideias não têm tempo de serem bem desenvolvidas. Quando a gente começa a se envolver, ela acaba.
De qualquer forma, mesmo com mais investimento, Lanthimos não abandonou suas origens do bizarro e conseguiu o que queria. Jesse Plemons, Willem Dafoe e Emma Stone estão geniais, principalmente Stone que tem mudanças sutis que deixam seus personagens ainda mais ricos.
Não é de hoje que Lanthimos se transformou num dos mais importantes cineastas em atividade e continuará sendo... só espero - e torço profundamente - para que ele nunca abandone a sua origem.
Veja abaixo o trailer de Tipos de Gentileza.
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
SUSPIRIA (1977)
SUSPIRIA (1977) – Dario Argento foi um cineasta italiano que ganhou notoriedade por seus filmes de terror extremamente gráficos e até certo ponto, inovadores quando lançados. Seu nome está sempre no hall dos grandes cineastas do gênero, criador de histórias que flertam com o ocultismo e o sobrenatural. Suspiria é um desses filmes.
A história se passa na Alemanha em uma escola de dança muito conceituada e cheia de professoras exigentes. Suzy chega numa noite de temporal e se assusta quando vê uma outra menina gritando algumas palavras sem sentido e saindo da escola aos berros, desesperada. Suzy entra, sem entender nada e conhece as outras bailarinas. Começa aquele jogo de vaidades entre as dançarinas.
Rapidamente já somos apresentados ali a alguns elementos que mostram que tem algo errado com aquela escola e com as pessoas que a administram. O sobrinho da dona é uma figura bizarra, assim como a senhora que toma conta dele e o assistente geral da escola, que é feio, grande e nem fala o idioma local, parece mais um Frankenstein. Inclusive é ele quem serve, diariamente, as refeições para as alunas, uma comida estranha e uma bebida mais ainda.
A decoração interna da escola é colorida, com um vermelho intenso, iluminação de luzes de neon e desenhos pesados que misturam vários estilos de arquitetura. Tudo indicando que a escola existe naquele prédio há centenas de anos. Suzy sofre, dia após dia, com desconfianças de que aquele lugar é muito mais do que aparenta. E aos poucos ela vai descobrindo a natureza de todo aquilo.
Argento cria um clima de suspense constante, por mais que ele utilize as mesmas salas como cenário, a cada momento ele usa a câmera de um ponto de vista diferente. Por isso, a todo momento, nos vemos numa “sala nova” e daí a sensação de que o lugar é completamente estranho. Impossível se sentir à vontade ali e o incômodo é constante. O medo do desconhecido e a fragilidade da realidade são as grande forças de Suspiria.
Veja abaixo o trailer de Suspiria.
sexta-feira, 8 de novembro de 2024
AINDA ESTOU AQUI (2024)
AINDA ESTOU AQUI (2024) - Poucas vezes desde a retomada do cinema nacional, à partir da metade da década de 90 mais ou menos, se viu uma campanha tão absurda por um filme nacional nos festivais de cinema mundo afora. Também poucas vezes se viu uma união de nomes tão significativos e importantes da nossa cultura juntos em uma história que tem muitos elementos que o credenciam entre os mais importantes lançamentos do nosso cinema. Ainda Estou Aqui é tudo o que se diz, e até mais, independente de como seja a sua carreira no ciclo de premiações.
O longa dirigido por Walter Salles é dividido em 3 atos. O primeiro, e mais longo, se passa em 1970 no Rio de Janeiro. Eunice (Fernanda Torres) e Rubens Paiva (Selton Mello) vivem num casarão confortável de frente pra praia com os 5 filhos – 4 meninas e 1 menino. Nesse trecho, somos apresentados à todos esses personagens e como são unidos e vivem felizes... sejam disputando partidas na mesa de pebolim, indo na sorveteria, escutando disco e dançando na sala ou brincando com o cãozinho da família.
O tom começa a mudar drasticamente com as notícias dos sequestros de embaixadores estrangeiros no país. Naquele período, dois haviam sido sequestrados e o exército, aos poucos, vai tomando conta das ruas. Iniciava-se ali o período mais pesado e repressor da ditadura militar de Médici. E Rubens se torna um alvo e acaba levado para prestar um depoimento. A história real é baseada no livro Ainda Estou Aqui do filho, Marcelo Rubens Paiva.
Com om decorrer do longa, Eunice cresce de uma forma absurda, já que precisa tomar conta da situação. E Fernanda Torres está incrível, por entregar uma interpretação de uma mulher forte e segura, mas ao mesmo tempo sóbria. Ela não quer – e nem se dá ao luxo de – demonstrar fraqueza diante dos desafios que se apresentam na busca pelo marido e na criação dos filhos. Aqui não há espaço e nem necessidade de melodrama barato. Walter Salles – que já havia trabalhado com Fernanda em O Primeiro Dia e no ótimo Terra Estrangeira – escolhe não fazer uso desse recurso barato. E nem precisa. Já que a própria situação em si tem a força emotiva que o filme precisa.
Ainda Estou Aqui é pontuado não apenas por momentos de silêncio doído, como também por uma trilha brasileira sensacional... Caetano, Gil, Gal, Tom Zé, entre outros. O longa é cheio de momentos de emoção – muita gente soluçava de chorar na sala de cinema – e tudo ganha ainda mais importância no trecho final, próximo dos créditos com as fotos da família reunida, retratando o que longa havia acabado de mostrar. Difícil não se emocionar e não se pegar pensando naquela história mesmo ao final.
Um filme cheio de elementos que precisam ser digeridos, afinal o melhor jeito de evitar que a ditadura militar volte é justamente falando sobre ela. E é difícil imaginar como uma personagem, uma mulher e uma mãe tão forte como Eunice Paiva demorou tanto para ter a sua história retratada no cinema. Finalmente aconteceu e com o devido reconhecimento que merece.
Veja abaixo o trailer de Ainda Estou Aqui.
quinta-feira, 7 de novembro de 2024
A BATALHA DO BISCOITO POP-TART (2024)
A BATALHA DO BISCOITO POP-TART (Unfrosted / 2024) – Depois de fazer Fortuna (com "F" maiúsculo mesmo) na série de TV dos anos 90 que leva seu nome, Seinfeld preferiu pisar no freio e curtir a família e os inúmeros carros que tem em sua coleção. Mas nunca saiu dos holofotes e acabou assinando um acordo com a Netflix, o que gerou alguns especiais de comédia (nada inspirados), um bem sucedido programa de entrevista (Comedians in Cars Getting Coffee) e esse A Batalha do Biscoito Pop-Tart, onde assina roteiro, produção, direção e é o ator principal. Justo ele que sempre disse nunca ter sido um bom ator... e de fato não é.
O longa se passa no começo dos anos 60. Seinfeld é Bob Cabana, um executivo de alto escalão da Kelloggs, que sempre se cobra e é cobrado pelo chefe (Jim Gaffigan) por cada vez mais novidades, algo para revolucionar o café da manhã dos estadunidenses. E a “guerra” é contra a Post, a empresa concorrente, comandada por Marjorie (Amy Schumer).
A Batalha do Biscoito Pop-Tart é uma comédia leve, pra toda família, e bem sem sal... que conta essa disputa para ver quem lança o melhor e mais popular produto. Com tons exagerados e personagens caricatos, o filme lembra uma disputa da Corrida Maluca, sempre beirando o absurdo. E acho que era essa a ideia mesmo.
A lista de convidados especial é imensa... atores e atrizes do SNL (Bobby Moynihan, Mikey Day, Fred Armisen), do cenário da comédia (Bill Burr, Sebastian Maniscalco), e um punhado de outros grandes nomes (Peter Dinklage, Cedric The Entertainer, Hugh Grant, John Hamm). Melissa McCarthy é um grande destaque e, apesar de amarrada pelo roteiro, aumenta o poderio cômico do longa.
Pena que Seinfeld quis estrelar, o que acaba atrapalhando um pouco a experiência. Afinal, ele é Seinfeld... e não um ator, então fica difícil embarcar em uma história com ele atuando e ostentando o posto de ator principal.
No final, a experiência de A Batalha do Biscoito Pop-Tart é bem qualquer coisa, apesar do esforço claro da produção de fazer um filme clean, sem palavrões e colorido para agradar adultos e crianças. E fala de um produto, o tal Pop-Tart, que só existe em uns 10 países. Então fica ainda mais difícil embarcar na história. Desafio qualquer um a lembrar algo sobre esse filme depois de 2 semanas.
Veja abaixo o trailer de A Batalha do Biscoito Pop-Tart.
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
SÃO PAULO SOCIEDADE ANÔNIMA (1965)
Foi em Roma que Person escreveu o roteiro daquele que seria seu primeiro longa metragem – São Paulo Sociedade Anônima. Rodado em 1965, tendo a cidade de São Paulo como um grande personagem, Person chamou os novatos Walmor Chagas e Eva Wilma para os papéis principais. Carlos (Chaga) é um homem na casa dos 20, que busca se estabelecer e ter sucesso – pessoal e profissionalmente – na metrópole.
Ele começa no controle de qualidade da Volkswagen. Depois muda de emprego e chega à quase sócio de uma empresa de autopeças. Tudo no setor automobilístico, área em que São Paulo explodiu, principalmente entre os anos 50 e 60. E Person escreveu monólogos e pensamentos em off de Carlos que funcionam como pequenas poesias, que mostram ao mesmo tempo a esperança de que qualquer um poderia conseguir um emprego ali, mas também a melancolia e a solidão retratados nos grandes paredões das fábricas, que parecem esmagar e espremer os moradores. A máquina da metrópole mastiga e engole os mais fracos. Tem que ser forte para encarar a metrópole todo dia. E Carlos aos poucos, mostra que não é um deles.
Carlos é flagrado pela lente de Person em grandes e reflexivos monólogos enquanto caminha pelas ruas do centro da cidade. E desde aqueles anos se vê uma São Paulo com grande potencial de evolução. Uma cidade acima de tudo, belíssima, que a lente de Person, de alguma forma, parece a deixar ainda mais bela. O longa, com tudo isso, adquire um charme único.
As mulheres que passam pela vida do Carlos fazem apenas isso... passam. Com exceção de Hilda, que lhe deixou uma grande memória e Luciana (Wilma), com quem ele acaba se casando no segundo ato. São poucos os momentos em que Carlos se mostra contente, de expressão aberta. Quase sempre está sisudo e parece guardar algo dentro de si que a experiência na cidade só faz piorar.
O longa tem uma montagem delicada e precisa de Person, que usou técnicas inovadoras para o cinema brasileiro da época. Ele é montado fora de ordem, com cenas que se contrapõe mesmo tendo acontecidos em períodos diferentes. E qual não foi minha surpresa ao me dar conta de que entre a primeira e a última cena do longa não se passaram nem 24 horas?
Genial, maravilhoso e premiado mundo afora, o filme é um retrato da capital paulista que precisa ser visto e apreciado. Veja abaixo algumas cenas do filme São Paulo Sociedade Anônima.