segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

OS OITO ODIADOS (The Hateful Eight / 2015)


OS OITO ODIADOS (The Hateful Eight / 2015) - Finalmente chegou aos cinemas o novo filme de Quentin Tarantino, para quem é fã - e eu sou muito - é uma longa espera desde 2012 quando saiu seu último filme nas telonas. Desta vez, Tarantino volta a repetir uma temática em filmes consecutivos, como aconteceu no começo da carreira com o trio - Cães de Aluguel, Pulp Fiction e Jackie Brown - onde o diretor mostrou a máfia dos pequenos (e grandes) gângsters do dia a dia. Depois de uma passagem por vários temas, como kung fu (Kill Bill), carros (À Prova de Morte) e guerra (Bastardos Inglórios), Tarantino voltou sua mira para o faroeste - o gênero norte americano por excelência - e entregou Django Livre e agora Os Oito Odiados.

O oitavo longa, segundo Quentin com 10 ele encerra a carreira
A história é intrincada, mas simples até. John Ruth (Kurt Russell) está levando sua prisioneira Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) parta ser enforcada na cidade de Red Rock, e ele ganhará 10 mil dólares de recompensa por isso. No caminho - muito a contra gosto - ele aceita dar carona em sua charrete para o Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson), outro caçador de recompensas, e para o Xerife Chris Mannix (Walton Goggins).

Hurt e Warren no embate na neve

No caminho a nevasca aumenta e eles param numa cabana no meio do nada. Lá dentro estão o mexicano Bob (Demián Bichir), o carrasco inglês Oswaldo Mobray (Tim Roth), o General Sanford Smithers (Bruce Dern) e o caladão Joe Gage (Michael Madsen).

Alta tensão dentro da cabana
Eles vão passar de dois a três dias ali até a nevasca terminar e ser possível que cada siga seu caminho, mas ao John Ruth contar abertamente sobre o preço que a vida daquela garota vale tudo muda de figura. Ninguém é o que se pensa, os caráteres vão se moldando no decorrer da trama e o filme ganha a sua forma como um embate psicológico de 8 pessoas desconfiadas, sanguinárias e armadas até os dentes.

John Gage descansa... ninguém é o que parece ser

E vou parar por aqui - sem spoilers - porque as surpresas acontecem muito, com viradas importantes e impressionantes que dão ritmo e não cansam - mesmo com as quase duas horas e cinquenta minutos de projeção. Mas é bom que se saiba que o ritmo aqui é lento, como um velho faroeste mesmo, tudo a seu tempo com tomadas longas e diálogos também.

Warren com cara de poucos amigos... "Are you talking to me?"

Leigh é o grande destaque. Ela está ótima, intimidada e intimidadora e chama atenção como a calada Daisy.

Uma mulher "surrada"

Os Oito Odiados representa acima de tudo mais um filme de homenagens que Tarantino faz ao cinema. Primeiro - e o mais óbvio - a homenagem ao faroeste de Sérgio Leone (endossada pela trilha de Ennio Morricone), com seus planos longos lindíssimos e paisagens que parecem não ter fim.

Tarantino dirige Morricone na composição da trilha sonora

Segundo - a homenagem ao seu próprio cinema. Tarantino abusa aqui das referências ao rodar o filme todo praticamente dentro da cabana (como fizera em Cães de Aluguel) e a usar o tema vingança (como fizera em Kill Bill e Bastardos Inglórios).

Bastidores dentro da cabana
O filme, editado em capítulos - que já virou uma praxe nos filmes do diretor - tem roteiro afiado, um texto de primeira, os diálogos são precisos e os personagens são incrivelmente bem construídos, inclusive na indumentária. Cada cor de peça de roupa, tipo de chapéu, jeito de andar e etc indica um traço da personalidade de quem o usa. São cuidados pequenos - até um pouco óbvios - mas que fazem uma diferença enorme no final.

Mobray e Mannix se enfrentam

A imprevisibilidade é o grande barato do roteiro de Os Oito Odiados (que faria bem mais sentido se fosse "Os Oito Odiosos"), que deixa um pedaço do filme diferente para que cada personagem cresça e mostre um pouco de si.

Mobray se diz carrasco... será?

Ao final, o filme se mostra um desbunde de tudo - beleza, qualidade técnica e roteiro - embora a sensação para mim, principalmente na útima cena, é que tenha faltado um "tchan" - talvez acostumado por tantas reviravoltas esperava mais uma no final, mas em Os Oito Odiados "a viagem é mais importante que o destino", como diz um velho ditado chinês à lá Pai Mei.

A difícil cena do General Smithers

Os Oito Odiados entrega um Tarantino mais maduro, deixando um pouco de lado os GCs estourando na tela, as cenas cômicas inesperadas e os planos inovadores (embora no quesito "sangue" ele continua o mesmo cara de sempre).

Mannix dá uma parada para um cafezinho

Até mesmo a trilha sonora, que era como se fosse outro personagem para ele - como aconteceu em Cães de Alguel (impossível esquecer Mr. Blonde cortando a orelha do policial ao som de "Stuck in the Middle with You"), Pulp Fiction (Mia dançando ao som de "Girl, You´ll be a Woman Soon" antes de cair em overdose) e Kill Bill (a luta de Beatrix com O-ren na neve com "Please Don´t Let me be Misunderstood") por exemplo, aqui não cabem. Ennio Morricone e suas lindas canções são usadas em pontos específicos para compor uma cena, mas não para roubar a cena, entende?

Channing Tatum tem participação especial e decisiva na história

De qualquer forma é sim um grande filme, à lá anos 70, com muito diálogo, muito trabalho de texto e construção de personagem e aquele "quê a mais" (será de Quentin?) para dar uma pitada e transformar um filme bom em ótimo e claro, para ser revisto outras tantas e tantas vezes.
Veja abaixo o trailer de Os Oito Odiados.



2 comentários:

Alexandre Valim disse...

Não li pq é muito grande... Deu preguiça!

Alexandre Valim disse...

Não li pq é muito grande... Deu preguiça!