sexta-feira, 22 de novembro de 2024

ARMADILHA (2024)


 

ARMADILHA (Trap / 2024) – Poucas vezes (e me arrisco até a dizer nenhuma vez), Shyamalan foi tão acertado na escolha do título de um dos seus filmes. Porque esse filme, protagonizado por Josh Hartnett, não passa disso... uma verdadeira armadilha. Inclusive, o cineasta passa aqui a assinar sem o “Night”, apenas como M. Shyamalan. Talvez para dar um novo rumo à carreira e deixar claro que não é preciso esperar aqui uma grande reviravolta no final, característica básica de muitos dos seus filmes. Em Armadilha, Shyamalan escolhe explorar mais o clima de suspense por toda a trama. Cooper (Hartnett) leva sua filha de uns 15 anos para um show de uma cantora adolescente num ginásio abarrotado, no melhor estilo Taylor Swift. E ele se impressiona pela gigantesca quantidade de policiais espalhados por todos os cantos da arena, na frente das portas e em todas as saídas. Os policiais estão à procura de homens de meia idade que seriam o provável assassino em série, que eles descobriram que estaria naquele show. Cooper acompanha o show com a filha, mas fica sempre ligado em tudo o que acontece ao seu redor e quando sai da cadeira para ir ao banheiro ou andar pelos bastidores, percebe que os policiais estão fechando o cerco e de forma até violenta sobre os suspeitos. Esse é o plot básico do filme e prefiro não me estender muito além disso, para deixar algumas surpresas para quem escolher assistir essa birosca aqui. O que posso dizer é que é tudo muito fraco, sem nenhuma virada ou solução inesperada. Pela preguiça do roteiro e diria até pela pobreza da execução, Armadilha é de longe, pelos menos pra mim, o pior filme de Shyamalan. E olha que ele tem acumulado uma série de bombas nos últimos anos. Veja abaixo o trailer de Armadilha.


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

OS 12 MACACOS (1995)


OS 12 MACACOS (12 Monkeys / 1995) – Longe dos anos de Monty Python, Terry Gilliam montou uma bela carreira como cineasta. Com obras sempre beirando o absurdo, com cenário surrealistas e enredos bem longe do convencional, Gilliam conquistou fama e status de cineasta cult. Brazil, O Filme, seu cartão de visitas, arrebatou público e crítica. Medo e Delírio em Las Vegas foi bem isso... um baita delírio, mas nada empolgante. O bom O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus ganhou fama por ser o último filme de Heath Ledger e conta com elementos que aproximam o seu cinema com o universo do Monty Python. Mas foi com Os 12 Macacos que ele ganhou o respeito geral.
James Cole (Bruce Willis) é um viajante no tempo que vem do ano de 1997 para o ano de 1990. Ele vem de um mundo onde cinco bilhões de pessoas morreram por conta de uma gripe estranha. A sua missão é voltar 7 anos no tempo para impedir que o vírus se propague. Cole é tido como louco e acaba internado num manicômio.
Lá ele conhece Jeffrey Goines (Brad Pitt), um cara cheio de tiques, o que dá palco para Pitt demonstrar todo seu talento. Ele ganha a cena toda vez que aparece. Pela interpretação, ele levou o Globo de Ouro e concorreu ao Oscar de melhor ator coadjuvante (perdeu para Kevin Spacey por Os Suspeitos).
A psiquiatra do manicômio, vivida por Madeleine Stowe, fecha o trio principal. Ela flutua entre as pessoas do "futuro" que desconfiam que a história contada por Cole é real ou imaginária. Vive na dúvida.

Os 12 Macacos não é um filme fácil, é necessário assistir algumas vezes para se pegar cada detalhe do roteiro maluco criado por ter Gilliam. É um filme de camadas, de cenas desconexas que se juntam, que ficam para trás mas que fazem toda a diferença lá na frente. É, talvez, muito superior a tudo que o Gilliam já tinha feito até então no cinema. Não à toa é apontado como uma das obras-primas do diretor.

Veja abaixo o trailer de Os 12 Macacos.



terça-feira, 19 de novembro de 2024

LÚCIO FLÁVIO - O PASSAGEIRO DA AGONIA (1977)


LÚCIO FLÁVIO - O PASSAGEIRO DA AGONIA (1977) - Era tudo, de certa forma, recente. O bandido Lúcio Flávio foi morto em janeiro de 1975 e o escritor José Louzeiro transformou a vida dele em livro naquele mesmo ano, tendo como base reportagens e entrevistas dadas por ele aos jornais. Hector Babenco viu ali um grande potencial e transformou o livro em filme, lançado dois anos depois, em 1977.

O longa, que é o segundo dirigido por Babenco, tem Reginaldo Faria na pele do criminoso de olhos claros e QI elevado, como diziam, os jornais da época. Lúcio começou na vida do crime roubando carros, depois passou para lojas de jóia e por fim, bancos. Cometeu crimes em Brasília, Minas Gerais, São Paulo e principalmente, no Rio de Janeiro. Foi preso diversas vezes e escapou da prisão em 34 oportunidades. E isso tudo graças à corrupção instaurada na polícia carioca da época. Lúcio e os policiais corruptos trabalhavam lado a lado. Sua frase mais famosa dita em uma das suas entrevistas: "Policial é policial e bandido é bandido. São como azeite e não se misturam".

E foi justamente numa dessas entrevistas que Lúcio falou demais. E começou a delatar policiais de alta patente que estavam mantendo ele vivo, patrocinando seus crimes e claro, levando um por fora. Acabou morto por um colega de cela, no meio da noite. Até hoje, a principal suspeita é de queima de arquivo. Lúcio Flávio, que tinha 31 anos, sabia demais. 

Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia cria um ambiente angustiante, já que o cerco parece se fechar à cada minuto sobre Lúcio. Ele, vivido por um Reginaldo Faria inspiradíssimo, parece estar sempre fugindo, com a polícia (pelo menos a parte não corrupta, vivida aqui por Milton Gonçalves) em seu encalço. O policial corrupto que ajudava Lúcio e ganhava algum por fora é vivido por Paulo César Pereio. O longa tem ainda participações de Stepan Nercessian e Grande Otelo.

Babenco, que é argentino, veio para o Brasil ainda nos anos 60 e por aqui ficou, dizendo que o ambiente aqui era mais fácil e propício para contar as histórias que queria. Ele sempre gostou de contar histórias retratando a força excessiva da polícia contra minorias, principalmente tendo o presídio como cenário (algo que acontece em obras como Carandiru, O Beijo da Mulher Aranha, Pixote - A Lei do Mais Fraco, e nesse Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia). 

Um filme muito bom que ganhou uma nova roupagem recentemente, com remasterização de som e novo tratamento de imagem, que deixa a cinebiografia de Hector Babenco ainda mais completa e rica.

Veja abaixo uma das cenas de Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia.       


quinta-feira, 14 de novembro de 2024

TIPOS DE GENTILEZA (2024)



TIPOS DE GENTILEZA (Kinds of Kindness / 2024) – Dificilmente alguém ache algo convencional em uma obra escrita e dirigida por Yorgos Lanthimos. A sua principal característica é sempre ir na contramão disso e causar desconforto tirando o espectador do prumo, do rumo. Assistir um longa dele é como passear numa montanha russa no escuro, nunca se sabe onde é a chegada e como vai ser a jornada. Em A Favorita, Lanthimos experimentou o mais próximo do que se pode chegar de um trabalho mais tradicional, mesmo assim tem umas maluquices do diretor aqui e ali. Pobres Criaturas é de longe o seu maior sucesso comercial e chegou até a fazer barulho na premiação do Oscar daquele ano, apesar da abordagem nada convencional da sua personagem principal feminina.

Em Tipos de Gentileza, Lanthimos experimenta ainda os louros do seu último sucesso comercial, entregando uma obra que visivelmente traz mais investimento que alguns filmes anteriores. Mesmo assim, aqui Lanthimos está muito menos bizarro e mais comedido. Pra quem conheceu o trabalho do diretor por Pobres CriaturasA Favorita, esse filme parece bizarro. Mas para quem conhece ele de Dente Canino e O Sacrifício do Cervo Sagrado, ele está normalzinho e contido até demais.

Tipos de Gentileza conta três histórias, com o mesmo grupo de atores, vivendo diferentes personagens. Na primeira história (a melhor), um homem (Jesse Plemons) é totalmente comandado por ser chefe (Willem Dafoe) que lhe diz ate o horário que deve almoçar, se deve emagrecer ou não, é a que horas deve fazer sexo com a esposa. A relação tóxica de dependência piora quando o homem tenta quebrar esse ciclo.

A segunda história fala de uma mulher (Emma Stoneque está desaparecida em alto mar para desespero do seu marido (Plemonsque não tem notícias. De repente ela aparece, mas o marido desconfia que aquela pessoa não é sua mulher e sim uma impostura muito parecida. Até que ele passa a ter uma ideia bizarríssima para fazer com que aquela mulher prove que é a sua verdadeira esposa.

E a última história fala de um casal (Plemons Stoneque faz parte de uma seita regada à sexo e que o líder (Willem Dafoee sua esposa, pretende trazer cadáveres de volta à vida. Loucura total, com uma boa dose de humor não intencional e situações bizarras. 

O único problema de Tipos de Gentileza como um todo é o bendito do filme episódico. Difícil se envolver em um filme assim, porque as ideias não têm tempo de serem bem desenvolvidas. Quando a gente começa a se envolver, ela acaba.

De qualquer forma, mesmo com mais investimento, Lanthimos não abandonou suas origens do bizarro e conseguiu o que queria. Jesse Plemons, Willem Dafoe e Emma Stone estão geniais, principalmente Stone que tem mudanças sutis que deixam seus personagens ainda mais ricos.

Não é de hoje que Lanthimos se transformou num dos mais importantes cineastas em atividade e continuará sendo... só espero - e torço profundamente - para que ele nunca abandone a sua origem. 

Veja abaixo o trailer de Tipos de Gentileza.



segunda-feira, 11 de novembro de 2024

SUSPIRIA (1977)



SUSPIRIA (1977)Dario Argento foi um cineasta italiano que ganhou notoriedade por seus filmes de terror extremamente gráficos e até certo ponto, inovadores quando lançados. Seu nome está sempre no hall dos grandes cineastas do gênero, criador de histórias que flertam com o ocultismo e o sobrenatural. Suspiria é um desses filmes. 

A história se passa na Alemanha em uma escola de dança muito conceituada e cheia de professoras exigentes. Suzy chega numa noite de temporal e se assusta quando vê uma outra menina gritando algumas palavras sem sentido e saindo da escola aos berros, desesperada. Suzy entra, sem entender nada e conhece as outras bailarinas. Começa aquele jogo de vaidades entre as dançarinas. 

Rapidamente já somos apresentados ali a alguns elementos que mostram que tem algo errado com aquela escola e com as pessoas que a administram. O sobrinho da dona é uma figura bizarra, assim como a senhora que toma conta dele e o assistente geral da escola, que é feio, grande e nem fala o idioma local, parece mais um Frankenstein. Inclusive é ele quem serve, diariamente, as refeições para as alunas, uma comida estranha e uma bebida mais ainda. 

A decoração interna da escola é colorida, com um vermelho intenso, iluminação de luzes de neon e desenhos pesados que misturam vários estilos de arquitetura. Tudo indicando que a escola existe naquele prédio há centenas de anos. Suzy sofre, dia após dia, com desconfianças de que aquele lugar é muito mais do que aparenta. E aos poucos ela vai descobrindo a natureza de todo aquilo. 

Argento cria um clima de suspense constante, por mais que ele utilize as mesmas salas como cenário, a cada momento ele usa a câmera de um ponto de vista diferente. Por isso, a todo momento, nos vemos numa “sala nova” e daí a sensação de que o lugar é completamente estranho. Impossível se sentir à vontade ali e o incômodo é constante. O medo do desconhecido e a fragilidade da realidade são as grande forças de Suspiria.

Veja abaixo o trailer de Suspiria.


sexta-feira, 8 de novembro de 2024

AINDA ESTOU AQUI (2024)



AINDA ESTOU AQUI (2024) - Poucas vezes desde a retomada do cinema nacional, à partir da metade da década de 90 mais ou menos, se viu uma campanha tão absurda por um filme nacional nos festivais de cinema mundo afora. Também poucas vezes se viu uma união de nomes tão significativos e importantes da nossa cultura juntos em uma história que tem muitos elementos que o credenciam entre os mais importantes lançamentos do nosso cinema. Ainda Estou Aqui é tudo o que se diz, e até mais, independente de como seja a sua carreira no ciclo de premiações.

O longa dirigido por Walter Salles é dividido em 3 atos. O primeiro, e mais longo, se passa em 1970 no Rio de Janeiro. Eunice (Fernanda Torres) e Rubens Paiva (Selton Mello) vivem num casarão confortável de frente pra praia com os 5 filhos – 4 meninas e 1 menino. Nesse trecho, somos apresentados à todos esses personagens e como são unidos e vivem felizes... sejam disputando partidas na mesa de pebolim, indo na sorveteria, escutando disco e dançando na sala ou brincando com o cãozinho da família.

O tom começa a mudar drasticamente com as notícias dos sequestros de embaixadores estrangeiros no país. Naquele período, dois haviam sido sequestrados e o exército, aos poucos, vai tomando conta das ruas. Iniciava-se ali o período mais pesado e repressor da ditadura militar de Médici. E Rubens se torna um alvo e acaba levado para prestar um depoimento. A história real é baseada no livro Ainda Estou Aqui do filho, Marcelo Rubens Paiva.

Com om decorrer do longa, Eunice cresce de uma forma absurda, já que precisa tomar conta da situação. E Fernanda Torres está incrível, por entregar uma interpretação de uma mulher forte e segura, mas ao mesmo tempo sóbria. Ela não quer – e nem se dá ao luxo de – demonstrar fraqueza diante dos desafios que se apresentam na busca pelo marido e na criação dos filhos. Aqui não há espaço e nem necessidade de melodrama barato. Walter Salles – que já havia trabalhado com Fernanda em O Primeiro Dia e no ótimo Terra Estrangeira – escolhe não fazer uso desse recurso barato. E nem precisa. Já que a própria situação em si tem a força emotiva que o filme precisa.

Ainda Estou Aqui é pontuado não apenas por momentos de silêncio doído, como também por uma trilha brasileira sensacional... Caetano, Gil, Gal, Tom Zé, entre outros. O longa é cheio de momentos de emoção – muita gente soluçava de chorar na sala de cinema – e tudo ganha ainda mais importância no trecho final, próximo dos créditos com as fotos da família reunida, retratando o que longa havia acabado de mostrar. Difícil não se emocionar e não se pegar pensando naquela história mesmo ao final. 

Um filme cheio de elementos que precisam ser digeridos, afinal o melhor jeito de evitar que a ditadura militar volte é justamente falando sobre ela. E é difícil imaginar como uma personagem, uma mulher e uma mãe tão forte como Eunice Paiva demorou tanto para ter a sua história retratada no cinema. Finalmente aconteceu e com o devido reconhecimento que merece.

Veja abaixo o trailer de Ainda Estou Aqui.


quinta-feira, 7 de novembro de 2024

A BATALHA DO BISCOITO POP-TART (2024)



A BATALHA DO BISCOITO POP-TART (Unfrosted / 2024) – Depois de fazer Fortuna (com "F" maiúsculo mesmo) na série de TV dos anos 90 que leva seu nome, Seinfeld preferiu pisar no freio e curtir a família e os inúmeros carros que tem em sua coleção. Mas nunca saiu dos holofotes e acabou assinando um acordo com a Netflix, o que gerou alguns especiais de comédia (nada inspirados), um bem sucedido programa de entrevista (Comedians in Cars Getting Coffee) e esse A Batalha do Biscoito Pop-Tart, onde assina roteiro, produção, direção e é o ator principal. Justo ele que sempre disse nunca ter sido um bom ator... e de fato não é.

O longa se passa no começo dos anos 60. Seinfeld é Bob Cabana, um executivo de alto escalão da Kelloggs, que sempre se cobra e é cobrado pelo chefe (Jim Gaffigan) por cada vez mais novidades, algo para revolucionar o café da manhã dos estadunidenses. E a “guerra” é contra a Post, a empresa concorrente, comandada por Marjorie (Amy Schumer).

A Batalha do Biscoito Pop-Tart é uma comédia leve, pra toda família, e bem sem sal... que conta essa disputa para ver quem lança o melhor e mais popular produto. Com tons exagerados e personagens caricatos, o filme lembra uma disputa da Corrida Maluca, sempre beirando o absurdo. E acho que era essa a ideia mesmo.

A lista de convidados especial é imensa... atores e atrizes do SNL (Bobby Moynihan, Mikey Day, Fred Armisen), do cenário da comédia (Bill Burr, Sebastian Maniscalco), e um punhado de outros grandes nomes (Peter Dinklage, Cedric The Entertainer, Hugh Grant, John Hamm). Melissa McCarthy é um grande destaque e, apesar de amarrada pelo roteiro, aumenta o poderio cômico do longa. 

Pena que Seinfeld quis estrelar, o que acaba atrapalhando um pouco a experiência. Afinal, ele é Seinfeld... e não um ator, então fica difícil embarcar em uma história com ele atuando e ostentando o posto de ator principal.

No final, a experiência de A Batalha do Biscoito Pop-Tart é bem qualquer coisa, apesar do esforço claro da produção de fazer um filme clean, sem palavrões e colorido para agradar adultos e crianças. E fala de um produto, o tal Pop-Tart, que só existe em uns 10 países. Então fica ainda mais difícil embarcar na história. Desafio qualquer um a lembrar algo sobre esse filme depois de 2 semanas. 

Veja abaixo o trailer de A Batalha do Biscoito Pop-Tart


segunda-feira, 4 de novembro de 2024

SÃO PAULO SOCIEDADE ANÔNIMA (1965)


SÃO PAULO SOCIEDADE ANÔNIMA (1965)
– Como fez bem para o então cineasta em formação Luiz Person ter ido à Roma. Na capital italiana, nos idos de 1963, ele experimentaria muito do que a pujante classe cinematográfica do país europeu tinha a oferecer. Ele beberia muito n
o neorrealismo italiano (Roberto Rossellini, Vittorio De Sica e Luchino Visconti).

Foi em Roma que Person escreveu o roteiro daquele que seria seu primeiro longa metragem – São Paulo Sociedade Anônima. Rodado em 1965, tendo a cidade de São Paulo como um grande personagem, Person chamou os novatos Walmor Chagas e Eva Wilma para os papéis principais. Carlos (Chaga) é um homem na casa dos 20, que busca se estabelecer e ter sucesso – pessoal e profissionalmente – na metrópole. 

Ele começa no controle de qualidade da Volkswagen. Depois muda de emprego e chega à quase sócio de uma empresa de autopeças. Tudo no setor automobilístico, área em que São Paulo explodiu, principalmente entre os anos 50 e 60. E Person escreveu monólogos e pensamentos em off de Carlos que funcionam como pequenas poesias, que mostram ao mesmo tempo a esperança de que qualquer um poderia conseguir um emprego ali, mas também a melancolia e a solidão retratados nos grandes paredões das fábricas, que parecem esmagar e espremer os moradores. A máquina da metrópole mastiga e engole os mais fracos. Tem que ser forte para encarar a metrópole todo dia. E Carlos aos poucos, mostra que não é um deles.

Carlos é flagrado pela lente de Person em grandes e reflexivos monólogos enquanto caminha pelas ruas do centro da cidade. E desde aqueles anos se vê uma São Paulo com grande potencial de evolução. Uma cidade acima de tudo, belíssima, que a lente de Person, de alguma forma, parece a deixar ainda mais bela. O longa, com tudo isso, adquire um charme único. 

As mulheres que passam pela vida do Carlos fazem apenas isso... passam. Com exceção de Hilda, que lhe deixou uma grande memória e Luciana (Wilma), com quem ele acaba se casando no segundo ato.  São poucos os momentos em que Carlos se mostra contente, de expressão aberta. Quase sempre está sisudo e parece guardar algo dentro de si que a experiência na cidade só faz piorar.

O longa tem uma montagem delicada e precisa de Person, que usou técnicas inovadoras para o cinema brasileiro da época. Ele é montado fora de ordem, com cenas que se contrapõe mesmo tendo acontecidos em períodos diferentes. E qual não foi minha surpresa ao me dar conta de que entre a primeira e a última cena do longa não se passaram nem 24 horas?

Genial, maravilhoso e premiado mundo afora, o filme é um retrato da capital paulista que precisa ser visto e apreciado. Veja abaixo algumas cenas do filme São Paulo Sociedade Anônima



quinta-feira, 31 de outubro de 2024

ANIQUILAÇÃO (2018)



ANIQUILAÇÃO (Annihilation / 2018) – Um filme que representa um vazio gigantesco, com mudanças absurdas e profundas no modo de pensar e ver o mundo. Aquele final que provoca e inquieta, que mais pergunta do que responde. O filme escrito e dirigido por Alex Garland (de Ex-Machina), baseado no livro de Jeff VanderMeer, tem tudo isso e mais, contando com um elenco talentoso e afinado.

Lena (Natalie Portman) vive há 1 ano, de luto. O marido Kane (Oscar Isaac) foi em uma missão militar e não deu notícias. Até que de repente aparece em casa. Mas volta estranho, calado, distante, diferente. Apresenta uma hemorragia interna grave e é internado às pressas. Aniquilação passa então a viajar entre presente e passado para facilitar as motivações e os desafios de Lena, que acaba se voluntariando na missão militar que o marido tentou cumprir e não conseguir. 

Trata-se de uma missão secreta sobre um objeto que entra na órbita da Terra e cai como uma bola de fogo, num farol, na costa oceânica. Forma-se ali um paredão, uma espécie de domo, que aos poucos vai avançando e crescendo. O que há lá dentro? Ninguém sabe. Só se sabe que quem entra não sai. Ou pelo menos, não sai da mesma forma, como Kane.

Lena e outras 4 mulheres encaram a missão. Ela quer saber o que há lá dentro que mudou tanto o marido. O que elas descobrem é que dentro do domo, chamado de O Brilho, nada cresce e evolui como conhecemos. As formas de vida se misturam e influenciam diretamente no desenvolvimento das espécies, mesmo as mais diferentes possíveis. Como plantas que crescem em formatos de seres humanos, um crocodilo que se desenvolve com dentes de tubarão, um cervos que tem chifres de galhos e flores, por aí vai. Esse sentimento de perder o chão do real, confrontar algo fora do comum, assusta. Tira o chão. Cada passo que elas dão dentro do domo surpreende. Qual resposta há por trás de tudo aquilo?

O balé proposto por Garland passa por imagens grotescas, fortes e com toques de terror que pegam de surpresa e assustam. Elementos que fazem de Aniquilação um ótimo suspense, com fortes toques de terror, e que apresenta um desfecho que pede um raciocínio mais profundo do espectador. Por aqui não há nada de resposta fácil e mastigada. 

Veja abaixo o trailer de Aniquilação.



segunda-feira, 28 de outubro de 2024

A SUBSTÂNCIA (2024)


A SUBSTÂNCIA (The Substance / 2024) – Sempre dá para ir além. Principalmente quando o cineasta acredita na própria ideia e não existe um grande estúdio ou executivos engravatados para atrapalhar. Certeza que se A Substância tivesse essas duas influências, o resultado não seria tão bom quanto ficou. Fruto da imaginação profunda da festejada cineasta francesa Coralie Fargeat e do seu senso crítico apurado que pretende chocar. Mas não de graça. E sim, para que seja difícil - pra não fizer impossível - apagar essa experiência da memória de quem viu.

Elisabeth Sparkle (Demi Moore) é uma estrela do cinema e da televisão que há décadas apresenta um programa de ginástica na televisão, bem ao estilo Jane Fonda. Elisabeth é bonita e está em forma, sem dúvida, mas acaba ouvindo por acidente que um executivo da televisão, interpretado por Dennis Quaid, quer substituí-la de qualquer jeito, por um mulher mais jovem e atraente. Um processo que certamente a própria Demi Moore, que sempre foi um ícone da beleza, principalmente nos anos 90, viveu e vive hoje na casa dos 60 anos.

E ela acaba descobrindo uma experiência nova e altamente secreta em que injeta um líquido em si mesma e dela “nasce” uma outra versão dela mesma, mais jovem, mais bonita, sem estrias nem celulite. Não é uma outra mulher... é ela mesma, só que numa outra versão. Essa outra versão se chama Sue e é vivida pela atriz Margaret Qualley (Era Uma Vez Em... Hollywood e Pobres Criaturas). Elisabeth topa e inicia o experimento. Uma das regras é que elas não podem estar “acordadas” ao mesmo tempo. Enquanto uma "vive", a outra fica descordada no banheiro. 

Os problemas começam quando cada versão de Elisabeth se torna cada vez mais egoísta e chega à conclusão de que a outra versão dela mesma atrapalha. E daí pra frente... meus amigos, nada nos prepara para o que está prestes a acontecer. E é só isso que posso dizer.  

A Substância é um filme longo, chega perto das 2h30, mas passa voando. E isso porque o ótimo roteiro de Fargeat não prevê núcleos de alivio ou personagens com histórias paralelas. Não! Aqui é o tempo todo focado na história de Elisabeth e nas consequências da experiência. Cada cena faz a trama avançar e o filme nunca estaciona.

Certamente é o tipo de filme da esfera do ame ou odeie. No cinema teve gente que saiu no meio, outras perderam o final. Algumas chiaram nos créditos enquanto outras aplaudiam. Chuto que era exatamente o que Fargeat queria. E conseguiu.

A Substância não é para todos, mas não foge jamais da sua mensagem. Apresenta um mundo distópico, com personagens capazes de tudo para conseguir o que quer. E com forte influência de Kubrick, principalmente de O Iluminado. Impossível não reconhecer esse clássico de Kubrick em uma cena ou outra, seja pelo enquadramento, pela posição da câmera ou pela direção de arte cuidadosa, com destaque para o tapete colorido e as paredes bem vermelhas. Se fosse definir, eu diria que A Substância navega facilmente entre os universos de Kubrick, David Lynch e Cronenberg. Fargeat, que já tinha chamado a atenção com seu filme de estreia, Vingança em 2017, põe agora o pé na porta do cinema... espero, que de forma definitiva.

Veja abaixo o trailer de A Substância.


quinta-feira, 13 de junho de 2024

OS IMPERDOÁVEIS (1992)



OS IMPERDOÁVEIS (Unforgiven / 1992) – Ator, produtor e diretor... Clint Eastwood dispensa qualquer apresentação. Começou atuando em papéis minúsculos ainda na década de 50, até que chegou a protagonista graças à Sérgio Leone em Por Um Punhado de Dólares, lançado em 1964. E começou a dirigir na década de 70... os anos se passaram e o gênero faroeste foi um pouco esquecido. Até que na década de 90, Clint tentou reavivar o gênero e teve tanto sucesso que no Oscar daquele ano o filme concorreu a 9 estatuetas, entre elas a de melhor filme.
Os Imperdoáveis começa com uma cena violenta – Quick Mike (David Mucci) esfaqueia o rosto de uma prostituta que teria tirado sarro dele. Corta ela inteira e faz marcas profundas em seu rosto. O dono do bar/bordel chama o xerife Little Bill Daggett (Gene Hackman) e reclama que precisa ser ressarcido, já que a prostituta é sua propriedade e ninguém mais pagará por uma noite com a moça toda ferida.
Pouco tempo depois, um jovem caubói chega à casa de um homem que está cuidando da sua pequena criação de porcos. Seu casal de filhos ajudam. O caubói diz que uma recompensa pela captura de Quick Mike foi estabelecida na cidade e que ele precisa da ajuda de William Munny (Clint Eastwood), homem que no passado foi um violento assassino de aluguel. A princípio ele nega ser quem é e dispensa o caubói. Mas quando seus porcos começam a ficar doentes, Munny vai atrás do jovem de olho na recompensa.
Munny vai à casa de Ned Logan (Morgan Freeman), seu parceiro do tempo de justiceiro e o convence a uma última aventura antes da aposentadoria. A dupla chega à cidade acompanhada do jovem caubói, e incomodam o xerifão Little Bill que começa a persegui-los. Mesmo assim o trio segue a busca.
Clint, além de estrela assina a direção do longa e de certa forma homenageia suas grandes inspirações, principalmente Sérgio Leone, que aparece em destaque nos créditos finais. O ator aliás arrasta o tempo todo a sua voz pra dentro, como se viesse do pescoço e não da boca. Isso só muda no trecho final quando ele busca para efetivar sua vingança. A atuação rendeu a Eastwood a indicação ao Oscar de ator.
Freeman é o mesmo de sempre e Hackman ganha a tela quando está em cena com um personagem que se divide em momentos de simpatia e outros com extrema violência. Os Imperdoáveis levou o Oscar de ator coadjuvante para Gene Hackman, além de melhor diretor para Clint, melhor edição e melhor filme.
Veja abaixo o trailer de Os Imperdoáveis.


segunda-feira, 10 de junho de 2024

NADA DE NOVO NO FRONT (2022)


NADA DE NOVO NO FRONT (Im Westen nichts Neues / 2022) - É a terceira adaptação que o livro clássico de Erich Maria Remarque ganha para o cinema. Mas desta vez é uma abordagem curiosa... que leva a gente para as trincheiras, na primeira guerra mundial, acompanhando as ações do ponto de vista dos derrotados, dos alemães. Nos últimos anos talvez A Queda! As Últimas Horas de Hitler seja o único filme, à ganhar o grande público, que retrate o lado alemão de uma guerra. 

Aqui vemos a ascensão de 4 jovens que saem da Alemanha para se alistar no exército e lutar nos campos de batalha assim como tantos outros, o grupo é inflamado pelas palavras de incentivo do alto comando alemão: "vocês são a geração mais importante da Alemanha neste momento", "vocês vão trazer a Vitória para nós", "em breve estaremos marchando sobre Paris". Todos vibram como se fosse final de Copa do Mundo e embarcam ainda mais alucinados para ir pra batalha matar inimigos. 

A questão é que em pouquíssimo tempo essa romantização da guerra já cai por terra e eles descobrem o óbvio. Primeiro que mal cabem na roupa, já que ela pertencia a outros soldados. Todas elas reaproveitadas de outros soldados mortos. Os capacetes que recebem tem furos de bala. Tudo naquele momento no exército alemão é reaproveitado. Isso porque o país vive uma crise sem igual e uma vitória na guerra é a única coisa que pode manter o espírito alemão em alta.

Assim que os 4 amigos chegam nas trincheiras encontram morte, dor, bombas e tiros que caem e saem por todos os lados, pessoas desmembradas, sangue. É o horror da guerra em estado bruto. Rapidamente percebem que foram enganados, mas não tem escolha a não ser lutar. Um dos jovens ainda diz: "Minha mãe me deu um conselho, coma bem por lá", enquanto chora desesperado, segundos antes de uma bomba cair perto e destruir boa parte da trincheira onde eles e outros soldados alemães estão. 

O trabalho de Felix Kammerer, como Paul, realmente é muito bom, ele carrega o filme e é interessante ver como o seu personagem desmonta a cada cena, a cada novo dia, a cada batalha, transformando-se de um jovem sorridente e alegre em um homem sisudo, fechado, completamente abalado pelos horrores da guerra.

Talvez mostrar o lado da desilusão de jovens soldados alemães seja o único ponto realmente novo de Nada de Novo no Front, o resto é mais do mesmo, nada que você já não tenha visto em qualquer outro filme ou série de guerra:
- O Resgate do Soldado Ryan foca em um elenco recheado e bela fotografia...
- Além da Linha Vermelha foca no lado mais filosófico da guerra...
- Apocalipse Now foca no desespero e nas alucinações soldados...
- Perdas e Danos foca na violência causadas aos civis vietnamitas...
Platoon foca no tédio que ocupava a mente dos jovens que estavam numa guerra sem sentido...

Enquanto isso, Nada de Novo no Front não foca em nada específico, sai atirando em tudo, para todos os lados e em nada acerta. 
Definitivamente, não há nada de novo aqui... Veja abaixo o trailer de Nada de Novo no Front:




quinta-feira, 6 de junho de 2024

AKIRA (1988)

 



AKIRA (1988) - Um mangá em 6 volumes lançados por quase 10 anos no Japão se tornou um símbolo, não apenas para os fãs da arte mas também para muita gente que sequer sabia o que era aquilo. O sucesso gigante fez do mangá um filme, que acabou nos cinemas. É cultuado até hoje e ainda serve de inspiração para muitos animadores mundo afora.

A história de Akira é complexa. O ano é 2019, já se passaram 30 anos da terceira guerra mundial que dizimou o Japão. Tóquio agora é Neo-Toquio e é dominada pela violência de gangues que buscam superar uma a outra. O foco principal é na gangue liderada por Kaneda, que tem uma moto vermelhada estilosa e cheia de modernidades. Seu amigo Tetsuo vive querendo a moto emprestada, mas Kaneda nega. 

A gangue dos palhaços é mais violenta e quando elas se encontram o confronto é certo. Parece não haver policiamento, ordem, limpeza... nada. Tóquio é bem diferente da que conhecemos hoje. A cidade vive uma realidade de pura distopia, com ruas abandonadas, pixadas, prédios altíssimos. Quem vive lá em cima mal vê o caos lá de baixo.

Mas essa realidade fica pequena quando em uma das brigas entre as gangues surge nas ruas uma figura estranha... um menino cinza, com poderes mediúnicos, que flutua e tudo. Chama a atenção de todos que ficam sem entender do que se trata. Tetsuo acaba levado por agentes do governo e sendo envolvido num projeto secreto que usa pessoas como cobaias em experimentos científicos. A trama de Akira é muito profunda e cheia de camadas que revelam uma trama fantástica e rocambolesca que parece não ter fundo. 

O traço do mangá e o estilo da animação foi inovadora para a época do lançamento. Foi a primeira vez que uma animação usou tantos frames, o que deixa os movimentos mais fluídos e próximos da realidade. Tiro certeiro de Otomo Katsuhiro, o idealizador do mangá e diretor dessa animação que inspirou não só outras animações como vários filmes live action.

Veja abaixo o trailer de Akira.




segunda-feira, 3 de junho de 2024

O MENU (2022)


O MENU (The Menu / 2022) – O roteiro esteve anos na lista dos roteiros malditos de Hollywood. Não se sabe ao certo porque tocar esse projeto adiante, mas ainda bem que fizeram. O Menu é crítica pura a tanta coisa, sem falar no estilo que chama tanto a atenção.

A historia começa quando 12 pessoas são levadas para uma pequena ilha deserta, para comer preparos de altíssima culinária no restaurante Hawthorn, comandado por chef Slowik, interpretado por Ralph Fiennes. Ele é muito educado, cortêz e fala quase sempre com uma voz muito calma, como se escolhesse tudo o que precisa ser dito, mas no fundo age de forma estranha, como se escondesse algo.

Cada pessoa pagou 1250 dólares, para degustar 7 pratos exclusivos criados pelo chef. O problema é que ninguém está preparado para o que vai acontecer.

O Menu se passa quase que inteiramente dentro do restaurante com o chef indo mais à fundo, a cada prato, enquanto um batalhão de cozinheiros faz os preparos. Todos, como um exército, seguem cegamente os mandou e demandas do chef Slowik. Basta ele bater uma palma que todos param exatamente o que estão fazendo para ouví-lo atentamente.

Anya Taylor-Joy está ótima e rivaliza com Fiennes como a grande força de O Menu. As ótimas interpretações da dupla são mesmo um presente que o excelente roteiro proporciona. Em nenhum momento o caldo entorna (olha aí um trocadilho culinário...). John Leguizamo e Nicholas Hoult também estão no elenco. 

Talento puro de um realizador britânico chamado Mark Mylod, que produziu episódios de séries como Game of Thrones e Succession. Nos longas metragens, O Menu é a sua quarta participação como diretor e, de longe, o seu maior trabalho. 

As surpresas são realmente inesperadas, e escalam aos poucos, sempre nos deixando intrigados com o que pode vir a seguir. Por isso, O Menu passa rapidinho. O clima pesa, é difícil de assistir em alguns momentos, mas vale como um excelente exemplo de um roteiro bem escrito e bem desenvolvido. E as minimalistas interpretações são puro deleite. 

Veja abaixo o trailer de O Menu.


quinta-feira, 30 de maio de 2024

A BOLHA ASSASSINA (1958/1988)



A BOLHA ASSASSINA (1958 / 1988) – Dois filmes, uma mesma história. O primeiro filme da infame Bolha Assassina é pura inocência a cada cena. O remake é uma obra sangrenta e recheada de criaturas disformes e assustadoras. A história por si só se tornou rapidamente um clássico do cinema de ficção científica.
Naquela década de 50 o filme retrata homens respeitosos, mulheres delicadas – e algumas submissas – pais com controle sobre o destino dos filhos e policiais respeitados apenas pela postura e não pelas armas que carregam. A Bolha Assassina começa com a queda de algo do céu. Só quem vê é um casal de namorados que rapidamente se dirige para lá. Quem dirige é Steve, interpretado por Steve McQueen em uma de suas primeiras aparições nas telonas. Ele já tinha 27 anos, mas interpreta aqui um jovem estudante com quase 10 anos menos. 
Um velho fazendeiro chega primeira ao local e ao cutucar o objeto, ele rapidamente toma conta da sua mão. Gruda e não solta. O velho reclama de muitas dores e o jovem casal o leva pro médico da cidade. La, ele tenta de tudo, de tiros de espingarda até ácido, mas em pouco tempo a massa toma conta do seu braço todo e termina por consumir o velho. Os jovens correm pra delegacia e quando retornam, a bolha está maior e já consumiu por inteiro o médico e a enfermeira. E mais, ela fugiu pela janela e está se arrastando pela cidade. 
O filme não desvia desse plot principal, o roteiro é simplista nesse sentido. E que bom! A bolha acaba crescendo tanto que ataca uma sala de cinema inteira, fazendo com que as pessoas saiam correndo desesperadamente. A cena mais icônica do filme. 
E não vou contar como, mas eles encontram uma saída para aquela situação e a cidade toda, que foi acordada durante a madrugada, consegue derrotar a bolha. Mas ela não é morta... acaba jogada no polo norte e logo depois aparece o “the end”. E na sequência um grande ponto de interrogação toma conta da tela indicando uma sequência da história, que nunca aconteceu.
Veja abaixo o trailer de A Bolha Assassina de 1958.




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A BOLHA ASSASSINA (1988) - O remake veio 30 anos depois. Aqui a história ganha mais sangue e a bolha deixa de ser "apenas" uma bolha para se tornar uma massa, que mais parece um grande chiclete amassado, que lança tentáculos e garras ágeis, que grudam e alcançam longas distâncias. Isso faz com que a bolha empale pessoas, grude pessoas no teto e se torne uma perseguidora implacável, até mesmo pelos subterrâneos da cidade. 
O remake não tem estrelas, Chuck Russell, o diretor, é a maior delas, e acabou dirigindo depois O Máskara, e Queima de Arquivo
Em A Bolha Assassina, Russell e sua equipe de roteiristas e de efeitos especiais montaram um filme nojento, asqueroso, gore... e muito bom! O trecho final dá uma explicada no surgimento da bolha – seria uma experiência feita por uma equipe de cientistas que deu errado e fugiu do controle (bem pouco original, né?)
Particularmente, eu acho o remake da década de 80 muito melhor. Isso, claro, pela efeitos e pelo roteiro que não se limitou a homenagear/copiar o filme de trinta anos antes. Foi além e agradou. O primeiro é uma boa ideia, o segundo é o aprimoramento dela.
Veja abaixo o trailer de A Bolha Assassina de 1988.