sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

BUTCH CASSIDY - Filme de 1968 que retrata os dois mais sanguinários e violentos bandidos que o velho oeste americano já viu, Butch Cassidy e Sundance Kid. Mas no filme, dirigido por George Roy Hill, que acabou sendo indicado ao Oscar de melhor diretor, o tom é outro. Os atores principais, vividos pelo já astro Paul Newmann e pelo ainda quase-anônimo Robert Redford, não conseguiram evitar o tom cômico nas interpretações, o que exigiu certas mudanças no oscarizado roteiro.
Mudanças que caíram muito bem, afinal a química entre os dois é perfeita. Foram 6 indicações ao Oscar e 4 prêmios, entre elas melhor música para Raindrops Keep Fallin´ on my Head, interpretada por B.J. Thomas, ocupando o lugar de Bob Dylan que recusou a proposta. Música que sonoriza a cena clássica do filme, em que Butch leva sua garota Etta para um passeio na mais nova das criações daquele período, a bicicleta.
Etta aliás é interpretada pela belíssima Katharine Ross (na foto abaixo) que pode ser vista no clássico A Primeira Noite de um Homem como filha de Mrs. Robinson e que acaba se casando com a personagem de Dustin Hoffman. Na cena da bicicleta Paul dispensou o uso de dublês, é ele mesmo quem faz todos aqueles malabarismos. Um faroeste engraçado, leve e com uma fotografia belíssima, que também foi oscarizada, aproveitando ao máximo o cenário naturalmente belo das montanhas do interior americano. O resultado foi tão satisfatório de crítico e público que o trio (o diretor George, Paul e Redford) se juntaria mais uma vez para o ainda mais premiado Golpe de Mestre, de 1973, que faturaria 7 prêmios Oscar.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

IRREVERSÍVEL - "O TEMPO DESTRÓI TUDO..." uma das primeiras falas de Irreversível e que preenche toda a tela ao seu final, como em um ciclo.

Perturbador, chocante, sufocante. Tão poucas vezes se vê planos de câmera, tonalidades de ilumação e efeitos sonoros casarem tão bem com o propósito de uma cena ou sequência.

O filme, dirigido pelo argentino Gaspar Noé, é contado de trás para frente (como em Amnésia). A cada cena revela-se um detalhe que explica o motivo da busca desenfreada travada por Marcus (Vincent Cassel) atrás do tal Tênia. Seu "amigo" Pierre (Albert Dupontel) tenta controlá-lo todo o filme, apesar de ser o responsável pela sequência mais chocante do filme, a do extintor.

Tênia em questão é o nome a qual os dois chegam depois de buscar o responsável pelo estupro de Alex (a sempre estonteante Monica Belucci, que é a namorada de um e ex do outro), em um túnel que passa por baixo de uma grande avenida francesa. Esta cena é igualmente repulsiva e chocante, não apenas pela crueldade mas pela duração, são mais de oitominutos de agonia em um plano de câmera contínuo, sem cortes, o que deixa tudo ainda mais real, para não dizer viceral.

Depois da cena de estupro, o filme parece ser outro. Nos pouco mais de 40 minutos que se desenrolam tudo muda por conta da história, que se torna branda. O filme perde sua força, mas não se engane! A trilha repetitiva, os planos "estonteantes" (é isso mesmo o que eles causam, tontura), os tons de cores e as salas claustrofóbicas do começo da obra são os elementos que ficam na cabeça ao final do filme.