segunda-feira, 26 de novembro de 2012

AS PALAVRAS (Or. The Words) - Pra começar diz-se que essa história é levemente baseada em Ernest Hemingway, famoso escritor norte-americano que "perdeu" páginas e páginas de obras suas durante os anos. Elas, obviamente, nunca chegaram a ser conhecidas. Clique aqui e confira!
De qualquer forma, As Palavras é um roteiro intrincado, rocambolesco, mas cheio de erros, ou pelo menos omissões, o que pode até ser pior. Brian Klugman e Lee Sternthal escreveram o roteiro de As Palavras em 1999 e fizeram o então desconhecido Bradley Cooper (o cara loiro do irritante "Se Beber Não Case") prometer que interpretaria um dos papéis principais da película. Treze anos depois Bradley manteve a promessa e atua na obra dirigida pela mesma dupla Klungman e Sternthal.

A obra-prima original...

... o sortudo que a encontrou e a publicou...

... e o cara que escreveu essa história toda.

São três histórias, uma "dentro" da outra. Um escritor viaja pra França nos tempos de guerra e escreve sua única obra prima, baseado em uma tragédia da sua vida pessoal. Mas não a publica e acaba perdendo seu material.

O jovem escritor e sua amada 
Décadas depois, já velho, o escritor (Jeremy Irons, excelente) encontra um novo escritor (Bradley Cooper) que acaba de ganhar notoriedade por ter publicado a história "perdida" pelo personagem de Irons, quando jovem.

Dois escritores - o que publicou e levou a fama (esquerda) e o real escritor (direita)
Toda essa história é contada em um livro publicado pelo personagem de Dennis Quaid, que a lê em uma daquelas leituras em público, para promover o livro. Parece complicado, mas não é tanto. E explicá-la em palavras não é tão fácil assim. Repetindo - são três escritores, com três histórias, cada uma dentro da outra.

Jeremy Irons, atuação soberba
Os problemas aparecem justamente quando a trama começa a ficar interessante. Nada de spoiler por aqui, mas eu diria que as motivações de alguns personagens em alguns momentos, principalmente na relação entre Bradley Cooper e sua esposa Zoe Saldana, são muito fracos e escancaram os furos no roteiro.

O escritor carregando uma valise com um conteúdo que vai mudar a sua vida
A história de Dennis Quaid também sofre na montanha-russa do roteiro, principalmente quando surge uma fã, que a princípio promete chacoalhar a trama. No final isso se comprova e acaba fechando o elo da corrente.

A fã que surge ao final para escancarar o maior plot de toda a trama
Mas assim como qualquer corrente, apesar de fechar um ciclo, é frouxa. No roteiro isso representa erros que, sim, comprometem toda a obra. Não entenda mal, é um bom filme, mas os furos... ah os furos.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ted e suas "amigas"
TED - Family Guy e American Dad são duas séries que fazem muito barulho e que seguem uma tendência na esteira, que parece interminável, dos Simpsons. Famílias desajustadas, com personagens absurdos e que funcionam como agentes que cutucam as cicatrizes abertas do povo norte americano. Não é para ser levado a sério. É o tipo de programa de tv que tem que relaxar e assistir. Politicamente incorreto e piadas de mau gosto são constantes aqui. Tudo isso vem da mente de uma equipe que contém um tal Seth MacFarlane. Este Seth é o diretor e roteirista de Ted, comédia que assim como outras suas fez barulho nos cinemas.

O problema do casal é o ursinho beberrão

Década de 80. Um solitário menino deseja na noite de Natal que seu ursinho de pelúcia tome vida. Quando acorda o desejo se torna realidade. Até aí tudo bem. O problema é que o jovem, quando cresce, leva uma vida totalmente desajustada, gosto de beber e fumar. E seu amigo, o ursinho Ted, está sempre junto. O inofensivo ursinho do cartaz engana a todos. A namorada de Mark Whalberg, vivida pela sempre bela Mila Kunis, começa a se encher, já que segundo ela seu namorado não cresce, vendo no ursinho a causa principal disso. Está armado o principal plot da história.

As manias de Ted

Ted vai muito bem. É um filme conduzido por alguém que sabe do que está falando, conhece o terreno que está pisando. As risadas são garantidas, mas ao final fica aquele gostinho meio... "ok". Cansa, assim como Simpsons nos primeiros 15 minutos ou qualquer outra série de Seth. Ted até vai além, te segura por alguns momentos, mas passa... é "ok". Com o pretexto de divertir, Ted vai bem.

Mila Kunis, sempre bela

É uma montanha russa, altos e baixos pra todo lado, mas para aqueles dias que nada passa até vale uma assistida.  

sábado, 17 de novembro de 2012


ARGO - Argo é ótimo. Ponto. Nada poderia ser mais simples. A produção e a direção levam a assinatura de Ben Affleck. Este é o terceiro longa que Ben dirige. Atração Perigosa, foi o filme que com a sua direção obteve o maior sucesso, concorreu ao Oscar de ator Coadjuvante em 2010 com Jeremy Renner. Mas foi como roteirista que Ben, ao lado de Matt Damon, enfiou o pé na porta dos grandes estúdios com o belíssimo Gênio Indomável.

"Equipe de cinema" tentando embarcar
 
Seja dirigindo, produzindo ou até mesmo escrevendo, Ben é um cara talentoso. Disso, poucos duvidam. O problema de Ben é quando ele resolve aparecer na frente dos câmeras. É um péssimo ator. Não tem qualquer expressão bem definida, é incapaz de dar um sorriso aberto ou passar tensão ou raiva através do rosto. Parece que sofre de uma paralisia facial permanente. E chegamos agora ao grande problema de Argo.

Ben Affleck e sua expressão imutável
 
Ben vive Tony Mendez, um agente do serviço secreto norte americano que se vê envolvido em uma perigosa missão, resgatar seis americanos sequestrados por extremistas iranianos. É uma história real, que explora assim como inúmeras outras obras, o medo permanente dos norte americanos de países envolvidos em questões de fanatismo religioso. Para salvar os norte americanos, Mendez cria um plano mirabolante. Vai até eles no Irã e os treina para que se passem por uma equipe de cinema, que visita o país para rodar um suposto filme. A tensão nos últimos 40 minutos de filme é enorme, com a tentativa de fugir do país, sem chamar atenção no aeroporto, obviamente todo tomado pelo exército iraniano.

Cada um estudando o "papel"que vai encarar no aeroporto no dia seguinte
 
Para aliviar o clima constante de tensão, Alan Arkin (o eterno embaixador norte-americano de O Que É Isso, Companheiro?) e John Goodman (eterno Fred Flintstone) fazem uma dupla cômica do estúdio do filme imaginário da trama.

Goodman (esquerda) e Arkin (direita) em cena de "Argo"
 
Argo faz muito bem a constituição de época, é o grande acerto do filme. Ao final, nos créditos, são exibidas imagens dos atores ao lado dos personagens reais que cada um intepretou, além de algumas fotos de época, que ajudam na reconstituição.

A equipe encurralada pelo exército iraniano

É um filme ótimo em vários sentidos. Mas como disse meu amigo Adriano Lima, "pena que o bom diretor Ben Affleck errou na escolha do seu ator principal". Isso não há como negar.

domingo, 11 de novembro de 2012


ANTIVIRAL - A primeira incursão de Brandon Cronenberg na direção de um longa metragem. E o primeiro passo certo de Brandon é ter seguido a, no mínimo excêntrica, linguagem dos filmes do pai, David. Criador de obras como A Mosca, Scanners, Crash e eXistenZ, o meu preferido, David Cronenberg criou um mundo próprio, com um cinema no estilo ame-o ou odeie-o. A maioria dos roteiros da sua filmografia é composta de criações próprias, voltada sempre ao absurdo e ao extremo.  E seu filho, Brandon, segue na mesma estrada.

O ambiente totalmente impessoal criado da cabeça de Brandon Cronenberg

Antiviral apresenta um ideia muito interessante. As megapersonalidades são adoradas ao extremo, de uma forma até doentia. As pessoas ditas comuns querem tanto parecer com seus ídolos que vão até essa empresa injetar um pouco de sangue do seu ídolo. O exagero chega ao ponto máximo na comercialização das doenças que afligem ou afligiram os ídolos, todo fã quer morrer da mesma forma! Nos mercados, se vendem todo e qualquer tipo de produto com a estampa da personalidade, nos restaurantes as pessoas pedem as comidas com os nomes dos ídolos. Nesse mundo tomado por essa devoção doentia, a história gira em torno de um empregado dessa fábrica que ele próprio se contamina com a doença de uma personalidade e começa a sofrer dos mesmos sintomas, até tentar encontrar a cura.

A estrela doente na cama e o ídolo prestes a injetar seu sangue

A crítica sobre a forma como elevamos qualquer um a posto de ídolo e referência do dia pra noite é muito presente, mas é claro, isso não fica só aí. Só piora. O destaque fica para a atuação robótica do não menos robótico Caleb Landry Jones e para o eterno Alex, Malcolm McDowell.

Caleb Landry Jones e uma ampola de sangue
Ao lado do mestre McDowell
Assim como nos roteiros dos filmes do pai, Brandon cria um roteiro rocambolesco que parece não ter fim. Quando você acha que nada mais pode acontecer e ficar ruim é aí que tudo está apenas começando. A trama sempre pode ir mais fundo em um filme assinado por Cronenberg, seja o pai ou seja o filho.