quarta-feira, 26 de agosto de 2015

AZUL É A COR MAIS QUENTE (2013)

Uma paixão tórrida

AZUL É A COR MAIS QUENTE (La Vie d´Adèle / 2013) - Os Irmãos Lumière... Jean Renoir... Alain Resnais... Truffaut... Godard... A França é mesmo o celeiro das artes, principalmente do cinema. Definitivamente a sétima arte foi feita para ser apreciada na língua francesa. Não que outros idiomas não tem propriedade ou capacidade de dialogar com os filmes, não é isso, mas assistir um filme em francês - seja comédia, drama, documentário ou o que for - tem um sabor diferente.

Das páginas da HQ para as telonas

Abdellatif Kechiche é o diretor do filme Azul é a Cor Mais Quente, longa francês que ganhou o mundo em 2013, principalmente depois de ser premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes daquele ano. Kechiche não tem um modo de trabalhar dos mais agradáveis para seus atores, ele gosta de repetir as gravações inúmeras vezes, beirando a exaustão, aposta sempre em improvisações, muitas vezes nem segue o roteiro ao pé da letra e gosta de fazer algumas gravações às escondidas, para pegar os momentos mais realistas dos atores/personagens.

Kechiche no meio das suas duas musas

Nos papéis principais ele escalou duas atrizes com diferentes trajetórias na carreira. Para a menina do cabelo azul, Emma, Kechiche escolheu Léa Seydoux, que apesar de jovem é uma atriz das mais experientes da nova safra do cinema francês - ela já trabalhou como Quentin Tarantino em Bastardos Inglórios (ela fez uma das filhas do fazendeiro que esconde judeus logo no começo filme, é ela quem serve leite para o personagem de Christoph Waltz, lembra?)

Léa com Christoph Waltz em Bastardos Inglórios

Léa Seydoux também já trabalhou com Woody Allen em Meia Noite em Paris, ela vive a francesa (claro!) dona do antiquário que o personagem de Owen Wilson visita e por quem ele se apaixona (aparentemente) no final do filme.

Léa com Owen Wilson em Meia Noite em Paris

Para o papel de Adèle - que ilustra o título original do filme - Kechiche preferiu a "inexperiente" Adèle Exarchopoulos, que começou as filmagens como uma amiga da personagem principal, mas seu carisma, seu charme e apelo forçaram o diretor a uma mudança nos papéis e a jovem francesa recebeu no colo a difícil incumbência de viver a protagonista da história.

Adèle Exarchopoulos, perfeita na pele da "inocente" Adèle

Na escolha das duas meninas e suas interpretações viscerais e verdadeiras estão as grandes forças de Azul é a Cor Mais Quente. O filme mostra a jovem Adèle, uma estudante que termina o relacionamento com o namorado e passa a se encantar por uma moça de cabelo azul, com quem cruza pelas ruas. Logo depois ela é elogiada e beijada por uma colega de classe. Adèle floresce e se redescobre.

Uma troca de olhares, o despertar da paixão

Ela reencontra a moça de cabelo azul e elas iniciam uma calorosa relação amorosa, enfrentando o julgamento dos amigos e das famílias, de quem escondem o namoro. Os anos passam e elas tocam as suas vidas juntas, mas um pequeno desvio da jovem Adèle põe o relacionamento a perder e elas sofrem. No final cada uma segue seu caminho, mas as rugas da paixão fica em Adèle para sempre.

Nem tudo acaba como se imagina

O filme não é convencional (do típico hollywoodiano, digo). Aqui não há trilha sonora ou qualquer outro som que conduza as emoções, tampouco indicação nas passagens de tempo ou envelhecimento dos personagens. Tudo é muito sutil e que nos obriga a refletir.

As sutilezas de uma história de amor

A cena mais famosa do longa dura cerca de sete minutos e mostra uma intensa relação sexual entre as protagonistas. Segundo elas, a cena foi fácil de ser feita, divertida, ao contrário da cena da separação, que exigiu muito delas do lado emocional, já que, como disse lá em cima, o diretor Kechiche exigiu que a cena fosse filmada quase toda em improviso.

Intenso

Vejo Azul é a Cor Mais Quente como se fosse uma espécie de O Segredo de Brokeback Mountain de Ang Lee, que concorreu ao Oscar de melhor filme em 2005. A diferença entre os filmes é justamente o que afasta o cinemão hollywoodiano do cinema europeu - no caso o francês. Ambos são ótimos filmes, que quebram tabus, mostrando de perto - de perto mesmo - uma relação de amor, que nem sempre tem um final feliz. Intenso e poético.
Veja abaixo o trailer de Azul é a Cor Mais Quente.


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

BROADWAY DANNY ROSE (1984)

Woody e Mia - à época uma dupla afinada

BROADWAY DANNY ROSE (1984) - Mais um PB na vida cinematográfica de Woody Allen. E com ele atuando, o que dá um cara sempre melhor pro filme, mais genuína. Com Broadway Danny Rose, Woody recebeu duas indicações ao Oscar, roteiro e direção. Mais uma vez Woody usou Mia Farrow como sua musa, no total eles fizeram juntos doze filmes.

Comediantes relembram histórias do passado, como a de Danny Rose

O filme é contado através do ponto de vista de comediantes sentados em uma mesa de restaurante que relembram histórias do passado. Um deles afirma ter "a melhor história já contada sobre Danny Rose (Woody), um agenciador de talentos falastrão que não tem lá artistas muito talentosos na sua pequena agência - um tocador de xilofone cego, um malabarista maneta, um ventríloquo gago, uma mulher que tira som de copos e um casal que faz esculturas em balões. Danny tem ainda Lou Canova (Nick Apollo Forte), um cantor decadente que tenta um retorno aos tempos de sucesso.

Lou, o artista mais talentoso de Danny Rose

Danny consegue para Lou um show num lugar grande e o cantor exige que Danny vá buscar a amante, Tina (Mia Farrow). "Só com ela me assistindo eu canto bem", diz Lou.


Um homem atrapalhado e uma mulher explosiva

Aí os problemas começam. Tina é uma mulher desequilibrada, casada com um italianão da máfia, que passa a perseguir Danny, achando que ele é o amante dela. Fugindo da máfia, eles conseguem chegar a noite em Manhattan para o grande show de Lou. O cantor vai muito bem e chama atenção de um outro agente sentado na plateia que promete mais sucesso para Lou do que ele tem com Danny.

Danny perdido ao descobrir que foi chantageado por Tina e Lou

Na cena final, Danny está confraternizando em casa com o seu grupo decadente de artistas e de repente Tina aparece na porta, pedindo perdão e tentando reatar amizade. Danny a dispensa. Numa bela sequência final, Danny sai correndo pelas calçadas de Manhattan e reencontra Tina, levando ela de volta à sua casa.

A bela cena final, pelas calçadas molhadas de uma Nova York pós chuva

Uma comédia rasgada, um roteiro de fuga, com erros e acertos de um conjunto de personagens, que de santos não tem absolutamente nada. Broadway Danny Rose diverte pela atuação neurótica (sempre igual e sempre genial) de Woody Allen e pelas situações inesperadas que a trama proporciona.
Veja abaixo o trailer de Broadway Danny Rose.


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

I KNEW IT WAS YOU: REDISCOVERING JOHN CAZALE (2009)

5x John Cazale

I KNEW IT WAS YOU: REDISCOVERING JOHN CAZALE (2009) - Esse curta documental não tem nem título em português. Parece que nem os tradutores sabem o papel de John Cazale na história do cinema. O ator ítalo americano ficou conhecido por sua curta e trágica, porém gloriosa carreira.

1º filme - O Poderoso Chefão

Ele atuou em apenas cinco filmes, sempre em papéis coadjuvantes - O Poderoso Chefão de 1972, A Conversação de 1974, O Poderoso Chefão II de 1974, Um Dia de Cão de 1975 e O Franco Atirador de 1978 -, mas todos eles concorreram ao Oscar de melhor filme. Um feito impressionante que jamais foi (e dificilmente será) igualado.

2º filme - A Conversação

O diretor Richard Shepard, do ótimo e pouco visto O Matador, consegue depoimentos preciosos de figurões que trabalharam com Cazale, como Francis Ford Coppola, Sidney Lumet, Meryl Streep - que foi namorada de Cazale -, Richard Dreyfuss, Gene Hackman e os reclusos Al Pacino e Robert De Niro

3º filme - O Poderoso Chefão II

John Cazale descobriu, pouco antes de começar a rodar O Franco Atirador, que estava com câncer em estágio avançado, mesmo assim aceitou fazer o filme. Pouco depois de terminada sua participação no longa ele não resistiu e morreu. John Cazale tinha apenas 42 anos de idade. O legado é curto mas marcante e que vale repetir - 5 filmes, 5 atuações de destaque em 5 filmes que concorreram ao Oscar de melhor filme.  

4º filme - Um Dia de Cão

Não é difícil encontrar este documentário na internet para assistir. No youtube tem com o áudio original em inglês e sem legenda nesse link - Godfather Deer Hunter - John Cazale A Fine Actor Who Worked With The Best Part 1. Na sequência dá para se assistir as outras três partes do documentário, que tem ao todo uns 40 minutos. Neste outro link, tem o filme na íntegra com legenda em espanhol - https://vimeo.com/21273063.

5º filme - O Franco Atirador

Veja abaixo o trailer do curta documental I Knew It Was You: Rediscovering John Cazale: