sábado, 29 de junho de 2013


GUERRA MUNDIAL Z (World War Z - 2013) - Os números são grandiosos. O filme foi orçado em cerca de 190 milhões de dólares, a grande maioria dele usado na pós para as incersões digitais. Valores altos que são vistos a cada frame da película. Um ataque feroz de um bando de seres humanos contaminados com um vírus ainda não conhecido. Seu intuito não é divulgado, eles vagam à procura de sangue. Ao ser mordido um ser humano se transforma em um deles em 12 segundos. Aos poucos a população mundial parece não ter outro caminho senão a extinção. O Z de Guerra Mundial Z, você já percebeu, é de zumbi.

Z de zumbi

O livro homônimo lançado em 2006 é de autoria de Max Brooks e ele trata do tema zumbi de uma forma diferente em comparação a outros livros sobre o assunto. Ele é escrito seguindo os relatos dos sobreviventes à tal Guerra Mundial Z. E foi a partir desse livro que escreveram o roteiro desta adaptação dirigida pelo respeitado Marc Forster - A Última Ceia, Em Busca da Terra do Nunca, Mais Estranho que a Ficção, e o 007 - Quantum of Solace. Um cardápio variado e de respeito, não há como negar.

Forster e Pitt

Gerry (Brad Pitt) é um agente da ONU aposentado com uma vida feliz ao lado da mulher e das duas filhas. Mas acaba por ser convocado de volta ao trabalho depois que as principais cidades do mundo começam a ser atacadas por um vírus altamente contagiante que pouco a pouco começa a contaminar a população, transformando-a aos poucos em zumbis. Mas nada daqueles "clássicos" zumbis de George Romero que esticam o braço e ficam gemendo, caminhando lentamente atrás das suas vítimas, aqui os zumbis são rápidos, irracionais com olhares focados, dentes afiados e urrando como lobos sanguinários.

Os zumbis na perseguição pelos humanos

Depois de ser contatado pelos seus amigos da ONU, Gerry e sua família são levados para um porta aviões no meio do oceano, o único lugar totalmente a salvo do planeta. Ou melhor não o único. Com a família totalmente segura, Gerry se entrega à missão de descobrir algo que possa evitar a quase certa destruição da raça humana. Em Israel ele descobre um doutor que está comandando a construção de um muro que divide a cidade ao meio, separando a população limpa da população contaminada. Mas o número de zumbis  é muito maior e eles passam a escalar o muro subindo uns sobre os outros em uma cena realmente assustadora.

A escalada...

...no muro em Israel

Gerry acaba em um avião para fugir do que parece ser uma tragédia em terra. Mal sabe ele que outro zumbi aparece a bordo e o terror parece não ter fim. Não pretendo me alongar muito para não entregar aqui mais do que deveria, mas garanto que o filme ainda reserva bons momentos de suspense e terror até o seu desfecho.

Pitty em uma das sequências mais tensas do filme

Forster escolheu por usar no início e no final do filme trechos de reportagens de TV, formadores e opinião, programas de entrevista e cenas reais de pânico da população tirados de outras tragédias que acontecem todos os dias. Isso traz ainda mais força ao documento, lhe dá um aspecto real, o que dá mais drama à história, fazendo deste Guerra Mundial Z um dos mais "reais" filmes de zumbis que já foram feitos.

Humanos como formigas, o desespero zumbi por comida

Não espere nada sanguinário aqui, ou melhor não espere sangue nenhum! Este talvez seja o grande pesar de Guerra Mundial Z. Fica muito claro que a Paramount Pictures se viu em um dilema - entregar um filme sanguinário, violento, quase beirando o gore? Ou chamar Brad Pitt e cortar todo o sangue para que o filme seja um PG-13 e obviamente faturar mais dinheiro? Escolheram a segunda opção, é claro. Perdeu alguns pontos aí a meu ver.
Veja abaixo o trailer de Guerra Mundial Z:


quarta-feira, 26 de junho de 2013



O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA II (Texas Chain Saw Massacre - Part 2 / 1986 ) - Tobe Hooper é o responsável pela criação da série. Escreveu e dirigiu o primeiro, um clássico irretocável. Doze anos depois remodelou tudo e todos para a sequência. Chamou apenas um ator com quem havia trabalhado no primeiro filme e manteve, é claro, o Leatherface.

A família Saw
O problema está justamente na expectativa. O público queria mais do mesmo, queria mais susto, mais medo e mais macabro. Tobe queria outra coisa. A intenção dele nessa continuação era fazer da sequência de O Massacre da Serra Elétrica uma mistura de terror e comédia, aos moldes da série Evil Dead, de Sam Raimi. Dá uma olhada no pôster de divulgação do filme parodiando O Clube dos Cinco.


Com mais dinheiro mas com menos moral (por conta de uma série de fracassos de bilheteria) Tobe teve que filmar às pressas algumas sequências e no final ainda teve que entregar o filme nas mãos do estúdio que exigiu o corte final. O Massacre da Serra Elétrica II foi decepado. Dizem que as melhores sequências do filme, que dariam mais profundidade a alguns personagens (principalmente o de Dennis Hopper e ao próprio Leatherface) ficaram no chão da sala de edição.

Stretch, a radialista em perigo

A trama gira em torno de Stretch, uma radialista de uma cidadezinha do Texas que passa a ser perseguida pelo Leatherface e seu "irmão" Chop Top (interpretado por Bill Moseley, o Otis da A Casa dos 1000 Corpos e Rejeitados pelo Diabo) como retaliação por ela ajudar Lefty (Dennis Hopper), que busca vingança pela morte do seu irmão Franklin (o cadeirante do primeiro filme).

Lefty em busca de vingança

Na sequência final, Hopper usando como isca a própria Stretch, entra no covil dos assassinos e portando 3 motosserras (!) causa um estrago na família Saw, composta pelo cozinheiro e o vovô de 137 anos, além do próprio Chop Top e Leatherface.

Chop Top

Os problemas aqui são muitos. A família, que antes metia medo e causava repulsa no filme original, agora causa risos constrangidos. Os caipiras sádicos viraram uns caipiras bobocas. Chop Top (o melhor deles) fica pululando de lá pra cá feito um macaquinho), o cozinheiro está velhinho e usa uma inexplicável gravatinha borboleta, Leatherface não agita mais a motosserra, agora ele só levanta o aparato e chacoalha a pança, parece uma mistura de Zacharias com Chacrinha.

Um Leatherface mais humano e portanto fraco nesta parte 2

Leatherface aliás aqui está mais humanizado. Ele se apaixona por Stretch em determinada sequência e até insinua movimentos sensuais com sua motosserra, logo depois de acariciar a perna e a "região pélvica" da moça com a ponta da serra desligada.

A motosserra vira símbolo da paixão de Leatherface por Stretch

Leatherface tenta ainda evitar que ela seja alvo do bizarro jantar da família Saw ao escondê-la por trás do rosto arrancado de LG, amigo de Stretch.

LG após ter o rosto arrancado

O resultado não é de todo ruim, principalmente se você o imaginar como um filme separado do primeiro. Como sequência não funciona de forma alguma. Mudou o formato do filme, seus personagens e sua atmosfera. Tobe pegou os mesmos personagens e os levou para outra coisa, para outro mundo, sem sair dos confins do Texas. Não tinha mesmo como ser sucesso.
Veja abaixo o trailer de O Massacre da Serra Elétrica II:


quinta-feira, 20 de junho de 2013


FAROESTE CABOCLO (2013) - Primeiro de tudo tenho que separar as coisas por aqui. Gostando ou não de Legião Urbana é inegável que a banda de Brasília é das mais importantes da história do rock nacional. Do seu gênero musical é a que mais vendeu disco no país, mais 20 milhões desde 1982 quando foi formada. Os fãs são fervorosos, assim como o são os anti-Legião que também são muitos, e Faroeste Caboclo é uma das suas músicas prediletas. Era questão de tempo para a história, um verdadeiro roteiro, chegar ao cinema.

Notícias Populares lançou um caderno especial no dia do lançamento do filme

René Sampaio é diretor novato, tinha apenas feito um curta-metragem em 2000, quando seguindo um sonho pessoal (que era o mesmo de inúmeros outros fãs de Legião e da música) resolveu ir atrás dos direitos do filme. Descobriu que eles já eram de outro grupo, mas que eles não fariam o filme. O contrato que prendia os direitos da música expiraram naquele mês e René, rapidamente, adquiriu para si os direitos e começou a trabalhar para colocar seu sonho em realidade.

Ísis Valverde e o diretor René Sampaio

O roteiro do filme não segue ipsis litteris a letra de Renato Russo e talvez um dos grandes méritos do filme seja mesmo esse - ele tem personalidade e essas pequenas mudanças não afetam o todo da história ou alteram a característica básica dos personagens principais. Não tenha medo! João de Santo Cristo continua sem "medo de polícia, capitão ou traficante, playboy ou general"; Jeremias continua "um maconheiro sem vergonha organizando a rockonha"; e Maria Lúcia ainda é "uma menina linda que teve o coração do seu amado prometido pra ela."

Juntos, esses três fazem a força de Faroeste Caboclo

Fabrício Boliveira vive um João com uma força e um ódio latentes que o acompanham desde criança, revelados em pequenos flashbacks no começo do filme. A força de seu personagem está no olhar. Fabrício com sua impressionante criação de João de Santo Cristo lembra a força que Leandro Firmino mostrou em 2002 com seu Zé Pequeno de Cidade de Deus

O olhar de Boliveira, a força de João de Santo Cristo

Felipe Abib vive Jeremias, seu grande rival. Ele é o cara da propaganda "vai que..." do Bradesco e lá ele está muito engraçado. Aqui Abib mostra toda a sua versatilidade. Um grande personagem amarrado de forma criativa por Abib, que mesmo com menos tempo de tela do que João cria um Jeremias igualmente forte e respeitado. Ninguém duvida que Jeremias é um "filha da puta, sem vergonha."   

Jeremias, muito mais do que "maconheiro e sem vergonha"

O problema na minha opinião fica na criação de Maria Lúcia. Ela é vital para a trama, tudo gira em torno dela mas sua personagem no longa é fraca. Não pela atuação de Ísis Valverde mas pelas próprias motivações de Maria Lúcia que não se mostram críveis o suficiente. Faltou ao meu ver, um pouco mais de estrutura para a personagem que daria mais sustentação às suas escolhas futuras - sem isso a forma como Maria Lúcia se entrega a João e logo depois a Jeremias, mesmo que com a intenção de salvar João, ficam meio perdidas.

Ísis encanta, mas seu personagem fica no quase

Mas isso não estraga o longa não! Faroeste Caboclo é ótimo! As participações especiais de Antônio Calloni como um corrupto policial que facilita o tráfico comandado por Jeremias, Marcos Paulo como um senador, pai de Maria Lúcia, e o ator uruguaio César Troncoso que também está muito bem como Pablo, "primo" de João e que lhe dá a famosa Winchester 22.

Pablo e João carregando a Winchester 22

Vale a pena e agrada tanto a fãs da música ou não. Se você quiser assistir ao filme mas não for fã da música ou da banda, tenha certeza, vai assistir a um ótimo filme. A história é envolvente e muito forte, independente do gosto musical. E dá filme.

A Brasília dos anos 80 serve de pano de fundo para a trama

Veja abaixo o trailer de Faroeste Caboclo:


sábado, 15 de junho de 2013


CASSINO (Casino / 1995) - A parceria não é nova. Robert De Niro e Joe Pesci já fizeram 6 filmes juntos - Touro Indomável (1980), Era Uma Vez na América (1984), Os Bons Companheiros (1990), Desafio no Bronx (1993), Cassino (1995) e O Bom Pastor (2006). Destes 6, 3 foram dirigidos por Martin Scorsese (Touro Indomável, Os Bons Companheiros e Cassino). Além da dupla, Scorsese escolheu Sharon Stone para um importante papel em Cassino

No cassino ele dá as ordens

Cassino conta a história de Ace (De Niro), dono de um cassino na cidade de Las Vegas nos anos 70. Ele comanda e observa a tudo e a todos, seus empregados e os clientes, sem largar o cigarro. Ace acumula uma fortuna da ordem 67 milhões de dólares e seus negócios vão de vento em popa, muito por conta do trabalho do seu amigo e braço direito, o violento Nicky (Pesci) que resolve seus próprios problemas ou os de Ace, sempre de forma violenta. 

Nicky resolvendo uns "probleminhas"

Tudo começa a mudar com a chegada de Ginger (Stone), uma prostituta que atrai jogadores milionários para o cassino e, é claro, acaba os fazendo gastar pilhas de dinheiro em rodadas de jogo. Ace gosta dela, não apenas por indiretamente fazê-lo ganhar mais dinheiro, mas porque ela a princípio se mostra uma mulher muito interessante e claro, muito linda.

Sharon Stone, linda na parte inicial de Cassino

Em pouco menos de 3 horas, Scorsese constrói e destrói estes três personagens, desenvolvendo melhor o mundo de violência que cerca Nicky e a relação entre Ace e Ginger, que acaba em casamento e uma filha. No calor da relação, Ace divide quase pela metade todo o seu dinheiro com Ginger, que ainda segue presa à seu namorado dos tempos de solteira, o cafetão Lester (James Woods).

O cafetão Lester interpretado por James Woods

Em pouco menos de 10 anos, chegando a década de 80, o casamento desmorona e Ginger começa a sentir conforto no colo de Nicky, como vingança por Ace ter mandado seus capangas baterem em Lester, por conta da sua relação com Ginger no passado. Ginger então afunda-se ainda mais no álcool e nas drogas. O que conduz ao final trágico e é claro, violento.

Ginger já sem tanto glamour assim

Robert De Niro está bem como sempre, mais contido do que em outros casos é verdade, a violência aqui não é característica do seu Ace, mas ele convence muito como um homem poderoso que mais parece um vulcão prestes a explodir a qualquer momento, principalmente na relação com Ginger.

O sempre ótimo De Niro

Joe Pesci vai muito bem como Nicky. Sua metralhadora de palavras e sua voz fina estão aí também, mas quando precisa seu Nicky sabe falar duro e responde com fortes doses de violência sem medida, não se importando com o lugar ou com as pessoas à sua volta. Um personagem com a cara de Pesci.

Pesci vivendo o seu violento Nicky

Mas o destaque de Cassino é mesmo de Sharon Stone. Sua interpretação de Ginger é na medida, beirando a perfeição, talvez a melhor da sua carreira (ainda mais porque convenhamos, Sharon Stone nunca foi nenhum primor em atuação). No começo do filme nos apaixonamos por sua beleza, mas com o passar do filme passamos a odiá-la, seguimos a trilha traçada pelos sentimentos de Ace com relação à sua esposa.

A melhor interpretação da carreira de Sharon Stone

Scorsese aqui mostra muita habilidade nas cenas de violência e no desenvolvimento dos personagens comuns a seu mundo, os pequenos gângsteres. Ele faz uso constante de músicas conhecidas e isso cansa em alguns momentos - embora o uso de Gimme Shelter dos Stones (nas partes violentas de Nicky) e The House of the Rising Sun dos Animals (no final) sejam o grande destaque.

Scorsese dirige De Niro

A história é real. Baseada no livro de Nicholas Pileggi. Ace é Frank "Lefty" Rosenthal falecido em 2008 de ataque cardíaco, Nicky é Anthony "The Ant" Spilotro e Ginger é Geraldine McGee. 

Frank "Lefty" Rosenthal e Robert De Niro
Anthony Spilotro e Joe Pesci

Geraldine McGee e Sharon Stone

Cassino é um ótimo filme, um dos melhores que já assisti de Scorsese. Os personagens são verdadeiros, muito bem interpretados e antes que se imagine é bom que se diga: as 3 horas não fazem mal ao filme (tirante uma sequência completamente inútil de Ace como apresentador de um programa de TV). Na verdade tudo é tão bem conduzido e bem interpretado que nem se vê as horas passarem. Grande filme.
Veja abaixo o trailer de Cassino:


sexta-feira, 14 de junho de 2013



UMA NOITE ALUCINANTE II (Evil Dead II / 1987) - Sequências não são necessariamente sequenciais. Faz sentido? É claro que nenhum. Mas para Sam Raimi é assim. Afinal, 6 anos depois do inesperado sucesso de Evil Dead, Sam, Bruce e toda a trupe da Renaissance Pictures entrega esse Evil Dead II. No Brasil o filme levou o título de "Uma Noite Alucinante II" (mesmo sem existir Uma Noite Alucinante I). Aqui, eles escolheram esse título por ser mais ameno do que (o lógico) A Morte do Demônio II, assim as Sessões da Tarde poderiam exibir Uma Noite Alucinante sem problemas. De qualquer forma aqui tratarei dessa sequência apenas como Evil Dead II, ok?

Ash na frente de toda a turma presa na cabana

Logo de cara se percebe que aqui eles tinham um pouco mais de dinheiro. Uma animação, efeitos de vídeo mais bem acabados entregam isso logo na abertura do filme. Uma pequena recapitulação do que aconteceu no primeiro filme ajuda a quem não viu o primeiro, mas é tudo tão estranho porque as cenas da recapitulação são diferentes da original - até a atriz que faz a namorada de Ash é outra! Alás Ash é o único ponto que conecta toda a trilogia porque de resto, tudo (ou quase tudo) é diferente. Acaba ficando até engraçado, aliás o riso aqui é algo comum.

Demônios na cabana... mais um dia comum para Ash

O terror do absurdo ou terrir tem o seu grande auge aqui. Evil Dead II é escrachado, graças muito a Ash. O personagem principal da série se vê aqui em uma grande enrascada tendo que, mais uma vez, enfrentar o demônio que tenta liquidá-lo, quase sempre sem sucesso. O seu principal trunfo é agir como se não soubesse como agir e mesmo assim se mostrar confiante. É um pateta mas simpático.

Ash possuído

Cenas clássicas são muitas. A cabeça da namorada que Ash arrancou com uma pancada de pá lhe morde a mão e ele sofre para soltar. Quando consegue sua mão começa a agir de forma estranha, ganha vida! Aí se segue uma sequência de humor físico com Bruce Campbell demonstrando toda a sua qualidade nesse tipo de humor.

A "mal educada" mão direita de Ash

Por final, depois de quase ser estrangulado pela própria mão e de ter inúmeros pratos quebrados contra a própria cabeça, Ash gargalha ao decepar a mão com uma motosserra, sua arma mais usada durante a saga.

A motosserra substituindo sua mão

Na sequência, já sem a mão, tem a "laughing scene". Ash se vê sozinho com uma espingarda, esperando pelo demônio, quando a cabeça do veado preso na parede cai em um riso descontrolado. Não assusta, é escracho puro. Depois, um abajur se contorce de tanto rir. Na sequência os livros, a estante, o relógio, a cortina, a sala toda começa a rir sem parar. Ash não tem outra saída a não ser rir junto! É engraçado de tão ridículo, veja abaixo:


Sem falar na famigerada cena do olho do demônio... tem que assistir! 

O olho voador a caminho da...
...bem, imagine só


E pra fechar com "chave de ouro" ( se é que podemos chamar assim), a batalha contra o demônio final abre uma fenda no espaço-tempo e Ash é levado ao ano 1300. Já está aí o link para o terceiro filme da série que viria 6 anos depois.

Em 1300

Evil Dead II é menos sangrento e nojento que o primeiro filme, mas aqui o que ganha é o riso. É demais, na minha opinião o melhor filme da série, o que mostra que beber na fonte dos Três Patetas fez bem a Raimi. A diversão chegou ao máximo aqui.
Veja abaixo o trailer de Evil Dead II.


segunda-feira, 10 de junho de 2013



O PAGADOR DE PROMESSAS (1962) - Seria exagero afirmar que trato aqui do filme brasileiro mais premiado de todos os tempos? Precisaria certamente de um estudo mais aprofundado, mas não restam dúvidas de que O Pagador de Promessas é o filme brasileiro que recebeu as mais importantes honras do cinema mundial - foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro (depois dele vieram O Quatrilho de 1993, O Que É Isso, Companheiro? de 1997 e Central do Brasil de 1997) e ganhou a Palma de Ouro no festival de Cannes (antes dele só Orfeu do Carnaval foi premiado em 1959, mas não conta como um filme brasileiro pois a produção foi dividida também com Itália e França e dirigido por um francês Marcel Camus).

O diretor Anselmo Duarte

O filme dirigido por Anselmo Duarte é baseado na obra de Dias Gomes e conta com um elenco jovem à época mas muito comprometido. Total competência de Anselmo que deu profundidade não apenas a história como também ao seu elenco, que interpretou intensamente o ótimo texto de Dias Gomes. O resultado não poderia ser outro.

Uma das edições do livro lançado em 1959

A história começa com uma peregrinação sofrida de Rosa (Glória Meneses) e seu marido Zé do Burro (Leonardo Villar) que carrega nas costas uma pesada cruz de madeira.

A sofrida peregrinação de Zé e Rosa

Sem falar nada e enfrentando chuva e sol, o casal chega à escadaria da Igreja de Santa Bárbara em Salvador e começa a subir um a um os degraus. Mas a Igreja está fechada, Rosa é levada a dormir num hotel nas redondezas, onde é aliciada pelo inescrupuloso Bonitão. Zé do Burro dorme nas escadas ao lado da Cruz.

As escadarias da Igreja de Santa Bárbara

Pela manhã Zé acorda e começa conversar com o padre sobre sua intenção que é levar a cruz até o altar da Igreja, só assim ele cumpriria a sua promessa - salvar a vida de Nicolau, o burro que lhe ajuda no seu trabalho na roça. Zé, ingênuo ao extremo, confidencia ao padre que fez a promesa para Santa Bárbara em um terreiro de umbanda, de candomblé. Indignado, o padre não permite a entrada de Zé e sua cruz na Igreja, já que prometer algo em um local de "macumba" (como o padre mesmo definiu). "Isso não é cristão e sim algo de quem adora o diabo".

O truculento padre que não permite a entrada de Zé do Burro na Igreja

Sem saber o que fazer, Zé se deita novamente na escadaria e diz que vai ficar lá e levar a cruz ao altar de qualquer jeito, de qualquer maneira. Está selado o principal conflito do filme - de um lado a simplicidade de um homem da roça que precisa cumprir sua promessa para salvar a vida do seu burro e do outro a truculência de um padre que precisa manter a sua palavra e não pode dar o braço a torcer em frente a toda a sua comunidade.

Zé e Rosa 

Com o passar do tempo a história passa a chamar atenção de toda a cidade criando uma série de mitos envolta das intenções de Zé. Alguns acha que ele é um agitador querendo causar danos públicos à imagem da Igreja ou ainda que ele pretende promover o comunismo lutando pela reforma agrária. Zé não quer nada disso: "me deixem em paz, só quero cumprir a minha promessa e salvar a vida do meu burro!"

Com o povo a seu lado Zé tenta entrar na Igreja

Othon Bastos, no papel de um jornalista em busca de autopromoção, a mulher do Bonitão, um escritor de literatura de cordel, além do Monsenhor da Igreja e adeptos do candomblé e da capoeira são alguns dos personagens que aparecem para criar (ou evitar) mais tumulto a situação. O final dessa história não poderia ser outro - é trágico.

Zé é abordado pela imprensa que vê ali uma boa história

Zé é dos personagens mais simpáticos do cinema nacional, sua causa simples ganha proporções gigantescas para um homem da roça resolver. A "cidade grande" e cheia de uma mistura sem fim de culturas e religiões, como era e ainda é Salvador, proporciona um algo mais pra história - é o pano de fundo perfeito.

Sua causa virou atração na cidade

Poucas vezes se viu personagens tão bem resolvidos, uma história tão enxuta e tão brasileira - mas ao mesmo tempo tão universal, capaz de arrebatar prêmios em inúmeros festivais por todo o mundo. Indispensável em muitos aspectos.

Os coadjuvantes também tem seu espaço - como Rosa e Bonitão

Veja abaixo o trailer de O Pagador de Promessas