sábado, 28 de setembro de 2013

PODER SEM LIMITES (2012)



PODER SEM LIMITES (Chronicle / 2012) - Josh Trank reuniu os amigos para fazer esse Poder Sem Limites. Ele tinha 26 anos e queria estrear como diretor quando caiu em suas mãos um roteiro amalucado de Max Landis, filho do renomado diretor John Landis (Irmãos Cara de Pau, Um Príncipe em Nova York, Trocando as Bolas e tantos outros clássicos dos anos 80 e 90). Josh não pensou duas vezes.

Josh Trank (de preto) em ação

O roteiro gira em torno de Andrew, um deslocado na escola que apanha dos valentões, não tem moral com nenhuma garota e em casa é espancado pelo pai geralmente bêbado. O único amor que recebe vem da sua mãe que não sai da cama com uma doença terminal e do seu primo Matt. Para se defender da sua convivência difícil com as demais pessoas e até certo ponto intimidá-las, Andrew passa a documentar toda a sua vida diária com uma câmera de vídeo que leva para cima e pra baixo. Como um falso documentário (como feito em Cloverfield, por exemplo), é a partir dessa câmera (e de outras câmeras) que se acompanha a trajetória de Poder Sem Limites.

O céu não é o limite

Andrew, Matt e outro amigo, Steve, descobrem uma cratera no meio da floresta e descem até lá. Encontram um cristal azulado que muda de cor. O tocam. Tem medo e excitação ao mesmo tempo. De repente aparecem do lado de fora e dali suas vidas jamais será a mesma.

Saindo da cratera, diferente.

Os três passam a ter poderes, tudo controlado pela mente. Movem coisas pequenas, como peças de lego e bolas de beisebol, depois passam a coisas maiores como bichos de pelúcia em lojas de brinquedo e por fim coisas grandes como carros estacionados. Tudo isso é mostrado pela visão da câmera, eles reagem animados e tudo ganha mais e mais veracidade pela forma de captação.

Até a câmera é controlada pelo poder da mente, mostrando a história de forma introspectiva

Até descobrirem que podem voar. Brincam no meio das nuvens, jogam futebol americano, planejam passar cada final de semana em um país diferente. Nem mais o céu é o limite para os três.

OS PRÓXIMOS PARÁGRAFOS CONTÉM SPOILERS

Não demora para que as coisas saiam do controle. Andrew, o único que desde sempre sofrera com bullying na escola passa a usar esses poderes para se defender e, pior, se vingar dos que sempre zoaram com ele. Dessa forma ele começa a se transformar em um agente do mal. Em um dos seus acesos de raiva, provocado pelas constantes brigas com seu pai, Andrew sobe aos céus, fiando entre as nuvens. Procurado e questionado Steve, Andrew se irrita, gera raios, trovões e mata seu amigo Steve.

Com tanto poder a coisa só poderia sair do controle

Justamente por ser o que mais raiva acumula Andrew é o mais poderoso dos três. Matt tenta controlá-lo exigindo que não faça uso dos seus poderes em público. Mas não adianta, Andrew já está transformado.

O lado negro da força

Por fim, Andrew acaba no hospital após ter causado uma explosão num posto de gasolina, onde pretendia obter dinheiro para o remédio da sua mãe. Ela morre pouco depois. No hospital seu pai o visita, acusa-o de ser o culpado pela morte da mãe. Andrew então voa para fora do quarto e arremessa seu pai longe. Matt aparece, resgata seu pai e começa uma batalha entre os dois "super poderosos".

Na batalha no céu vale tudo

Bombeiros, policiais, imprensa, tudo acompanha ao vivo enquanto os dois duelam e destroem boa parte da cidade. Por fim, Matt desloca uma estátua e empala Andrew e foge para o vôo no infinito. Acha refúgio nas montanhas do Tibete, onde o filme acaba.

FIM DOS SPOILERS

O filme de Josh Trank vai bem, surpreende mesmo, principalmente pelos efeitos muito bem realizados. A escolha de filmagem como um falso documentário agrada e casou muito bem com o filme que o roteiro pede. Os atores desconhecidos também ajudam no resultado final. Poder Sem Limites não é uma total perda de tempo, vale a pena.
Veja abaixo o trailer de Poder Sem Limites.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

RUSH: NO LIMITE DA EMOÇÃO (2013)

Tão amigos quanto rivais
RUSH: NO LIMITE DA EMOÇÃO (2013 / Rush) - Qualquer lançamento de Ron Howard deve ser prestigiado, se possível no cinema. O diretor é conhecido por fazer sempre bons filmes, filmes corretos, e não se prender em gêneros específicos, sem falar nas ótimas atuações que sempre acaba arrancando dos seus atores.

Ron ouve Brühl

E como mais um filme de Ron, Rush entrega o que o subtítulo em português promete - muita emoção, além de adrenalina. A história real do filme cobre a acirrada disputa, dentro e fora das pistas, de dois grandes pilotos desde o começo das suas carreiras na fórmula 3 culminando na disputa da temporada de 1976 da fórmula 1. São eles o inglês James Hunt e o austríaco Niki Lauda.

Sempre de olho no outro

Hunt, vivido por Chris Hemsworth (o Thor), é festeiro. Curta uma gandaia. O negócio dele é alta velocidade nas pistas e festa com a mulherada depois. É um piloto sem medo, pisa fundo e se joga nas curvas, é arrojado e audacioso.

Hunt sonha

Lauda, vivido por Daniel Brühl, nasceu com o dom pra coisa. Renegou seu berço de ouro pela vontade de se tornar piloto de corrida. É frio, de poucas e cortantes palavras e entende muito de carro. Gosta de preparar seus carros junto com os mecânicos, não se importa em ficar horas e horas nos boxes até deixar seu carro de jeito que quer.

Lauda calcula

Ambos se respeitam e muito. Sabem do potencial de um cada e creio que no fundo um gostaria de ser um pouquinho igual ao outro. As cenas de ação são incríveis, Ron soube aproveitar muito bem o ronco forte do motor de um fórmula e abusou do uso dele em sequências realmente eletrizantes. É um prato cheio para quem gosta de velocidade.

Altas disputas nas pistas

Brühl e Hemsworth estão ótimos também, seguindo o bom trabalho de Howard com seus atores. A construção dos personagens é muito bem feita, a história vai numa crescente construindo a rivalidade dos dois, culminando na temporada de 1976, contando corrida a corrida os acontecimentos. O ponto alto, tanto do filme quanto daquele ano no esporte é o acidente quase fatal de Lauda, que o desfigurou seu rosto pro resto da vida.

O gravíssimo acidente de Lauda, ponto alto do longa

Com uma força de vontade impressionante (e "culpando" Hunt), Lauda se encheu de entusiasmo e voltou às pista apenas duas corridas depois saindo de um estado de quase morte. A disputa segue forte até a última etapa no Japão que define o campeão daquele ano (não vou aqui contar quem se sagra campeão, basta dar um google e pronto, ou assista o filme sem saber que é melhor ainda).

O uso de CGI reconstrói antigos autódromos

São muitos os acertos aqui. Talvez o maior deles seja respeitar dois grandes pilotos que fizeram história na fórmula 1, dando igual espaço para ambos. Você pode preferir o estilo festeiro de Hunt ou meio seco de Lauda, mas o filme não pende nem pra lá ou pra cá. Até o espaço em tela é praticamente igual. Dois rivais, dois amigos.

Os verdadeiros Lauda e Hunt
Veja abaixo o trailer do ótimo Rush: No Limite da Emoção:

   

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

JOBS (2013)

Jobs e Kutcher - assustadora semelhança
JOBS (2013) - 5 de outubro de 2011 marca a data de morte de Steve Jobs, a mente genial por trás da gigante Apple Computers. Dois anos antes da morte, o próprio Jobs encomendou a sua biografia pelas mãos de Walter Isaacson. Ela ficou pronta pouco antes da morte de Jobs. A biografia foi lançada, se tornou um sucesso e os direitos para transformar a história em filme foram rapidamente adquiridos. O resultado pode ser visto em Jobs.

A biografia autorizada lançada logo após a morte de Jobs

O novato (aqui dirigindo o seu terceiro longa) Joshua Michael Stern assumiu a direção e Ashton Kutcher assusta com  a personificação física muito parecida com a do jovem Steve Jobs. Mas fica só no físico. A atuação de Kutcher passa longe do genial, mas tampouco compromete o resultado do longa.

Usando outros para realizar seus próprios sonhos

A trama acompanha a parte inicial da carreira de Jobs. Na faculdade mesmo após ter concluído os estudos continuou frequentando o campus e era abordado pelos professores e colegas que o consideravam uma mente acima da média. Quase sempre andava descalço, se alimentava apenas de frutas e chegou a viajar para a Índia e usar drogas quando jovem. Sua mente o expandia, desde sempre fora ganancioso e individualista.
O início da Apple
Se interessou por eletrônica e computadores, mas seu forte nunca foi o manejo com os componentes e as placas, seu destaque era a negociação. Dessa forma recrutou 5 amigos que manjavam da parte eletrônica da coisa enquanto ele cuidava de ampliar os negócios conversando com investidores e fornecedores. Nascia assim a Apple na garagem da casa de seu pai adotivo.

Jobs: Um perfil profissional mas ignorando a vida pessoal
O filme passa rapidamente pela vida pessoal de Jobs, mostra que ele se sentia ressentido por ter sido abandonado por seus pais verdadeiros e por quase ter feito o mesmo ao se negar assumir o filho da sua namorada. Ao meu ver o primeiro erro do filme Jobs, o lado profissional é muito conhecido, Joshua poderia ter investido também no lado pessoal do personagem. Ficou devendo.

Na faculdade, uma das mentes mais criativas
A história segue mostrando como a pequeníssima Apple cresceu até se tornar uma gigante da informática, passando pela demissão de Jobs da própria empresa (depois que alguns acionistas não concordavam com a sua visão diferenciada), e depois a sua readmissão como CEO até transformar a empresa na mais valiosa do mundo.

A Apple se tornando um ícone mundial

Em nenhum momento o filme esconde a preocupação constante de Jobs com a estética e o design, contribuindo com ideias simples porém funcionais. Em nenhum momento Jobs é visto construindo algo, pondo a mão na massa, ele é um cara de liderar grupos. Seu negócio não era fazer, mas sim estimular outros a fazer, passando pelo seu crivo.

Negociação - o ponto forte de Steve Jobs
Mas lidar com seus funcionários nunca foi o seu forte. Jobs, o que mostra no filme, sempre foi muito ignorante, sem paciência e sem o menor sentido de gratidão com relação a seus amigos. Uma amostra é que a primeira coisa que faz assim que consegue estabelecer a Apple como grande empresa é virar as costas aos seus amigos que ajudaram a montar a empresa em sua garagem.

Jobs, um gênio mas um cara muito difícil de se trabalhar junto
Um gênio, sem dúvida, mas também um idiota. Um filme sem salva e um personagem idiota. Deu raiva de Jobs no filme insosso de Joshua.
Veja abaixo o trailer de Jobs.