terça-feira, 9 de agosto de 2016

ESQUADRÃO SUICIDA (2016)

Criando expectativas

ESQUADRÃO SUICIDA (Suicide Squad / 2016) - Nem vou me alongar muito antes de advertir que nesse texto vai ter muito spoiler! Então leia por sua conta e risco, ok? 

SPOILERS!

Que porra que a DC tem na cabeça? E a Warner então? Esquadrão Suicida era visto como uma cartada importantíssima na guerra não declarada entre DC e Marvel. A direção foi entregue para David Ayer, mas claramente o filme foi mexido, remexido, reeditado e mudado conforme o gosto dos engravatados da Warner e sabe-se lá quem mais. O resultado foi um caos total, quase um filme blocado, que muda de tom de forma absurda o tempo todo. Ele não segue uma linha mais cômica (como Deadpool e Homem Formiga) ou mais sombria (como a trilogia Batman de Nolan), ele fica no meio do caminho e empaca. Parece uma peça publicitária onde muitos colocaram os dedos e o resultado nem de longe lembra a ideia original.

Gravando  a cena onde Batman captura Arlequina

Tudo isso poderia ser suavizado se a história fosse boa. Mas o roteiro em si já é fraco. Os trailers mostram muita coisa, quase não sobram surpresas pro filme. Alguns bandidos são levados para combater um mal numa Nova York parcialmente destruída. Mas quando chegam lá descobrem que a força não é humana, mas sim uma bruxa com mais de seis mil anos de idade que passa a tentar o controle do lugar e do mundo. Hummm ok, mas aí vem a pergunta - será que um pistoleiro, uma menina maluca, um homem-crocodilo, um ladrão de bancos e um com dom de gerar fogo são as pessoas certas pro serviço?

Gangue do Coringa em ação

Esquadrão Suicida usa e abusa dos vilões do Batman e do Flash - aliás ambos tem pontas interessantes e relevantes no filme -, embora muitos ali estejam ali por... por... porquê mesmo? Amarra mesmo aparece do nada, já com quase 1 hora de filme passado e morre minutos depois em uma cena tola. Pra quê usar esse personagem então? Só porque ele faz parte da série dos HQs? Isso justifica um uso tosco do personagem?

Amarra que mal aparece

O mesmo com relação à Katana, que tem uma espada que aprisiona a alma dos mortos. Mas mal usa. Ela surge do nada, ganha respeito e admiração dos colegas e mais nada. Daria para segurar Katana para outro filme, dando mais peso pro passado, para preencher o personagem, deixá-lo mais rico.

Katana subaproveitada

Aliás todos os Suicidas tem um filminho contando o passado do personagem. Logo no começo do filme, lá pelos 15 minutos. É um charme todo especial, embora fique com aquela cara de geração MTV, tudo é colorido, GCs em 3D na tela, tudo piscando. Mas é uma estética escolhida, dá até para engolir. Mas para por aí. Uma boa ideia não seguida pelo resto do longa.

Bumerangue aparece bastante, mas não tem uma função definida no grupo

A trilha sonora merece elogios... e claro críticas! As músicas são incríveis, principalmente o uso justificável delas no começo do longa, até os 30 minutos mais ou menos. Depois tem uma cena importante quando os Suicidas são reunidos num local de pouso de aviões militares e começam a tocar duas músicas na sequência - Seven Nation Army do White Stripes e Without Me do Eminem. Duas boas músicas com boas batidas mas que entram totalmente de graça! (exceto pelo fato de terem elementos nas letras que possam justificar). Gastaram uma nota de direitos autorais de música e recurso não foi tão bem usado assim. 

A revolta da bruxa

Aí você me pergunta - vale a pena assistir Esquadrão Suicida? Eu digo, claro! Mas tudo aqui é muito ruim, desastroso com um resultado pavoroso, a arlequina de Margot Robbie é um ponto positivo do filme, está na medida. Engraçada, divertida e maníaca... Além de insegura em alguns momentos. El Diablo e Crocodilo também não comprometem. O Pistoleiro do Will Smith está bem, mas Jared Leto como Coringa decepciona.

O Pistoleiro merece nota - Will Smith mais uma vez, muito bem

Coringa está muito agitado, afetado. Não passa medo, não impõe respeito, só fica ruminando e rindo como uma velhinha. Mas aqui acho que o erro foi da edição final, perderam a mão e cortaram demais das cenas dele. Algumas delas mostravam as torturas que ele praticava contra desafetos, e elas não existem no filme. Até a frase que ficou famosa nos trailers - "I can´t wait to show you my little toys" - não existe no filme, cortaram. Isso enfraqueceu muito o personagem.

Mataram o Coringa... na sala de edição

Mas tem muito personagem mal aproveitado, como Katana, Bumerangue e Amarra por exemplo. Desnecessários e mau escolhidos. Quem teve a ideia de colocar esses caras no filme deve imaginar que é só encher a tela de vilões e heróis dos HQ que todo mundo vai gostar. Nada disso. Falta substância aos personagens e peso ao filme como um todo.

Faltou tanta coisa ao filme... menos chuva!

O melhor mesmo de Esquadrão Suicida são os trailers. Bonitos, bem editados e muito bem feitos. Pena que eles animam para um filme que não cumpre a promessa. É muito ruim mesmo e decepcionante ao extremo. Há tempos eu não saia de uma sala de cinema com raiva de um filme. E o pior é que tem um gancho claro para um segundo filme. Se não mudarem o tom do filme até lá, duvido que faça sucesso.
Veja abaixo a única parte boa de Esquadrão Suicida... os trailers.




quarta-feira, 3 de agosto de 2016

EX MACHINA: INSTINTO ARTIFICIAL (2015)

Inteligência artifical como nunca antes visto no cinema 

EX MACHINA: INSTINTO ARTIFICIAL (Ex Machina / 2015) - Poderia ser mais um filme de ficção científica destrinchando a relação de homem e robô. Poderia... mas a história escrita por Alex Garland - que também assina a direção do longa - vai muito além. Pela originalidade e também pelas referências que usa, o roteiro chegou a concorrer ao Oscar de melhor roteiro original.

Ava

A história começa com Caleb, um funcionário de uma mega corporação de internet, recebendo uma mensagem dizendo que ele ganhou um grande prêmio. Aos poucos descobrimos que o prêmio é passar 1 semana na casa de Nathan, o chefe-gênio, criador da empresa e que vive recluso numa casa afastada.

Um casarão escondido no meio da floresta

Nathan (Oscar Isaac, o Poe Dameron de Star Wars Ep. VII), embora tente transparecer o contrário, não é um cara dos mais receptivos. Passa boa parte do dia na academia da casa, se exercitando, e exibindo um ar de superioridade, que cabe a alguém que tão jovem chegou a um cargo de respeito em uma empresa fundamental para o mercado tecnológico - a Blue Book, uma espécie de Google.

Caleb e Nathan - lado a lado, funcionário e dono da empresa

Sua última invenção e que garante se "a maior de todos os tempos", é Ava, uma humanóide fisicamente perfeita e com livre arbítrio. Uma inteligência artificial que realmente pensa por si só. É um ser humano perfeito, não fosse pelos mecanismos e fiações aparentes. Um efeito impressionante, que rendeu ao filme uma indicação ao Oscar de efeitos visuais.

A bela Ava, vivida por Alicia Vikander

Caleb fica fascinado por Ava. Eles tem encontros diários separados por um vidro. A humanóide vive numa sala fechada, sem contato direto com o mundo externo. A medida que se tornam mais próximos eles fazem perguntas mais profundas um para o outro. Cada sessão de perguntas se passa em um dia diferente e marca um novo capítulo da história.

As conversas diárias entre Ava e Caleb

Mas esse cenário de alta tecnologia e aparentemente harmonioso guarda os seus segredos. Uma vez por dia a energia de toda a casa é "desabilitada", desligando o sistema de segurança interno. As câmeras de segurança que são assistidas por Nathan em seu quarto ficam desligadas por alguns momentos até que a energia seja restabelecida. O que eles não sabem é que as quedas são causadas por Ava propositalmente, para que ela possa revelar a Caleb um terrível segredo.

Nathan - um gênio solitário e perigoso

ATENÇÃO - SPOILERS

Durante uma das quedas de energia, Ava abre o jogo para Caleb e diz que Nathan se cerca de várias humanóides, todas mulheres. Caleb tem a intenção de libertar Ava, por quem já se sente apaixonado e impedir que Caleb a destrua quando ele conseguir construir um modelo mais avançado.

Ava entre iguais

Em uma das cenas mais fortes do longa Caleb começa a questionar a própria sanidade e faz um ferimento profundo no braço. Seria ele também um robô?

Caleb se pergunta

Um plano de fuga é arquitetado pelos dois. Ava consegue a liberdade e foge da casa e sai calmamente sem se importar com o que ou quem ficou pra trás. Fria. Um robô, sentimentos não existem.

Com roupa e peruca, curiosa pelo mundo lá de fora

Uma das coisas mais impressionantes de Ex Machina está na forma como ele deixa aberta a interpretação em alguns pontos. Por exemplo, a cada sessão - que abre mais um capítulo do filme - Ava é interrogada por Caleb. Mas mesmo com o final das sessões o filme apresenta um capítulo final. O que deixa em aberto que quem poderia estar fazendo os testes era Ava em Caleb e não o contrário.

FIM DOS SPOILERS

O grande mérito de Ex Machina: Instinto Artificial está no roteiro até certo ponto inesperado e nas boas interpretações do trio principal. Do petulante Nathan ao herói Caleb (Domnhall Gleeson, o general Hux de Star Wars ep. VII - O Despertar da Força) e da robótica Ava (Alicia Vikander, que levou o Oscar de melhor atriz por A Garota Dinamarquesa). Uma história sobre um futuro que pode muito bem ser um presente. Como duvidar dos avanços de uma humanidade pra lá de doentia?

Efeitos impressionantes
Veja abaixo o trailer de Ex Machina: Instinto Artificial: