EUROPA (1991) - Muito difícil sair indiferente depois de um filme de Lars Von Trier. Sonho, surrealismo e realidade cruel são elementos que o cineasta dinamarquês usa com maestria. Em Europa, ele se arrisca tocando em uma ferida ainda aberta na Alemanha e na Europa como um todo: a Segunda Guerra Mundial.
Kessler é um norte americano que está na Alemanha no ano de 1945, logo após a guerra. A Alemanha é um país em frangalhos, buscando se remontar, mas ainda sangrando com os efeitos do combate. Tudo ali é devastação. E Kessler, ao ser perguntado o que está fazendo ali, ele diz: “quero fazer o bem para este país, alguém precisa fazer isso”. Ele acompanha o tio numa viagem de trem e acaba sendo contratado como condutor dos trens.
Ao longo do filme, ele se envolve com Katharina, filha do dono da companhia, e acaba sendo envolvido num ambiente de conflitos políticos, especialmente com um grupo terrorista, formado por nazistas remanescentes.
O longa é quase inteiro filmado em preto branco, o que aumenta crucialmente o nível de crueldade da história. Em alguns momentos e com alguns personagens, Trier usa cor, meio que para descolá-los daquela realidade e aproximá-los à nós, espectadores. São escolhas pontuais mas que aumentam a dramaticidade de Europa.
Uma voz em off, gravada por Max Von Sydow, conduz as ações de Kessler, meio que narrando o que acontece e servindo até como guia para quem assiste.
Europa tem parte importante na formação de Trier como cineasta, tendo concorrido a 3 prêmios no festival de Cannes daquele ano. Mas assisti-lo não é uma experiência fácil, algo comum nos longas de Trier. E, eu diria sem medo, que é impossível compreender todos os elementos e os simbolismos que aparecem em cena, até porque são muitos. Ele é um mestre em esconder esses significados aqui e ali. São coisas que agregam ao filme, mas exigem que ele seja assistido com bastante atenção e certamente, mais de 1 vez. É um filme difícil e que exige demais de quem assiste.
Veja abaixo o trailer de Europa.


