sexta-feira, 2 de março de 2018

TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME (2017)

Nas placas de publicidade o protesto de uma mãe

TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri / 2017) - Em seus dramas, Martin McDonagh sempre flertou com a comédia. Nas outra três produções em que esteve envolvido, seja escrevendo, produzindo ou dirigindo - ou os três - foi assim. Na Mira do Chefe, o primeiro dessa pequena lista, é de 2008. Levou 10 anos para McDonagh estourar.

McDonagh, à direita, em ação

Em Três Anúncios para um Crime - título mais descritivo que esse não existe! - Mildred Hayes (Frances McDormand) faz exatamente isso, logo na primeira cena. A mulher gasta suas economias alugando 3 outdoors em uma das entradas/saídas na pequena cidade de Ebbing, Missouri e coloca lá frases chocantes cobrando o xerife local sobre a solução de um crime acontecido há meses: o estupro e assassinato da sua filha Angela Hayes. 

Sem razão para sorrir

Aliás Mildred, a personagem de McDormand, é muito parecida com a Marge, sua personagem em Fargo, comédia/drama dos irmãos Coen de 1996 e que a premiou com o Oscar. Uma é policial, a outra afronta policiais, mas as duas são duronas, mulheres fortes e que peitam o sistema machista de uma pequena cidade do interior dos EUA. Será que McDormand pode sonhar com uma segunda estatueta? Pode e deve...

Uma mulher que carrega sofrimento e não esconde isso

Mildred é a alma de Três Anúncios para um Crime. Bom, pelo menos na primeira meia hora. Porque a partir daí o filme muda de foco, abrindo espaço para o xerife Bill Willoughby (Woody Harrelson) que vive também um drama pessoal. E mais, Bill representa a polícia que ainda não achou o culpado pelo crime e por isso tem que enfrentar Mildred - que vive de cara fechada, amargurada e sem abertura para nada nem ninguém - e chefiar os demais policias da pequena delegacia. Já está na hora de Harrelson ser agraciado com o Oscar. Ele já concorreu outras duas vezes com O Povo contra Larry Flint e O Mensageiro

Será a vez de Harrelson?

Um dos comandados de Bill é o oficial Dixon (Sam Rockwell), um cara que tem papel fundamental na representação do cara que se torna policial por acaso e acha que por isso pode-se fazer de tudo, mesmo que seja fora da lei. Carrega consigo algumas acusações de racismo e tortura e, como maioria da cidade de Ebbing, não tolera Mildred Hayes. Rockwell disputa com Harrelson o Oscar de ator coadjuvante.

O odiável policial de Rockwell

A trama de Três Anúncios para um Crime é centrada nestes três personagens, mas muitos outros aparecem pelo caminho e ajudam a formar uma teia interessante de eventos que nos fazem ficar amarrados e estranhamente conectados ao filme e seus personagens que não são sempre bons e não são sempre ruins. 

A problemática família de Mildred

Viradas no roteiro são constantes. A montagem eficiente dita o ritmo. Mas estão nas atuações o grande trunfo do filme. Além disso, a película não pede por respostas, nem as deixa claras sobre a mesa. Não. Três Anúncios para um Crime é muito mais a jornada percorrida do que a chegada em si. E o final em aberto - sobre um determinado aspecto da trama - deixa isso claro. Não faz falta a resposta. A viagem àquela pequena cidade de pessoas nem tão amáveis nem odiosas já foi feita.

As placas de publicidade com os protestos 

Veja abaixo o trailer de Três Anúncios para um Crime.

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