sexta-feira, 18 de março de 2016

A VIDA DOS OUTROS (2006)

Wiesler à espreita

A VIDA DOS OUTROS (Das Leben Der Anderen / 2006) - Ah...os estereótipos, como é bom se deparar inesperadamente com algo que destrua os pré conceitos. Um deles, construído com força depois das duas grandes Guerras indica que todo alemão é duro na queda, implacável, seco e com dificuldade de demonstrar sentimentos. Pois A Vida dos Outros caminha no sentido oposto.

A implacável perseguição aos inimigos

O filme alemão, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007, conta a história de Wiesler, um militante do partido comunista em plena Alemanha Oriental em 1984. Na época a preocupação com qualquer desvio de comportamento ou inclinação para a outra Alemanha, a ocidental, era considerado crime. Escutas secretas eram a principal arma do governo para capturar os inimigos.

Um escritor que pretende soltar a voz

Wiesler escreve relatórios diários com o que ouve nos microfones escondidos e implantados clandestinamente nas casas dos suspeitos. Lembra muito A Conversação de Francis Ford Coppola de 1974 com Gene Hackman no papel principal, embora a questão ali não fosse política e sim uma investigação de um detetive. Em A Vida dos Outros o escritor Georg e a namorada atriz Christa são os alvos dos grampos. 

O casal investigado

Nos primeiros quarenta minutos, o filme se arrasta justamente por comprovar os estereótipos dos alemães insensíveis que trabalham incessantemente seguindo os ideais do governo, isso já visto em centenas de filmes. Mas o que diferencia A Vida dos Outros é o que acontece depois.

Imaginando a casa alheia 

A vida solitária de Wiesler, baseada unicamente nas crenças e na rotina do partido comunista, começa a ficar ainda mais sem sentido. Embora não admita, ele começa a se interessar pelo casal que está investigando, acompanha a rotina dos dois e se interessa, muito por estar ouvindo algo que não está nem perto de ter - amigos e uma namorada. 

Amor - uma das coisas que falta ao mundo de Weisler

Abraçar-se enquanto ouve o casal se abraçando, deixar a imaginação fluir cada vez que coloca os filmes de ouvido... São coisas a que Wiesler nunca esteve acostumado e que mudam sua postura dali pra frente. Ele se torna mais humano por dentro, embora ainda transpareça dureza por fora. As consequências, é claro, são sérias. A cena que mostra essa virada na vida Weisler é sensacional - num elevador ele ouve de um menininho que o pai dele "odeia o governo", o militante então, por pouco, não pergunta à criança o nome do pai... mas no final prefere deixar pra lá.

Ótima cena e uma virada na cena de Wiesler

Poucas vezes nos vimos com compaixão de um militante de um partido político dos mais radicais da história. Ainda mais durante um período político complicado do mundo, especialmente da Alemanha. Mas não se sinta mal por isso, sentir pena de Wiesler e sua vida solitária e ordinária é só um dos sentimentos que o bom A Vida dos Outros desperta.
Veja abaixo o trailer de A Vida dos Outros.


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