domingo, 17 de fevereiro de 2013

A mansão Bates
PSICOSE (Psycho / 1960) - Nada como uma boa montagem, uma trilha assustadora e um diretor que sabe como conduzir seus próprios atores ao medo. Robert Bloch escreveu o livro e cedeu os direitos a Hitchcock por "apenas" 9 mil dólares. Tentando preservar as surpresas do final do filme Hitchcock passava de livraria em livraria e comprava o maior número de cópias do livro possível.

A capa do livro

Hitchcock apostara muitas das suas fichas naquela obra. Estudou cada uma das cenas e minuciosamente criou cada uma das suas excentricidades. Realizou, por exemplo, trocas de lentes na cena do close no chuveiro para que a água passasse pela câmera e pudesse fazer o zoom in nela; decidiu por filmar Psicose todo em preto e branco por acreditar que as cenas de sangue seriam muito chocante para o público. O uso de instrumentos musicais desafinados propositadamente (principalmente violino), criaram o som perfeito para a trilha de Psicose. São muitas histórias quer ajudam a fazer de Psicose um dos maiores suspenses da história do cinema. Alguém duvida?

Suspense é com esse cara aí

Ao se assistir hoje o longa pode parecer meio ultrapassado e por vezes simplório ou mesmo ingênuo em alguns aspectos. É bom que se saiba que falamos de 1960 e muitas das escolhas e caminhos dos roteiros, destinos dos personagens eram inovadores para a época. O que se vê em filmes de terror e suspense de hoje bebeu muito na fonte de Hitchcock, e também em Psicose, é claro.

O uso de sombras, uma constante em Psicose

Janet Leigh faz o papel da mocinha (Marion) que trabalha numa imobiliária e se vê com 40 mil dólares nas mãos (um dinheirão pra época) fruto da compra de um terreno por um endinheirado da região. Ela decide então fugir com o dinheiro ao invés de depositá-lo no banco. Marion troca de carro, pega a estrada, até chegar a um motel afastado. Sem hóspedes e com uma mansão assustadora nos fundos, o motel tem em Anthony Perkins, que vive Norman Bates, e sua mãe como donos. O rapaz vive para cuidar da sua mãe, do motel e de empalhar pássaros, seu principal hobby.

Norman Bates e seus pássaros empalhados

Logo de cara, com pouco mais de 30 minutos passados do filme já acontece a primeira grande surpresa, com a clássica cena do chuveiro, a morte de Marion a facadas, a protagonista morta. Bates, calmamente aparece no banheiro pouco depois e sem emitir qualquer som limpa toda sujeira, o sangue e arrasta o corpo de Marion para um pântano nos fundos do terreno. Hitchcock parece se divertir com essa sequência, pois mostra nos mais pequenos detalhes a ação de Bates e seu apreço em limpar com cuidado cada mancha de sangue deixado na banheira. Uma sequência primorosa.

Surpresa! A morte da protagonista com pouco mais de 30 minutos de projeção

O que parecia ser um filme sobre a tentativa de Marion de fugir com um dinheiro que não lhe pertence se transforma em um filme de investigação com a confirmação do desaparecimento da menina. O que lhe acontecera? Que motel era aquele? E o casarão da família Bates? Nada passa sem resposta.

Anthony Perkins imortalizado no doentio Norman Bates

A genialidade de Hitchcock está em transformar uma história simples em um thriller, fazendo uso de pequenos recursos como uma trilha forte e uma montagem pra lá de eficaz. Quer um exemplo? Uma simples caminhada de uma das personagens até a entrada do casarão. A trilha cresce conforme seus passos vão se aproximando do casarão, cortes cada vez mais rápidos e planos cada vez mais fechados, culminando na maçaneta do casarão que se abre. Uma sequência simples, curta, mas que se estendeu com a trilha e se tornou símbolo de um filme que está entre os grandes, comandando por um diretor, que do gênero suspense, é o maior nome.

     

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