quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

GLAUBER, O FILME LABIRINTO DO BRASIL (2003)

Glauber Rocha é todo ouvidos

GLAUBER, O FILME LABIRINTO DO BRASIL (2003) - Sílvio Tendler é um documentarista de mão cheia. Além da série de TV Anos Rebeldes, ele dirigiu no começo dos anos 80 Jango e Os Anos JK, duas obras definitivas sobre os temas e que ajudaram a definir os moldes do gênero no Brasil. Depois de se "aventurar" no mundo de duas figuras tão importantes do cenário político nacional, Tendler se voltou à uma importante figura do nosso cinema - Glauber Rocha.

Silvio Tendler e o cartaz do seu documentário

Uma das figuras brasileiras mais premiadas no cenário do cinema mundial e um dos precursores do chamado Cinema Novo, Glauber acabou colhendo ainda em vida um pouco de tudo aquilo que plantou. Polêmico, não acreditava em corporações, em grandes contratos e jamais abria exceções às suas próprias regras. Atirava contra tudo e contra todos, usando uma metralhadora de palavras fortes e gestual contundente.

Palavras fortes e gestual contundente

O documentário de Silvio Tendler foi lançado em 2003, revelando imagens até então proibidas do funeral de Glauber - a família queria que Tendler não usasse essas imagens que mostravam o cineasta exposto no caixão em detalhes.



Repetindo o próprio Glauber que em 1977 lançou um documentário sobre o funeral do pintor Di Cavalcanti, apenas duas horas após descobrir a sua morte. A família odiou, acusou Glauber de transformar aquele momento de tristeza em um carnaval. Até hoje esse filme ainda gera polêmica e nunca foi lançado comercialmente. De qualquer forma, clique abaixo e assista o filme de Glauber no funeral de Di Cavalcanti.

 

Dá pra perceber que Glauber não é um cineasta comum, definitivamente. O cineasta-poesia, cineasta-épico, dono de um jeito único, uma forma só dele, e estandarte do cinema da "câmera na mão e uma ideia na cabeça". No documentário de Tendler - O Filme Labirinto do Brasil - pessoas famosas e não, contam suas experiência ao lado de Glauber, amigos, intelectuais e tantos outros. O filme não tem o off condutor, são apenas relatos, o seu funeral e trechos dos seus filmes, além de programas de TV com Glauber soltando as suas frases bombásticas. Ele sempre tinha muito o que falar.



Glauber Rocha merece essa e muitas outras homenagens. Sem dúvida um gênio, sem dúvida um chato. Seus filmes flutuam entre o sublime e o grotesco, são secos, crus, alegóricos, carnavalescos, mas acima de tudo levam o carimbo de Glauber. Com a sua mania de matar seus ídolos, o nosso país vira as costas para suas grandes figuras. Goste dos seus filmes ou não, concorde com suas opiniões ou não, a questão é que em seu próprio país o cineasta Glauber Rocha foi (e é) pouquíssimo visto enquanto lá fora foi premiado e até reverenciado.



"Dediquei 20 anos de minha vida ao cinema brasileiro, sou um dos principais artífices da Embrafilme, realizei alguns filmes brasileiros de repercussão internacional e me encontro no Brasil marginalizado e sem ver nenhuma perspectiva de saída para o cinema". Glauber, sempre polêmico.
Veja abaixo o trailer de Glauber, o Filme Labirinto do Brasil.


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