sexta-feira, 10 de março de 2017

ELLE (2016)

Uma mulher nada frágil

ELLE (2016) - Assisti Robocop no começo dos anos 90 e a princípio confesso que fiquei assustado. Tem uma cena lá que me marcou muito - a tortura do policial Murphy. Foi aí que descobri um tal Paul Verhoeven, diretor holandês que agora reencontro nesse drama francês. Verhoeven bem que tentou rodar Elle em Hollywood, mas o roteiro foi negado por várias atrizes. Na Europa ele encontrou Isabelle Huppert que aceitou na hora.

Verhoeven dirige Huppert

O longa baseado no livro Oh... de 2012, conta a história de Michele (Huppert), uma mulher bem resolvida, principalmente no trabalho onde comanda um grupo formado basicamente por homens. Mora sozinha numa bela casa, que é invadida por um homem vestido todo de preto, de máscara e a violenta sexualmente. Eles brigam feio e ela acaba no chão, com a roupa rasgada e desmoralizada. Aos poucos junta os cacos no chão - que representam os cacos dela mesma - e tenta levar a vida como se aquilo não tivesse acontecido.

Buscando proteção

O sentimento de pena que sentimos por Michelle aos poucos vai mudando na medida que passamos a conhecer as irritantes e nada corretas posturas que ela toma no dia a dia - ela maltrata as pessoas, bate em carro estacionado, odeia o pai idoso e tem nojo da mãe, tudo por conta de uma infância difícil.

A forma "carinhosa" como trata as cinzas

Uma mulher odiosa, detestável, e é aí que Huppert ganha espaço - o corpo magro e frágil dela esconde essa mulher forte que só se vê através do olhar. Uma impressionante interpretação da francesa. Michele vai crescendo a cada cena enquanto vamos aos pouco desvendando o estupro que ela sofreu - e sofre em outras cenas do filme. Tudo não passa de um jogo.

Michelle e seu companheiro

O filme vale por Huppert e a forma como ela mostra ser uma coisa e aos poucos se transforma em outra, tudo com o olhar, voz e trabalho de corpo. É muito respeitável também porque ela mesmo chegou a dizer que Elle foi um dos filmes mais difíceis que fez na longa carreira. Huppert, que já foi dirigida por Godard no começo dos anos 70, é respeitadíssima no cinema francês, e ao se ver Elle entende-se o porque. Pena que não levou a estatueta no Oscar. Merecia.
Veja abaixo o trailer de Elle.   


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