sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

EU, TONYA (2017)

Nascida para brilhar, mas...

EU, TONYA (I, Tonya / 2017) - A história chocou o mundo dos esportes e pegou muita gente de surpresa. Afinal, não é algo que se espera... Principalmente do meio da patinação artística, um esporte que é quase um balé sobre o gelo. Ainda mais envolvendo duas competidoras tão famosas. Documentários, reportagens e até livros sobre o assunto já foram lançados. É a primeira vez que a história das patinadoras Tonya Harding e Nancy Kerrigan chega ao cinemão.

Craig, de boina, em ação

Na verdade o "incidente" entre as duas é apenas um trecho do filme dirigido por Craig Gillespie. O recorte do roteiro é muito maior. Trata-se da cinebiografia de Tonya Harding (interpretada por Margot Robbie, atriz talentosa que pode ir muito além da arlequina). Eu, Tonya aposta no humor para fugir das cinebiografias tradicionais e isso ajuda a compor melhor o personagem controverso de Harding.

O formato de falso documentário: os personagens contam suas histórias

Os personagens são os próprios narradores dos acontecimentos. E tudo começa na infância pobre de Harding, com a sua mãe Lavona (Allison Janney simplesmente sensacional), uma mulher dura, seca, agressiva, impiedosa e que não demonstra qualquer sinal de afeto pela filha ou por ninguém. Palco perfeito para Janney desfilar todo seu talento, que pode - e acredito que mereça muito - ser premiado com a estatueta do Oscar de atriz coadjuvante. Ela já levou o Globo de Ouro pela atuação.

 A rígida mãe 

A relação difícil das duas molda uma jovem Tonya também dura e fechada. Desde criança, ainda com 4 anos, ela se acostumou com as competições. E acostumou a estar sempre no alto do pódio. "Ela é sua inimiga, você não vem aqui para fazer amizades", diz a mãe Lavona quando vê a filha criança conversando com outra patinadora.

Talentosa

Com 20, ela namora e se casa com Jeff. Nasce ali uma relação conturbada que envolve brigas constantes, quase sempre resultando em violência, indas e vindas no casamento. Foi uma fase ruim também no gelo. E Tonya, que não ganhava mais nada, chegou a questionar os juízes das notas baixas que levava. A resposta - "patinação não é apenas o que acontece no gelo... ninguém quer alguém como você como um modelo". Tonya largou tudo e se tornou garçonete, como a sua mãe.

A relação conturbada com Jeff

Acabou voltando depois da insistência da sua primeira técnica, mas nas classificatórias para os Jogos Olímpicos de Inverno - sonho de qualquer esportista do gelo - ela teve a ideia de assustar uma das concorrentes, Nancy Kerrigan, com uma carta ameaçadora. Quem sabe desconcentrada, Nancy seria facilmente derrotada por Tonya.

Sean, o auto proclamado guarda-costas de Tonya

Jeff falou com Sean, um amigo todo atrapalhado e com delírios de grandeza que acabou exagerando na dose. Ao invés de mandar as cartas, ele convocou outros caras para machucar Nancy. E durante um treino ela teve o joelho seriamente lesionado por uma paulada. Tonya acabou também incriminada e perdeu o direito de patinar para sempre.

A polícia descobre o esquema

O real e o fictício se mesclam em Eu, Tonya. Os personagens principais da história e jornalistas que cobriram os acontecimentos naquele período se dividem nas opiniões. Mas a maioria afirma que tudo o que aconteceu está no filme, mesmo que um pouco exagerado. Nancy Kerrigan, a vítima, não assistiu no lançamento e disse ter "coisas melhores a fazer". Já Tonya viu o filme e comemorou a forma como a mãe foi retratada, uma mulher má. Até hoje as duas não se falam direito.

Tonya e Nancy reais

A cinebiografia Eu, Tonya faz a quebra da quarta parede com frequência. A todo momento os personagens interrompem ou completam as próprias narrações em cena, como se fôssemos convidados a ver que tudo aquilo é mesmo uma encenação e que se tratam de atores. Boa fórmula e que funciona.

Dificuldades para se concentrar nas competições seguintes ao incidente

A história é inacreditável - coisa de cinema mesmo - as atuações marcantes e tudo é muito bem conduzido. Difícil achar falhas em Eu, Tonya. Daqueles filmes que depois de assistir você pensa: "porque demoraram tanto para contar essa história?" Real x Fake, Verdade x Romance... No fim das contas não importa. Eu, Tonya funciona como um bom drama real recheado de alívios cômicos. Afinal, não é tudo o que se espera de um bom filme?

Vilã? Anti-heroína? Ou as duas coisas?

Veja abaixo o trailer de Eu, Tonya.

   

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