domingo, 26 de maio de 2013

A MORTE DO DEMÔNIO (Evil Dead / 2013) - Não é sempre, mas os remakes não costumam ser vistos com bons olhos. Em alguns casos específicos, de filmes muito adorados, com fãs fervorosos um remake acaba se tornando algo odiado, simplesmente pelo fato de ser feito. Geralmente eles acabam sendo criticados muito antes do lançamento, porque as informações que costumam vazar na internet indicando mudanças em relação ao original podem destruir um projeto todo. Vide o nosso José Padilha que tem sido bombardeado pelos amantes de Robocop por mudar a cor da armadura do policial do futuro e ter criado carros e motos que não são futuristas como deveriam ser.

Ash em 1981

Para você que não conhece vai uma pequena explicação sobre A Morte do Demônio. O original de 1981 foi uma criação amalucada de uns moleques apaixonados por cinema. Cada um tinha pouco menos de 20 anos quando se envolveu no projeto. Sam Raimi dirigiu, Bruce Campbell produziu e estrelou o filme. E foi um sucesso. A razão? Uma mistura escrachada de sangue, tripas e outras nojeiras com situações inusitadas, frases de efeito e um herói com cara de assustado. Ao mesmo tempo que enojava divertia. Nascia ali o gênero "terrir".


Ash wants you
O filme gerou duas sequências e Raimi se entregou ao cinemão comandando entre outros a trilogia do Homem-Aranha com Tobey Maguire. Em 2009 ele voltou àquilo que foi a sua origem, ao gênero que o alçoou ao lançar o ótimo Arraste-me Para o Inferno.

Campbell e Raimi em 1981

Fede Alvarez é novo, tem pouco menos de 35 anos de idade, tinha apenas 3 quando A Morte do Demônio original foi lançado. O diretor uruguaio dirigiu alguns curtas metragens antes de ser cogitado para assumir a cadeira do remake de A Morte do Demônio. El Cojonudo (2005) e Ataque de Pánico (2009) ambos disponíveis para assistir abaixo, elevaram o nome de Fede a outra patamar.



E foi assim. Uma noite ele estava sentado em caso finalizando uma de suas criações, na outra estava ao lado de Sam Raimi e Bruce Campbell discutindo um roteiro de 30 milhões de dólares, aquele que viria ser o remake do clássico da dupla Raimi-Campbell de 1981.

Bruce-Ash-Campbell de vermelho e Fede no lançamento do remake

A escolha se mostrou certa. Mesmo entre os mais ferrenhos fãs da série é difícil encontrar aqueles que não se empolgam a ver esse remake. A questão aqui não é copiar o original, revivê-lo em cada corte (como Gus Van Sant fez em 1998 com Psicose de Hitchcock), e sim homenageá-lo e Fede fez isso à altura.

Fede remontando um clássico

O roteiro escrito por Fede Rodriguez e Rodo Sayaguez e revisado por Diablo Cody (que escreveu Juno) gira em torno de 5 amigos (David, Eric, Mia, Olivia e Natalie, suas iniciais formam juntas "DEMON") que chegam a uma cabana no meio da floresta tentando fazer com que a viciada Mia seja curada da sua dependência das drogas.

Os amigos chegando a cabana

Em um rápido flashback inicial vemos uma menina aprisionada no porão da cabana e em ritual de magia negra, ela se mostra possuída pelo demônio e acaba queimada em um toco de madeira. Há um livro, "Book of the Dead", que possui umas palavras num idioma antigo que são recitadas no momento do sacrifício.

Book of the Dead

Voltamos ao tempos atuais. Mesma cabana. Curiosos sempre se dão mal em filmes de terror. Um dos caras acha o tal livro e começa a lê-lo, em alguns momentos em voz alta. Naquele momento ele "libera" algo. E surge a primeira "Sam-o-cam", invenção de Raimi e usada no original de 1981. A câmera desliza pela floresta em alta velocidade com um rangido e atinge a cabana. É o mal chegando, o demônio a atingir o grupo, um por um.

Sam-o-cam

Numa tentativa de fugir de lá, Mia corre pela floresta e se enrosca em uma complicada rede de cipós e galhos secos. Sua roupa é rasgada e ela acaba estuprada pelos galhos recebendo em seu corpo o demônio. Um vômito negro é expelido, a primeira nojeira de A Morte do Demônio.

No arbusto seco o primeiro contato

Ao voltar pra cabana, Mia se tranca no quarto. Seu irmão vai conversar e ela sussurra, assustadoramente, que precisa sair dali. A iluminação e o seu olhar assustam, talvez o único momento de medo do filme (pelo menos para mim). Todos encaram aquilo como mais um devaneio de uma menina que só quer voltar a se drogar. Pouco a pouco eles iam perceber que ali tinha algo de errado.

Tem algo de errado nesta cabana

A noite ela se transforma no tal demônio na frente de todos, a voz cavernosa diz que dali nenhum irá sobreviver. Mia é jogada e acorrentada no porão. Vez por outra ela aparece e continua a provocar e assustar os seus amigos.

Mia, possuída, presa no porão

Enfim, não dá para contar cena por cena. O que dá para dizer é que daí tudo só piora, o demônio entra no corpo de cada um deles, um por vez. Tem até uma homenagem a mãozinha de Ash (o herói do original) quando uma menina é obrigada a cerrar se próprio braço.

Faca elétrica para cortar o braço

O livro diz que uma das saídas para se livrar do demônio é desmembrar o corpo do possuído. Aí já viu... é um festival de sangue, bile, líquidos estranhos, gosmas, vômitos e tudo o que há de mais nojento. Nos cinemas alguns se contorcem e quem já conhece a série remonta a um atitude muito comum quando se assiste o clássico original: rir, rir muito!

Prepare o estômago

Ao todo mais de 70 mil galões de sangue falso são usados neste remake, são mais de 265 mil litros de sangue falso! 90% dele usado só na cena final. Que aliás é belíssima. Mia é a única sobrevivente e se defende do demônio sedento por sua alma. Ela foge e acaba pegando uma moto serra e a enfia bem no meio da cabeça do demônio, um plongé da câmera mostra a cabeça sendo cortada ao meio enquanto chove sangue por todos os lados. É realmente muito "bonito".  

O embate final

Mais uma coisa. AQUI NÃO TEM CGI!!! Ok, um pouquinho só aqui e ali. Fede exigiu que a maioria das cenas fosse feita inteira em estúdio e de forma "real", o que se vê aconteceu "mesmo" durante a gravação. É só mais um detalhe que mostra o quão preocupado o diretor estava por se envolver em um remake e por querer fazê-lo de forma fiel. Ele queria fazer jus à clássica história e acredite, se saiu muito bem. Uma homenagem de primeiro nível.

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