quinta-feira, 20 de junho de 2013


FAROESTE CABOCLO (2013) - Primeiro de tudo tenho que separar as coisas por aqui. Gostando ou não de Legião Urbana é inegável que a banda de Brasília é das mais importantes da história do rock nacional. Do seu gênero musical é a que mais vendeu disco no país, mais 20 milhões desde 1982 quando foi formada. Os fãs são fervorosos, assim como o são os anti-Legião que também são muitos, e Faroeste Caboclo é uma das suas músicas prediletas. Era questão de tempo para a história, um verdadeiro roteiro, chegar ao cinema.

Notícias Populares lançou um caderno especial no dia do lançamento do filme

René Sampaio é diretor novato, tinha apenas feito um curta-metragem em 2000, quando seguindo um sonho pessoal (que era o mesmo de inúmeros outros fãs de Legião e da música) resolveu ir atrás dos direitos do filme. Descobriu que eles já eram de outro grupo, mas que eles não fariam o filme. O contrato que prendia os direitos da música expiraram naquele mês e René, rapidamente, adquiriu para si os direitos e começou a trabalhar para colocar seu sonho em realidade.

Ísis Valverde e o diretor René Sampaio

O roteiro do filme não segue ipsis litteris a letra de Renato Russo e talvez um dos grandes méritos do filme seja mesmo esse - ele tem personalidade e essas pequenas mudanças não afetam o todo da história ou alteram a característica básica dos personagens principais. Não tenha medo! João de Santo Cristo continua sem "medo de polícia, capitão ou traficante, playboy ou general"; Jeremias continua "um maconheiro sem vergonha organizando a rockonha"; e Maria Lúcia ainda é "uma menina linda que teve o coração do seu amado prometido pra ela."

Juntos, esses três fazem a força de Faroeste Caboclo

Fabrício Boliveira vive um João com uma força e um ódio latentes que o acompanham desde criança, revelados em pequenos flashbacks no começo do filme. A força de seu personagem está no olhar. Fabrício com sua impressionante criação de João de Santo Cristo lembra a força que Leandro Firmino mostrou em 2002 com seu Zé Pequeno de Cidade de Deus

O olhar de Boliveira, a força de João de Santo Cristo

Felipe Abib vive Jeremias, seu grande rival. Ele é o cara da propaganda "vai que..." do Bradesco e lá ele está muito engraçado. Aqui Abib mostra toda a sua versatilidade. Um grande personagem amarrado de forma criativa por Abib, que mesmo com menos tempo de tela do que João cria um Jeremias igualmente forte e respeitado. Ninguém duvida que Jeremias é um "filha da puta, sem vergonha."   

Jeremias, muito mais do que "maconheiro e sem vergonha"

O problema na minha opinião fica na criação de Maria Lúcia. Ela é vital para a trama, tudo gira em torno dela mas sua personagem no longa é fraca. Não pela atuação de Ísis Valverde mas pelas próprias motivações de Maria Lúcia que não se mostram críveis o suficiente. Faltou ao meu ver, um pouco mais de estrutura para a personagem que daria mais sustentação às suas escolhas futuras - sem isso a forma como Maria Lúcia se entrega a João e logo depois a Jeremias, mesmo que com a intenção de salvar João, ficam meio perdidas.

Ísis encanta, mas seu personagem fica no quase

Mas isso não estraga o longa não! Faroeste Caboclo é ótimo! As participações especiais de Antônio Calloni como um corrupto policial que facilita o tráfico comandado por Jeremias, Marcos Paulo como um senador, pai de Maria Lúcia, e o ator uruguaio César Troncoso que também está muito bem como Pablo, "primo" de João e que lhe dá a famosa Winchester 22.

Pablo e João carregando a Winchester 22

Vale a pena e agrada tanto a fãs da música ou não. Se você quiser assistir ao filme mas não for fã da música ou da banda, tenha certeza, vai assistir a um ótimo filme. A história é envolvente e muito forte, independente do gosto musical. E dá filme.

A Brasília dos anos 80 serve de pano de fundo para a trama

Veja abaixo o trailer de Faroeste Caboclo:


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